11 de setembro de 2013

Estrela Distante

Estrela Distante
Estrella Distante. Roberto Bolaño. Trad.: Bernardo Ajzenberg. São Paulo, Mediafashion, 2012, 144 páginas, 21 cm. [Coleção Folha: Literatura Ibero-americana – v.14]

Sinopse:
George Steiner, crítico que Roberto Bolaño admirava, propôs como emblema da imbricação entre cultura e barbárie a imagem do funcionário nazista que, durante o dia, trabalha num campo de extermínio e, à noite, recolhe-se aos seus aposentos para ler Goethe ou escutar Bach. Bolaño, que sabia que o nazismo, embora derrotado em 1945, talvez jamais desaparecesse do mundo, publicou em 1996 um livro no qual transpunha da Europa a seu continente natal a constatação de Steiner: A literatura nazista na América era o seu título. No último capítulo, resumia, em poucas páginas, a história do infame Ramírez Hoffman, poeta de vanguarda e torturador a serviço do governo de Pinochet. Na novela Estrela distante, do mesmo ano, retomou, com fôlego mais amplo, a figura de Hoffman, que então se chama Carlos Wieder – em alemão, "outra vez": modo de nomear a persistência do nazismo como eterno retorno ou compulsão à repetição, "mal absoluto" (isto é, recorrente, perpétuo, infernal) sempre a nos ameaçar.
Alberto Ruiz-Tagle é um jovem poeta esquivo e sedutor que frequenta, nos primeiros anos da década de 1970, as oficinas literárias da Universidade de Concepción, no Chile. Com o golpe militar que se abate sobre o país em 1973, ele some de circulação, como praticamente todos os participantes das oficinas. Logo após o golpe, surge espetacularmente nos céus do Chile um audacioso aviador, Carlos Wieder, que escreve no ar versículos bíblicos e estranhos poemas. O narrador de Estrela distante, ele próprio um poeta iniciante, demora pouco para perceber que Ruiz-Tagle e Wieder são a mesma pessoa.
Intrigado pelas múltiplas facetas desse estranho personagem, o narrador tenta seguir seu rastro e acaba por descobrir ao longo dos anos, e em vários países, sinais do envolvimento do poeta-aviador com os mais sórdidos aspectos da ditadura militar chilena.
Com sua habitual mistura de documento, ensaio, memórias pessoais e ficção, Roberto Bolaño faz deste pequeno romance um retrato subjetivo da sua própria geração, que tinha em torno de vinte anos quando ocorreu a derrubada do governo Salvador Allende e a implantação de uma das mais sangrentas ditaduras militares do continente. Uma geração ceifada ou traumatizada pela tortura, pelo exílio ou pela morte precoce.


Ponderação:
Ficção chilena de Roberto Bolaño (1953-2003).
Não gostei. Talvez se tivesse lido em espanhol, poderia ter apreciado melhor.
É um texto bizarro com pano de fundo a política do Regime de Pinochet. Pelo menos, é o entendimento. Obra de humor negro, narrando a história política chilena de maneira mórbida e, em alguns momentos, cômica.

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