29 de novembro de 2013

O Ateneu


O Ateneu
Raul Pompéia (1863-1895). Edições de Ouro. 217 páginas.

Sinopse / Ponderação:
Obra prima do autor, um misto de romance e memórias (o próprio Pompéia esteve em um internato), O Ateneu é, antes de mais nada, um retrato do drama da solidão. Poderíamos afirmar, que foi o primeiro romance de nossa literatura na abordagem de psicologia da adolescência, mas que não vem ao caso. Narrado na primeira pessoa, a história do estudante em choque com o mundo da escola, em que ingressa aos onze anos. Longe da família. O narrador diz que é uma crônica de saudades, mas no passado que evoca tão peculiarmente, misturando alegrias e tristezas, entusiasmo e decepções e, sobrenadando a todos os sucessos, há um resíduo incomportável de náusea, tédio e indignação. Sérgio é um revoltado e, em sua narrativa, o que predomina são os sentimentos de reação contra a rotina escolar (aprendizado para a vida futura, sem essa rotina jamais seremos disciplinados na nossa vida profissional.) e as convenções protocolares ou burocráticas (burrocráticas) que a revestem de um aparato refalsado. Mas não é só isso a vida dentro do internato, o contato diuturno com os colegas tão diferentes entre si, as discórdias e brigas em que se empenha, as cenas desrespeitosas ou brutais que presencia ou em que participa involuntariamente, tudo isso lhe revela aspectos subterrâneos e torpes da psicologia ou da conduta humana que o atordoam, espicaçando-lhe o ânimo na luta, até fazê-lo refugiar-se em si mesmo, irritadamente como uma pequena fera acuada por seus perseguidores. Dominam o romance, um efeito de rancor e sátira, dirigidos para quase todos os lados, principalmente contra o diretor do internato.




26 de novembro de 2013

O Guardião de Memórias

O Guardião de Memórias
Kim Edwards. Trad. Vera Ribeiro. Rio de Janeiro. 2007. 361 páginas.

Sinopse:
O Guardião de Memórias é uma fascinante história sobre vidas paralelas, famílias separadas pelo destino, segredos do passado e o infinito poder do amor verdadeiro. Inverno de 1964. Uma violenta tempestade de neve obriga o Dr. David Henry a fazer o parto de seus filhos gêmeos. O menino, primeiro a nascer, é perfeitamente saudável, mas o médico logo reconhece na menina sinais da síndrome de Down. Guiado por um impulso irrefreável e por dolorosas lembranças do passado, Dr. Henry toma uma decisão que mudará para sempre a vida de todos e o assombrará até a morte: ele pede que sua enfermeira, Caroline, entregue a criança para adoção e diz à esposa que a menina não sobreviveu. Tocada pela fragilidade do bebê, Caroline decide sair da cidade e criar Phoebe como sua própria filha. E Norah, a mãe, jamais consegue se recuperar do imenso vazio causado pela ausência da menina. A partir daí, uma intrincada trama de segredos, mentiras e traições se desenrola, abrindo feridas que nem o tempo será capaz de curar. A força deste livro não está apenas em sua construção bem amarrada ou no realismo de seus personagens, mas, principalmente, na sua capacidade de envolver o leitor da primeira à última página. Com uma trama tensa e cheia de surpresas, O Guardião de Memórias vai emocionar e mostrar o profundo - e às vezes irreversível - poder de nossas escolhas.


Ponderação:
A Capa nos dá uma ideia da busca de nossas lembranças, coisas boas vividas através do calor humano. Mas, encontra-se um bebê cianótico, comiseração, sicômoro. Preconceito ou vergonha do que foi seu passado, de Dr. Henry. Medo ou não encarar uma falha genética. Mentir e Guardar segredo não o salvou do mundo. Mentir e Guardar segredo matou o amor entre duas pessoas. Mentir e Guardar segredo matou o relacionamento entre pessoas, mas salvou a solidariedade.



Rua Cuba

Rua Cuba: O crime perfeito?
Anélio Barreto. 1990. 134 páginas.

Sinopse:
"Deslocando-se para o lado direito e atirando, o assassino desequilibrou-se, possivelmente tropeçando na quina da cama, e caiu no cão, entre a cama e a parede. Ali, do chão, ele deu seu quarto tiro. Este entrou pela parte posterior da cabeça e a atravessou - uma parte do chumbo alojou-se entre a pele e o osso do crânio, na testa. Outra parte rompeu a pele, jogando sangue para cima e tomando a direção da parede oposta, aquela em que fica a varanda. Maria Cecília morria, e o assassino deixou a suíte."

Ponderação:
Quando em 05 de agosto de 2013, veio a público a chacina da Família Pesseghini, trouxe-me a memória um outro crime, acontecido no final dos anos 1980. Crime não solucionado. O Crime prescreveu, não há prova do que aconteceu. Tenho alguns recortes da época, mas nada é elucidado. Há mais dois livros sobre o tema e a investigação, de seus autores, continua sendo especulativa . Nada foi acrescentado de novo...



Aracelli, Meu Amor

Aracelli, Meu Amor
José Louzeiro. São Paulo. Círculo do Livro. 225 páginas.

Sinopse:
Era uma vez uma menina chamada Aracelli. Tinha nove anos incompletos, cabelos negros, olhos negros. O pai a chamava de "Princesa", a mãe cuidava de suas roupas, os sapatos estavam sempre bem engraxados, a pasta lustrosa, livros e cadernos encapados.
Aracelli ia e voltava da escola por imensa rua sem asfalto ou calçamento, mas ladeada de arbustos floridos. Um dia não voltou. Quando localizaram o corpo num matagal, com as chagas da crueldade, o pai teve dificuldade em reconhecê-lo. Passados meses, o policial Homero Dias, que cuidava do caso, é transferido dessas atividades. Agora perseguiria o criminoso "Boca Negra", na Ilha do Príncipe.
Correndo atrás de delinquente, tombou morto com disparos pelas costas. O "acidente" seria o principio de interminável comédia de erros e desmandos. "Boca Negra" é preso. Sofre o primeiro atentado na prisão, o segundo, acaba morto com 47 facadas. Silenciou a voz que acusava um outro policial como matador de Homero.
O ex-vereador Clério Falcão candidata-se a deputado pelo MDB. Promete um escândalo sobre a chacina de Aracelli, cumpre a promessa. O perito Asdrubal Cabral de Lima vai além dos limites tolerados pela corrupção, passa a enfrentar processos e ameaças de morte.

Ponderação:
Sequestro e assassinato de Aracelli, em 1973, Vitória do Espírito Santo. O caso não teve uma definição e os culpados!!!???... Hoje, pesquisando se houve novas informações sobre o caso, permanece a sensação que verifiquei das pequenas entrevistas e comentários, da época, da possível culpa de dona Lola e, o mais irracional de todos, o cão, da menina, o único certo. Os culpados não foram punidos e o crime já prescreveu.



Diário da Morte

Diário da Morte. A tragédia do Cessna 140
Milton Terra Verdi, 235 páginas. Autores Reunidos. Org. Walter Dias.

Sinopse:
A queda do avião Cessna 140 entre Corumbá e Santa Cruz de la Sierra, por falta de gasolina, em mata fechada, é a descrição do dia-a-dia de duas pessoas, seu sofrimento e a morte dos mesmos. A dramática espera de um socorro que só chegou muito tarde, as esperanças frustradas pelo ronco de motores de aviões longínquos, a inabalável fé em Deus por uma salvação que não veio.

Ponderação:
Bem, não sei como esse livro veio parar em casa. Também, não lembro o motivo da leitura, mas "A tragédia do Cessna-140", possui um enfoque dramático da eterna burocracia, brasileira e latino-americana. Na cidade de Fernandópolis, Estado de São Paulo, há um logradouro público que leva seu nome. Verdi e o cunhado, Antônio Augusto Gonçalves, tiveram que fazer um pouso forçado do Cessna 140 em que viajavam no meio da selva boliviana, entre Corumbá e Santa Cruz de La Sierra por falta de combustível. O registro começa no dia do pouso forçado, em 29 de agosto de 1960. De acordo com o relato de Milton, seu cunhado morreu de inanição mais de uma semana depois. Verdi esperava por um socorro que nunca chegou a tempo. Foram 70 dias de angústia, tendo que conviver com a decomposição do corpo de Antônio. Só podia contar com a água da chuva que vinha de vez em quando. Foram feitas tentativas de se embrenhar na mata fechada, porém em vão. Com fome e sede constantes e mesmo assim ainda conseguia escrever usando mapas e documentos para se manter lúcido. À medida que o tempo ia passando e o socorro não chegava, a solidão e o desespero tomavam conta.



23 de novembro de 2013

O Céu está em Todo Lugar

O Céu está em Todo Lugar – “Eu deveria estar luto, não me apaixonando...”
The Sky is everywhere. Jandy Nelson. Trad. Marsely De Marco Martins Dantas. Ribeirão Preto. Novo Conceito, 2011. 423 páginas.

Sinopse:
Este é um livro de estréia vibrante, profundamente romântico e imperdível. Lennie Walker, de dezessete anos de idade, gasta seu tempo de forma segura e feliz às sombras de sua irmã mais velha, Bailey. Mas quando Bailey morre abruptamente, Lennie é catapultada para o centro do palco de sua própria vida - e, apesar de sua inexistente história com os meninos, inesperadamente se encontra lutando para equilibrar dois. Toby era o namorado de Bailey, cujos sentimentos de tristeza Lennie também sente. Joe é o garoto novo da cidade, com um sorriso quase mágico. Um garoto a tira da tristeza, o outro se consola com ela. Mas os dois não podem colidir sem que o mundo de Lennie exploda...

Ponderação
A capa azul com nebulosas representa a tranqüilidade, a paz interior. Galhos secos retorcidos, a ausência de vida, mas também a promessa de vida. Uma folha vermelha imitando um coração, a vida continua a pulsar e vale a pena vivê-la.
Lennie Walker, obcecada por “O Morro dos Ventos Uivantes” acreditava ter uma existência feliz até a morte bater a sua porta. Ela aprende a ver o mundo com olhos da tristeza e só dela, mas a vida continua e o mundo não para. Ela aprende que ela precisa acordar e olhar a sua própria como, também, precisa ser solidária e ver que os demais possuem tristezas, alegrias, magoas, fraquezas. Bem, o céu está em todo lugar...



O Preço de Ser Diferente

O Preço de ser diferente
Mônica de Castro. São Paulo. Vida e Consciência. 2004. 354 páginas.

Sinopse:
Romero, um rapaz muito sensível, que apreciava poesias, é violentado por um desconhecido... Seu pai, Silas, muito preconceituoso, o proíbe de contar seu drama a outras pessoas. Romero conhece Mozart e surge uma grande amizade... A sociedade, criando um modelo de normalidade, criou uma guerra antropológica com a natureza humana. 
Cada um de nós é único e quem resolve seguir o modelo, contra sua vontade, ilude-se, bloqueando a expressão de sua alma, criando insegurança, doença, desilusão e sofrimento. Quem assume sua verdade e age de acordo com os valores da Vida, mesmo enfrentando o preconceito e pagando o Preço de Ser Diferente, passa credibilidade, obtém respeito e se realiza. Nesta obra o leitor vai perceber que fraternidade é o resultado da capacidade de apreciar as diferenças.

Ponderação
O título e a capa foram objetos de minha curiosidade, quando adquiri esse livro. Durante a leitura, acabei por decepcionar-me, nada contra ao tema central, mas imaginava outro valor em ser diferente, pois mesmo com abertura sobre o tema, o preconceito continua...



22 de novembro de 2013

John Fitzgerald Kennedy

Kennedy (1917-1963)
Maria Lucia T. Werneck. São Paulo. Ed. Três. 1973. 250 páginas. Biblioteca de História – Grandes Personagens de Todos os Tempos. Vol. 2.

Kennedy
Marta Randall. São Paulo. Nova Cultural. 1988. 83 páginas. Coleção “Os Grandes Líderes”.

Sinopse válida aos dois livros:
John Fitzgerald Kennedy (Brookline, Massachusetts, 1917 — Dallas, 1963) foi um político estadunidense e o 35° presidente de seu país (1961–1963). Em 1946, foi eleito pelo Partido Democrata como deputado federal pelo estado de Massachusetts. Reeleito em 1948 e 1950. Em 1952, ganhou de Henry Cabot Lodge Jr., do Partido Republicano, a vaga de seu estado no Senado Federal. Kennedy casou-se em 12 de setembro de 1953 com Jacqueline Bouvier. No início de 1960, Kennedy declarou-se candidato democrata às eleições presidenciais daquele ano. Vencedor. Foi o primeiro presidente dos Estados Unidos nascido no século XX.

Ponderação
Diz uma máxima que circula entre os historiadores: - se conhecêssemos bem a história, ela não se repetiria. Deste ponto de vista, acredita-se tenha algo de razão. Digo isso, por dar-me conta de há 50 anos, o mundo perdia duas personalidades vibrantes. Dois líderes, cada uma a sua maneira, agiram de forma ecumênica ao lidar com as questões sociais, econômicas e políticas. Amantes da Paz. Pouco de falou de João XXIII, talvez as baterias estejam sendo recarregadas para abril de 2014.
“Quando não é preciso, não se deve mudar” – frase de John Bunyan, muito utilizada por John Kennedy. A frase em questão possui uma equivalente, aqui no Brasil, é atribuída ao Zagalo: - “Não se mexe em time que está vencendo”, nos últimos 30 anos, tenho assistido o inverso. Com a desculpa de que é necessário Mudar. Quem tem competência não muda só por mudar. Aperfeiçoa o que já existe, incorporando as novas tecnologias, progredindo.
O momento é de overdose informativa, análise e mais informações na tentativa de esclarecer. Centenas de livros, artigos, filmes relatam o que foi o ‘assassinato do século XX’. Há teoria de Conspiração! – Cresci ouvindo isso. Tem os prós e os contras. Interessante é quando lemos um livro de história, enquanto somos alunos, não prestamos a atenção nas entrelinhas. Os dois foram publicados em 1973 e 1988, lidos novamente e com novo olhar. O primeiro foca na figura publica dos Kennedys e John F. Kennedy, igualmente um panorama do processo eleitoral norte-americano, como o momento histórico/econômico mundial onde se encontrava inserido a personalidade principal dos livros. O segundo, fazendo parte, também, de uma coleção, é resumido, contendo mais fotografias e valendo-se mais da fragilidade da saúde daquele que tornou o 35º Presidente dos EUA, sendo o Primeiro Católico: - “Se um presidente quebra seu juramento não só comete crime contra a Constituição, o que o Congresso pode e deve impedir, mas também um pecado contra Deus.”
Em verdade, tudo que temos hoje, e, até, um Presidente Negro nos EUA, deve-se as ideias e perseverança de John F. Kennedy – “Em princípios de 1959, alguém escreveu um artigo: “Será quebrado o encanto?” – mostrando que, desde 1840, de 20 em 20 anos o presidente eleito não deixava vivo a Casa Branca. Três haviam sido assassinados: Lincoln, Garfield e McKinley; os outros que haviam morrido no exercício do mandato tinham sido: Warren Harding, Willian Henry Harrison e Franklin Delano Roosevelt. Kennedy, que recebera uma cópia do artigo respondeu que jamais havia pensado nesse aspecto do folclore americano, mas, caso tivesse que levá-lo a sério, provavelmente o número 1600 da avenida Pennsylvania exibiria o cartaz “aluga-se” de 1960 a 1964. Quanto ao efeito que o ‘encanto’ pudesse ter em seus planos, escreveu: “Julgo que o futuro terá necessariamente de respondera isto por si mesmo – tanto no que se relaciona com minhas aspirações e meu destino, se tiver o privilégio de vir a ocupar a Casa Branca.” (página 210).
Sim! Ele quebrou o encanto! Há 50 anos todos os presidentes dos EUA saem vivos da Casa Branca após o término do mandato, exceto Richard Nixon (1913-1994) em meio ao escândalo do Watergate, à 09/08/1974.
O governador do Texas, John Connally (1917-1993) também levou um tiro, no total foram quatro tiros de acordo como diz o capítulo “Assassino isolado – ou Conspiração?" – às páginas 102-108 in Os Grandes Mistérios do Passado. A esse mistério o próprio Kennedy teria se posicionado com a seguinte frase: - “Se alguém resolver me matar, certamente vai me matar.” – poderia ele ter tido uma premonição?



18 de novembro de 2013

O Morro dos Ventos Uivantes

Não lembro da capa e do ano da edição
 que li. Mas sei que era uma edição
de bolso.

O Morro dos Ventos Uivantes
Emily Brontë. 

Sinopse:
Na fazenda chamada Morro dos Ventos Uivantes nasce uma paixão devastadora entre Heathcliff e Catherine, amigos de infância e cruelmente separados pelo destino. Mas a união do casal é mais forte do que qualquer tormenta: um amor proibido que deixará rastros de ira e vingança. "Meu amor por Heathcliff é como uma rocha eterna. Eu sou Heathcliff", diz a apaixonada Cathy. O único romance escrito por Emily Brontë e uma das histórias de amor mais surpreendentes de todos os tempos, O Morro dos Ventos Uivantes é um clássico da literatura inglesa e tornou-se o livro favorito de milhares de pessoas.

Ponderação
Quando li esse romance foi para aula de ‘Leitura/Literatura’ e tínhamos liberdade na escolha de títulos, da literatura mundial. Então, mamãe sugeriu esse livro, pois ela já havia lido, na época em que ela trabalhava. É bonito, para não exagerar – é maravilhoso. Quero, neste momento, transcrever uma análise, quizá não se tenha observado em nenhum momento <“Personagens que sempre admirei foram os sofridos Heathcliff e Catherine Earnshaw, em O Morro dos Ventos Uivantes. Criados juntos, viveram selvagens e livres até um dia se magoarem e se separarem. Quando Heathcliff retorna, sua amada estava casada. Eles prosseguem num relacionamento apaixonado e casto, desesperado e sem esperança, que mesmo a morte foi incapaz de interromper. É uma história trágica e bela, violenta ao extremo sem apresentar uma palavra rude ou cena de sexo. Pensar-se-ia que quem a escreveu deveria ter o espírito atormentado por um amor atravessado, não é mesmo? Quem escreveu O Morro dos Ventos Uivantes foi Emily Brontë, uma mulher solitária e sensível que morreu sem se casar.”>[i]

Citações em outras obras:
A título de curiosidade:
1 - Esse romance é a obsessão de Lennie Walker, personagem central em “O céu está em todo lugar” (The Sky is everywhere) de Jandy Nelson. 
2 - Mais uma obsessão literária: - Nina O'Kelly personagem de "Loucamente apaixonada na Livraria dos Corações Solitários" (Crazy in Love at the Lonely Hearts Bookshop) de Annie Darling.



[i] Eddie Van Feu. Os Laços que nos Atam. Rio de Janeiro. Editora Modus. Página 66.


16 de novembro de 2013

Crônicas Natalinas

Noite Feliz – Reflexões sobre o Natal
Silent Mind, Holy Mind. Thurten Thurten Yeshe. Trad. Humberto Arcanjo Britto Rodrigues. São Paulo, Pensamento. 1978. 102 páginas.

Sinopse:
A celebração do Natal atende a um anseio de paz e de expressão mais intensa de amor por parte dos homens. A essência do espírito do Natal interessa, portanto, não só aos cristãos, mas a todas as pessoas de boa-vontade. Além da natural curiosidade despertada pelo fato de um monge budista discorrer sobre um tema essencialmente cristão. E a proposta do tema, onde a meditação pode trazer benefícios que se podem auferir da celebração da festa do Natal.


Contos de Natal
Vilma Maria da Silva, org. Vários Autores. São Paulo. Landy Editora. 2006. 196 páginas.

Sinopse:
Esta coletânea reúne 13 contos de Natal de escritores do séc. XIX, de início do XX e contemporâneos. Além da inclusão dos contos de Lygia Fagundes Telles, Moacyr Scliar, Machado de Assis, Eça de Queirós, Lima Barreto, e outros inéditos, dois autores enriqueceram ainda mais a obra. São eles Simões Lopes Neto e Valdomiro Silveira, não só pela espontaneidade, graça e colorido da narrativa, mas pela linguagem regionalizada, que reflete a nossa diversidade cultural e lingüística. São histórias singulares. Algumas são irônicas, sensuais e anedóticas, outras narram milagres; outras recriam o ambiente histórico-bíblico de Jesus de Nazaré; outras transcendem tempo e espaço, transfiguram a figura humana e sugerem sua dimensão sagrada, fazem diluir tudo em mistério e não-saber; outras, cheias de graça e colorido, contam com espontaneidade histórias nostálgicas da gente do interior paulista e da gente gaúcha. E, aqui e ali, emerge sublime o permanente festejo natalino e humano.


Contos de Natal Celebris – O Natal da Solidariedade
Marcos Linhares, org. Varíos autores. São Paulo. Celebris.

Sinopse:
Contos de Natal reúne várias histórias reais contadas por escritores, esportistas, apresentadores, jornalistas, entre outras personalidades, que souberam tirar, de vários natais, belas lições que merecem ser compartilhadas.

- "Jesus foi exemplo de rebeldia, que ousadia, de coragem. E desse exemplo dele valho-me em horas de atribulações, quando alguns ramos da medicina, às vezes, parecem querer trilhar o caminho do alívio... Natal é época de constante reformulação de perguntas e resposta  da sagrada e doce rebeldia de um libertário chamado Jesus."

- "Jesus veio ao mundo para dar exemplo ao ser humano de que a pobreza, as desigualdades não são motivos para tristeza e descrença, que se deve encontrar alegria até nas situações mais difíceis."

- "A data natalina é um convite para refletir e uma oportunidade para recomeçar no amor, no trabalho, na história..."

Ponderação
Esse é um tema, que a cada ano, surge centenas de opções para refugiarmos na alegria, tristeza, solidariedade, solidão e, também, no desamor. Cada obra apresenta um enfoque, convenhamos, diferenciado da crença sócio-religiosa tradicional, como bem mostra o texto “O pato do lilico” de Caio Porfírio Carneiro, onde nada era diferente de um dia após o outro, da rude realidade vivida pelo sertanejo, preso a labuta diária da sobrevivência. A singeleza da dor profunda, pela não compreensão paterna. Seja lá como for, a luz é e será diferente em 25 de dezembro.



História da Arte para Crianças

História da Arte para Crianças
Lenita Miranda de Figueiredo. São Paulo. Pioneira. 1997. 126 páginas. Ilustrações de Marcus Sant’Anna.

Sinopse:
A história da arte - desde a idade da pedra até o período contemporâneo. A autora apresenta as escolas artísticas, os principais pintores, a época em que viveram e muito mais de forma leve e divertida...

Ponderação:
Ah! Como não gosto desta limitação classificatória de alguns textos literários e não literários. O mais gostoso no livro foi o tratamento narrativo dado ao tema. Tudo se passando no decurso de uma semana; a história de mais de 20 séculos sobre a Arte - pintura, escultura, um pouco da história e geografia. O casal, Emílio e Marta, é amante da arte, possuindo muitos livros, slides e réplicas de obras consagradas e está preparando seus sobrinhos, Marcelo e Daniela, que viajam para Europa e farão uma turnê pelos museus lá existentes. 
Quando se trata da Arte Romana, verifica-se um duelo de conhecimento entre Marta e Emílio. Por outro lado, é um texto que vai de encontro a uma orientação para quem deseja entrar no estudo da Arte ou, simplesmente, ter um conhecimento básico no reconhecimento de algumas obras, propriamente dito.

... É muito difícil, na verdade defini-la. A Arte pode ser sentida, compreendida, mas não definida. Entretanto, posso dizer em minha maneira de sentir e pensar que Arte é a expressão de uma ideia, de uma emoção, de um sentimento, através de imagens e símbolos. A Arte ensina a vida em toda a sua dimensão e é tudo o que nos encanta os olhos e nos sensibiliza o coração. Arte pode ser uma pintura, uma escultura, um desenho a bico de pena, uma sinfonia, um texto...
- Uma estátua de mármore - acrescentou Marcelo -, uma igreja...
- Já sei! - interrompeu Daniela. - Uma fotografia, um filme...
- Um cartaz, um "poster" - gritou tia Marta lá do corredor.
- Só falta o cachorro entrar na conversa - disse Daniela, olhando o cão de estimação da família que acabava de chegar e a quem o tio batizou carinhosamente de Michelangelo...(páginas 1 e 3).

O cartaz ou 'poster' mencionado por tia Marta, fez-me lembrar de uma discussão, em uma aula, sobre o que seria Arte ou Não, as capas de disco, na época, vinil. Hoje, percebo, que algumas daquelas capas transformaram em Arte e História. Haja visto, a capa do disco "Ninguém segura esse nariz" do artista Juca Chaves, em plena censura governamental.



12 de novembro de 2013

A Vida em Tons de Cinza

A Vida em tons de cinza
Between shades of gray. Ruta Sepetys. Trad. Fernanda Abreu. São Paulo. Arqueiro. 2011. 240 páginas.

Sinopse:
1941. A União Soviética anexa os países bálticos. Desde então, a história de horror vivida por aqueles povos raras vezes foi contada. Aos 15 anos, Lina Vilkas vê seu sonho de estudar artes e sua liberdade serem brutalmente ceifados. Filha de um professor universitário lituano, ela é deportada com a mãe e o irmão para um campo de trabalho forçado na Sibéria. Lá, passam fome, enfrentam doenças, são humilhados e violentados. Mas a família de Lina se mostra mais forte do que tudo isso. Sua mãe, que sabe falar russo, se revela uma grande líder, sempre demonstrando uma infinita compaixão por todos e conseguindo fazer com que as pessoas trabalhem em equipe. No entanto, aquele ainda não seria seu destino final. Mais tarde, Lina e sua família, assim como muitas outras pessoas com quem estabeleceram laços estreitos, são mandadas, literalmente, para o fim do mundo: um lugar perdido no Círculo Polar Ártico, onde o frio é implacável, a noite dura 180 dias e o amor e a esperança talvez não sejam suficientes para mantê-los vivos. A vida em tons de cinza conta, a partir da visão de poucos personagens, a dura realidade enfrentada por milhões de pessoas durante o domínio de Stalin. Ruta Sepetys revela a história de um povo que foi anulado e que, por 50 anos, teve que se manter em silêncio, sob a ameaça de terríveis represálias.

Ponderação:
Esse livro, mesmo com suas falhas, tenta o resgate de uma História, para conhecimento do que foi a vida de muitos lituanos, como toda a região báltica. O texto Lina Vilkaite, publicado em 30/09/2012, no allagumauskas.blog.uol.com.br, desativado, em 2018, vale uma leitura.  E, mais, a trajetória de Lina é leitura obrigatória para os descendentes de lituanos espalhados pelo o mundo afora. A transcrição abaixo. Hoje, 01/10/2020.


Lina Vilkaite

Estou, aqui, sentada na tentativa de ordenar as idéias e juntar os elos comparativos e discordantes de uma história misteriosa saída da mente de um cordeiro com alma demoníaca. E, por isso, o 14 de junho é festejado como o Dia do Luto na Lituânia e nas comunidades lituanas e seus descendentes espalhados pelo mundo. Se todos sabemos mais de Hitler e menos de Stalin é porque há uma diferença – Revanche, Os judeus foram a revanche, os lituanos não.
Assisti ao vídeo de apresentação,[1] de Ruta Sepetys, mas ela pareceu-me estranha no quesito explicar os fatos. As pessoas que foram privadas da liberdade como dos povos bálticos não gostam de falar, por medo de retornarem a viver, novamente, dor e sofrimento. Também, li os cinqüenta e oito comentários/resenhas[2], a maioria ficou na abordagem de Lina e sua perca na realização de seus sonhos, liberdade e Stalin.
Faz duas semanas, que estou tentando escrever este texto. Porque tem falhas na forma de contar e recontar uma história perdida, escondida na memória de alguns ou, talvez, enterrado em algum lugar.
A tradução cometeu alguns enganos, não há nenhuma “nota do tradutor”[3] explicando por exemplo NKVD ou Gulags[4]. Estamos falando de história com peculiaridades definidas e não somente aos lituanos e seus filhos, netos e bisnetos. Ruta e/ou tradutor estava contando e recontando fatos para um Universo bem maior. Já que é retratada parte da história de um povo báltico. Os nomes lituanos não são grifados da maneira ocidental, obedecem a regras diferenciadas da nossa. Só como exemplo, pois há uma infinidade de regras e regrinhas, vejamos:
Lina Vilkas, lá funciona assim: Kostas Vilkas (pai – homem), Jonas (irmão – homem), Elena Vilkiene (mãe – mulher casada), Lina Vilkaite (filha – mulher solteira)[5]. Mais informação não encontrei no final do livro, alusão a adoção ocidentalizada dos nomes e pedi auxilio a Adilson Puodziunas (Membro ativo da Comunidade Lituana de São Paulo, em Vila Zelina).
O terror espalhado por Stalin não só esta no caminho dos povos bálticos, mais em auxilio a Franco (Espanha) durante a Guerra Civil. O capítulo 6 de “O ano da Leitura Mágica”, Nina Sankovitch relata o pânico de sua avó paterna deve ter sentido e, se poupado, do brutal assassinato de três de seus tios pelos soviéticos.
Ao terminar de ler, deu para perceber o pavor de muito de nossos avós, tios, bisavós sentiram em terras do continente americano com, de leve, a possibilidade de deportação para a então URSS e ir aos gulags e Sibéria.
Careca, que primeiro entregou a família de Lina ao NKVD paga pelo seu erro. Nikolai Kritzsky e Dr. Samadurov são exemplos, do lado russo, de humanidade, mesmo arriscando suas próprias vidas. Num universo de, aproximadamente, cinqüenta personagens, temos a dimensão do estrago feito a um povo.
Nos vários flashes backs, há um, onde Lina faz referência a uma citação de Edvard Munch e sua pintura – “Do meu corpo apodrecido brotarão flores e estarei nelas e é isso a eternidade.” - A pintura do pintor fez com que Lina observasse o ‘cinza’. É o mesmo que revela a visão da capa – a planta é a esperança crescendo em meio ao horror no frio e na neve.
A esperança foi o combustível do povo que sobreviveu, provando o surgimento do amor e solidariedade até, mesmo, nos dias cinza, mesmo quando tudo estava contra.
Poderia ter mais algumas páginas, descrevendo acontecimentos entre 1942 e 1954, o momento do reencontro de Lina e Andrius, o destino de Jonas e Janina.


[1] SEPETYS, Ruta. A vida em tons de cinza. Trad. Fernanda Abreu. São Paulo, Arqueiro. 2011. 240 páginas.
[2] www.skoob.com.br- site de relacionamento de amantes da leitura.
[3] Como tradutora (sou Bacharel em Letras: Habilitação – Tradução em Espanhol-Português) colocaria todas as notas fossem necessárias.
[4] NKVD – Comissariado do Povo para assuntos internos, Ministério do Interior. Gulags – Sigla em russo para Administração Central das prisões e campos de trabalho {Pág. 49 – “Os grandes mistérios do Passado” in: Raul Wallenberg: desaparecido.; 1996, Seleções do Reader’s Digest, Rio de Janeiro}
[5] Desde tempos imemoráveis os lituanos fazem a variação do sufixo do sobrenome das mulheres para identificar três situações: a família a que ela pertence (aqui no exemplo, Vilkas); se ela é solteira, o sobrenome sofre a variação para Vilkaite; se ela é casada, então é Vilkiene. Pois a terminação a identifica como sendo esposa de um homem pertencente a uma família de sobrenome Vilkas. Esse costume é ligado à lei lituana que rege essas variações de sobrenome, valendo dizer que além de ser um antigo costume, como disse, essas terminações são também legais e jurídicas. Fora o que foi dito acima, não há outra opção de variação de sobrenome para mulher. A título de curiosidade em algum momento que já não mais me recordo, li nos jornais interativos da Lituânia o desejo de alguém em uniformizar essas terminações para uma única, isto é, a mulher ter a mesma terminação do sobrenome de sua família (ou de solteira ou de casada). Mas a intenção não foi adiante e permanece como expliquei acima. {consulta a Adilson Puodziunas}


10 de novembro de 2013

Crônica de uma morte anunciada

Crônica de uma morte anunciada
Gabriel Garcia Márquez. Trad. Remy Gorga Filho. Rio de Janeiro. Record. 1981. 177 páginas.

Sinopse:
«No dia em que o matariam, Santiago Nasar levantou-se às 5h30m da manhã». Fatalidade, destino, o absurdo da existência humana. O que explica a tragédia que se abateu sobre o protagonista de Crônica de uma Morte Anunciada? Neste romance curto de construção perfeita.

Ponderação:
Esse é um dos poucos livros que li e ao final, não compreendi absolutamente coisa nenhuma. Hoje, procuro uma edição no original, isto é, em espanhol, para realizar uma nova leitura e tentar esclarecer pequenos pontos obscuros. Na verdade, com o desenvolvimento de meu aprendizado literário e outros temas, credito o não meu entendimento da obra à questão da editoração, não é muito comum, pessoas não habilitadas cortarem textos, sem o mero cuidado. Há, possibilidade de ter havido censura, na época da edição de  1981, textos eram censurados. Portanto, cortados. Também, problemas com a tradução, quem a realizou, talvez desconhecesse alguns termos, só em espanhol tem coerência linguística. Poderia enumerar centenas de outras possibilidades, mas só depois de ler o romance no idioma original, quem sabe, poderei  fazer uma análise mais concreta.


9 de novembro de 2013

O Diário Roubado

O Diário Roubado
Régine Deforges. São Paulo. Klick. 1998. 113 páginas. Coleção Super Títulos/Estadão.

Sinopse:
Em O Diário Roubado, Régine Deforges narra, em uma linguagem delicada, o desabrochar dos sentimentos e da sexualidade entre adolescentes. O cenário é uma cidadezinha do interior da França. Léone ama Mélie, sua amiga do colégio; mas também gosta de Jean-Claude, mas a situação fica difícil quando alguém rouba seu diário.
A autora consegue transmitir nessa história os intensos conflitos vividos pelos personagens, suas famílias e a própria sociedade.

Ponderação
Léone foi considerada culpada e punida, porque fora educada e ensinada a amar a Liberdade. Entende-se por Liberdade tudo o que é desejo do ser humano. Mas não partilhava a liberdade com qualquer pessoa. Sim, ela compartilhada com o seu diário, que sua própria irmã proporcionou que fosse roubado. Todos na cidade atiram balas contra Léone, mas os verdadeiros ‘ladrões’ não foram punidos. Não houve punição a eles, porque eles desejavam ter a mesma Liberdade da garota. A Liberdade de cada um, dependendo do grau de entendimento intelectual da sociedade, pode tornar um crime imperdoável.



Ágape

Ágape
Padre Marcelo Rossi. São Paulo. Globo.  

Sinopse:
Em seu livro Ágape, com prefácio de Gabriel Chalita, o sacerdote católico tece suas reflexões sobre passagens do Evangelho de são João e convida o leitor a enveredar por inspiradas orações. Os dicionários definem a palavra "ágape" como a refeição promovida pelos primitivos cristãos a fim de celebrar o rito eucarístico. O rito confraternizava ricos e pobres em torno de ideais como amizade, caridade, amor. Em ÁGAPE, livro lançado pela Editora Globo, padre Marcelo Rossi retoma e amplia o sentido original do conceito: "Ágape é uma palavra de origem grega que significa o amor divino. O amor de Deus pelos seus filhos. E ainda o amor que as pessoas sentem umas pelas outras inspiradas nesse amor divino", assinala no texto de introdução do volume. Com sua abordagem de comunicação moderna, original e leve, padre Marcelo leva conforto espiritual e ensinamentos da Igreja Católica para milhões de brasileiros por meio de programas de rádio e TV. O estilo claro, direto e sereno que o transformou em fenômeno midiático está impregnado, agora, em ÁGAPE, obra literária em que o autor apresenta trechos selecionados do Evangelho de são João e os reinterpreta à luz do significado do amor divino no mundo contemporâneo. Madre Teresa de Calcutá e Zilda Arns são alguns exemplos evocados pelo sacerdote para ilustrar as manifestações do ágape, seja pela via da caridade, seja na forma do amor ao próximo, sem exigências nem cobranças. O amor ágape, salienta o autor, não é contemplativo nem se encerra no indivíduo, mas exige ação pessoal e ação interpessoal. Mais do que se apresentar como estudo teológico sobre os escritos narrados pelo apóstolo, o livro tem explícita intenção oracional. Nesse sentido, trata-se de um diálogo entre o autor, na condição de padre, e seus filhos em busca da boa palavra. Cada capítulo do volume se encerra com uma oração envolvendo os temas ali examinados pelo autor, como a convidar os leitores para um momento de introspecção e de acolhimento das mensagens de Jesus segundo são João. A escolha do Evangelho de são João entre tantas outras possibilidades dentro da Bíblia é justificada por padre Marcelo pela beleza da estrutura literária e pela impressionante delicadeza com que são descritos os momentos da vida de Jesus - como se o apóstolo não se contentasse em apenas narrar os fatos, mas quisesse nos trazer para dentro da situação descrita. Compartilhar a beleza das narrações do evangelista com os leitores é outro dos objetivos declarados do autor, que busca, com ÁGAPE, incentivar cada vez mais a leitura da Palavra de Deus. No prefácio escrito para a obra, Gabriel Chalita acrescenta: "O convite que padre Marcelo nos faz com este livro é exatamente este, que sejamos bons! Que a leitura de trechos da vida de Jesus nos ajude a compreender melhor esse Homem extraordinário que foi capaz de superar a lei e apresentar a razão da própria lei: a pessoa humana. Jesus surpreendeu e surpreende. Seu olhar apaixonante nos impulsiona a desacreditar de teses que nos apresentam um mundo mesquinho, materialista, egoico." 

Ponderação
Virou coqueluche, esse livro me lembra a música “Não chores por mim Argentina”, não suporto. Tudo bem, já mencionei que não sigo a moda literária e da imposição editorial comercial, esse foi-me um presente de aniversário. Opa! Livro duro de ler, arrastou que arrastou. Terminei a leitura, mas simplesmente não consegui entender o alcance da ideia do autor. Pareceu-me um pouco fora da realidade. Tudo bem, o autor fez o seu papel, divulgar a fé e o amor entre os seres humanos. 


5 de novembro de 2013

O Clube do Filme

O Clube do filme
David Gilmour. Trad. Luciano Trigo. Rio de Janeiro. Intrínseca. 2007. 240 páginas.

Sinopse:
Eram tempos difíceis para David Gilmour: sem trabalho fixo, com o dinheiro curto e o filho de 15 anos colecionando reprovações em todas as matérias do ensino médio. Diante da desorientação e da infelicidade desse filho-problema, o pai faz uma oferta fora dos padrões: o garoto poderia sair da escola - e ficar sem trabalhar e sem pagar aluguel - desde que assistisse semanalmente a três filmes escolhidos pelo pai. Com essa aposta diferente na recuperação e na formação de um rapaz que está "perdido", formaram o clube do filme. Semana a semana, lado a lado, pai e filho viam e discutiam o melhor (e, ocasionalmente, o pior) do cinema: de A Doce Vida (o clássico de Federico Fellini) a Instinto Selvagem (o thriller sensual estrelado por Sharon Stone); de Os Reis do Iê, Iê, Iê (hit cinematográfico da Beatlemania) a O Iluminado (interpretação primorosa de Jack Nicholson, dirigido por Stanley Kubrick); de O Poderoso Chefão (um dos integrantes das listas de "melhores filmes de todos os tempos") a Amores Expressos (cult romântico e contemporâneo do chinês Wong Kar-Way).
Essas sessões os mantinham em constante diálogo - sobre mulheres, música, dor de cotovelo, trabalho, drogas, amor, amizade -, e abriam as portas para o universo interior do adolescente, num momento em que os pais geralmente as encontram fechadas. 
David Gilmour, crítico de cinema e escritor premiado, oferece uma percepção singular sobre filmes, roteiros, diretores e atores inesquecíveis ao relatar essa vivência com olho clínico e muita sinceridade. O autor emociona ao colocar os leitores diante da descoberta da vida adulta pelos olhos de um jovem e dos dilemas da adolescência administrados por um pai muito presente. Nas palavras de Gilmour: "É um exemplo do que o cinema é capaz, de como os filmes podem vencer suas defesas e realmente atingir seu coração."

Ponderação
Esperava mais a respeito dos filmes, porém deixei meus apontamentos, lá em 22 de abril de 2012 - Clube do Filme , neste é só para livros...

Ponderação II: em 25/09/2020
A ponderação, acima, de certa maneira está equivocada. Transcrevo o texto original publicado no dia 22 de abril de 2012, no  allagumauskas.blog.uol.com.br, desativado em 2018.

Clube do filme
Tenho duas paixões: livros e filmes! Livros levam-me à música e a filme. Filmes, algumas vezes, levam-me ao livro e a música fica martelando no meu cérebro. Nada melhor que um sábado chuvoso e frio em pleno verão para ler de cabo a rabo um livro. E, para completar, com um pouco de febre e gripe.
Verdade seja dita, uma raridade, eu conseguir ler um livro, único, de um fôlego só, porque leio de três a cinco simultaneamente. Passando pelo corredor dos livros no supermercado, deparei com “O Clube do Filme”, comprei dois e um dei de presente a uma amiga, também leitora e amante de filmes.
Bem, David Gilmour, canadense, crítico de cinema (equivalente ao nosso Luciano Ramos e Rubens Edwald Filho) faz uma viagem no tempo e conta-nos a respeito de seu relacionamento com seu filho, Jesse, adolescente com problemas de aprendizado escolar. Ele faz uma proposta ao filho, arriscada e sem futuro.
O garoto aceita e os dois, pai e filho, embarcam numa viagem excitante, sem regras e horários. Só, somente, assistir filmes. Nesta fascinante viagem, David e Jesse, aprendem como solucionar e viver problemas e crise na e da vida através dos filmes. E, nós, leitores, saímos ganhando com informações sobre filmes, seus diretores e atores.
A visão de David sobre os filmes assemelhar-se ao que “os livros são enriquecedores e essenciais, onde a literatura pode ajudar-nos a dar sentido ao cotidiano, pode permitir o encontro de nosso lugar no mundo, (arriscaria, entretanto, afirmar que pode ajudar-nos a encontrar nossa alma) e poderá nos capacitar a visualizar com maior profundidade a estrutura de nossos sentimentos e percepções ao reconhecer as experiências das personagens do romance, tal identificação ajuda a conhecermos a nós mesmos.” [i]
Não entrarei no mérito da convivência de pai, filho e o mundo. E, sim, na memória viva dos filmes que assisti, não no cinema pois a idade não permitia, mas na televisão (meus pais sempre foram democráticos e liberais) e, hoje, em DVd e dos que assisti no cinema, não citado por David Gilmour.
A filmografia apresentada, no final do livro, soma quatro páginas. Citarei aqueles os quais assisti com as minhas visões ‘comparativas’ não necessariamente iguais.
Assim Caminha a Humanidade” – filme longo demais e um tanto chato. David focou James Dean. Eu, a interpretação de Elizabeth Taylor e Rock Hudson; quando há a cena do casamento da personagem da irmã de Liz Taylor, ela e Rock estavam tão concentrados, pois naquele exato momento, ambos estavam na maior ressaca, da bebedeira da noite anterior. (informação contida na autobiografia de Rock Hudson, pouco antes de sua morte, em 1985). A cena saiu perfeita.
Bebe de Rosemary” – Simplesmente não entendi até hoje, o tal enredo.
Bonequinha de Luxo” – Vale pela música de Henry Mancini, ‘Moon River’ e dos atores Audrey Hepburn e George Peppard. A interpretação da música tema por Audrey, sentada à janela que da para a escada de incêndio, é pura emoção. Recentemente, li o seguinte: “A cena em que jogo o gato na rua, debaixo da chuva “foi a que não gostei de ter feito”, segundo mencionou Audrey ao seu filho. Realmente, a cena é chocante.
Butch Cassidy” – A música empurrou o filmou, além das interpretações de Paul Newman e Robert Redford. Ainda, hoje, quando ouvimos os primeiros acordes da música, já sabemos a qual filme pertence, mesmo para quem não viveu a época do lançamento.
Cantando na Chuva” – Ah! Mesmo sem uma história convincente, o filme é muito gostoso de assistir. Deixa-nos leve ao término e realmente, saímos dançando na chuva.
Casablanca” – Filme chato. Vale pelas interpretações de Humphrey Bogart e Ingrid Bergman, o eterno triangulo amoroso em jogo permanente entre o amor e a virtude e a mal fadada 2ª Guerra Mundial, a resistência francesa frente aos nazistas.
Cidadão Kane” – Todo e qualquer manual de interpretação e direção, oficina de roteiro, lá vão falando do tal filme. Sei mais do que tivesse assistido.
O Exorcista” – No lançamento do filme, ainda não tinha idade para entrar no cinema, mas o meu tio mais velho assistiu. Comentário dele: “eu dei risada em quase todas as cenas”. Quando, cursava o meu primeiro ano do segundo grau, uma colega conseguiu burlar os lanteninhas do cinema e assistir o filme. Ela disse: “precisei ir dormir no quarto de meus pais, de tão apavorada que fiquei”. Bom, não assisti ao filme, em nenhum momento, mas tive o prazer de ler o livro. Considerei sem graça, dispensável.
A Felicidade não se compra” – A interpretação de James Stewart vale por toda a comédia. Mesmo realizado em 1946, continua atual, porque os puros de coração e alma, sempre serão recompensados apesar do mal que tentam fazer contra eles.
O Grande Gatsby” – Baseado no romance homônimo de F. Scott Fitzgerald, conta a história de Gatsby durante o verão de 1922. A vida despreocupada de uma sociedade ociosa entre as duas guerras mundiais. Vale pela presença de Robert Redford.
Interlúdio” – Clássico do cinema de suspense com direção de Alfred Hitchcock, com o galã de então, Cary Grant.
Os Pássaros” – Com direção de Hitchcock, depois de várias vezes, tê-lo assistido, ainda, continuo sem entender esse filme. Quando foi ao ar pela televisão, aqui, no Brasil, havia censura federal. Ok! Mas, mesmo depois nos anos 80 e 90, o filme continua incompreensível. Escrevendo, agora, minha memória está indo a um pequeno artigo que eu lera, quando o cinema completou 100 anos, de que “Os Pássaros” teria sofrido corte da censura de Hollywood. Bem, tá legal! Sofre um corte lá e outro aqui, não dá como entender mesmo.
A Princesa e o Plebeu” – Meus pais falaram tanto deste filme, eles assistiram no cinema, enquanto ainda eram namorados, que imaginei todo um conto de fada. Sim! É um conto de fada, mas diferente, em uma Roma diferente de hoje. Audrey Hepburn é a Princesa Ann, totalmente entediada pelo rígido protocolo, resolve se divertir anonimamente em Roma. Ah! Sim, lá 1953, uma princesa podia ficar anônima, o mundo não era globalizado. Gregory Peck é Joe Bradley, repórter em busca do ‘furo’ de reportagem que o deixaria rico. O destino os une. Apaixonam-se. Mas, ela precisa retornar aos afazeres diplomáticos e protocolares. Ele desiste do ‘furo’. Assistindo-o, lá no final, quando Joe Bradley perde a possibilidade de ficar milionário, dando uma senhora e sábia aula de jornalismo, fico me perguntando se meus pais já estariam visualizando o futuro, “sendo pais de uma jornalista”.
Psicose” – Oh Oh Oh... Filme de Hitchcock, uma vez só e olhe lá. Não é a toa que Janet Lee ficou bastante tempo com medo de tomar banho de chuveiro.
Quanto mais quente melhor” – Tony Curtis e Jack Lemmon possuem credenciais para animar qualquer parada em meio a uma banda só de garotas. O resto é o resto, nem Marilyn Monroe consegue segurar o elenco.
Quem tem medo de Vírgina Woof?” – Richard Burton, Elizabeth Taylor são mestres na interpretação, mas para um filme onde é retratada uma noite entre ‘mestres e intelectuais deixa muito a desejar.
Os Reis do Iê, Iê, Iê” – Visão musicada da fama e seus complementos: cobiça alheia em todos os sentidos.
Tootsie” – Dustin Hoffman está magnífico neste filme, ele deve ter se inspirado em Tony Curtis ou em Jack Lemmon, o desespero de Michael Dorsey/Dorothy Michaels perto de Julie. Depois deste, só “Vitor ou Vitória” e “Uma Babá quase Perfeita”. Esses filmes mostram-nos que somos capazes de autocontrole, quando precisamos do salário estomago.
A Volta ao mundo em 80 dias” – Baseado na obra homônima de Júlio Verme, o filme contou com elenco famoso da época. David Niven astro principal, só alguns para ficar na curiosidade: Shirley MacLaine, Peter Lorre, Marlene Dietrich, Charles Boyer, John Carradine, Frank Sinatra, e o mexicano Cantinflas, é dele que guardo as melhores cenas do filme.
007 Contra o Satânico dr. No” – Filme que lança Sean Connery ao estrelado, mas concentra toda a espionagem, envolvendo a cena mundial da época, a não tão ou mais famosa “guerra fria”.
Espero, que eu tenha deixado pelo menos um Curioso.

Hasta pronto...



[i] HITCHINGS, Henry. Saber de Libros sin leer, página 14, Planeta. Barcelona, España.


Os Métodos de Leitura

Os Métodos de Leitura
Lionel Bellenger. Rio de Janeiro. Zahar Editores. 1979. 106 páginas.

Sinopse / Ponderação:
‘Os Métodos de Leitura’, o autor começa por indagar o nosso comportamento, enquanto leitor; como praticamos a leitura? E como aprendemos a ler? O leitor poderá ser aquilo que ele quer ser?
Antes do século passado, a leitura era elitista. Quem sabia ler, às vezes, lia textos em voz alta para quem não sabia. A leitura era para pouquíssimos. Com o desenvolvimento da imprensa de Gutemberg, o livro toma feições quem vem sendo até nossos dias.
A leitura consiste no nervo vivo da informação, do aprendizado, tudo em nossa vida passa, obrigatoriamente, pelo atalho da leitura. Neste sentido ela é uma prática social.
Uma análise dividida, 05 e 12 de agosto de 2012, Ler Melhor e Ler Melhor II, já que o livro apresenta, também, o didático sobre leitura.



4 de novembro de 2013

Admirável Mundo Novo

Não lembro, exatamente, se essa é a
Capa da edição pela qual realizei a leitura.
Já faz mais de 30 anos.
Admirável Mundo Novo
Aldous Huxley. Rio de Janeiro. Ediouro. 1976. 246 páginas. 

Sinopse:
Ano 634 d.F. (depois de Ford). O Estado científico totalitário zela por todos. Nascidos de proveta, os seres humanos (pré-condicionados) têm comportamentos (pré-estabelecidos) e ocupam lugares (pré-determinados) na sociedade: os alfa no topo da pirâmide, os ípsilons na base. A droga soma é universalmente distribuída em doses convenientes para os usuários. Família, monogamia, privacidade e pensamento criativo constituem crime. Os conceitos de "pai" e "mãe" são meramente históricos. Relacionamentos emocionais intensos ou prolongados são proibidos e considerados anormais. A promiscuidade é moralmente obrigatória e a higiene, um valor supremo. Não existe paixão nem religião. Mas Bernard Marx tem uma infelicidade doentia: acalentando um desejo não natural por solidão, não vendo mais graça nos prazeres infinitos da promiscuidade compulsória, Bernard quer se libertar. Uma visita a um dos poucos remanescentes da Reserva Selvagem, onde a vida antiga, imperfeita, subsiste, pode ser um caminho para curá-lo. Extraordinariamente profético, "Admirável mundo novo" é um dos livros mais influentes do século 20.

Ponderação
O livro apresenta 'Uma Antevisão de um futuro em que o domínio científico produziu uma sociedade totalitária completamente desumanizada.' Tema que tem a ver a partir da publicação e divulgação da clonagem, em 1998. Ficção ou Romance ou Realidade do Século XXI... Onde há uns poucos Inteligentes (Comando das Idolatrias Minoritárias), Inteligentes ou ‘Experts’ na arte da enganação. Os realmente inteligentes são deixados em jaula, pois eles ousam ‘pensar’ e isto é um risco para a sociedade. E quem pensa possui um coração para atrair coisas boas e um cérebro para raciocinar sobre o que bom ou ruim. Aí, quando coração e cérebro entram em ação, a situação muda de figura. 



3 de novembro de 2013

Vestido de Noiva

Vestido de noiva
Nelson Rodrigues (1912-1980). Rio de Janeiro. Mediafashion. 2008. 88 páginas. Coleção Folhas: Grandes Escritores Brasileiros.

Sinopse:
Pela mente de Alaíde, vítima de atropelamento, passam flashes de seu relacionamento com o marido, da disputa com a irmã, de seus desejos inconfessáveis, tudo de forma desencontrada, misturando realidade, lembrança e alucinação. 

Ponderação
Ahahahahahah! Quem foi que disse que é a obra prima de Nelson? No cinema e na televisão é possível ser a Alaíde a mesma e única atriz. E no teatro? Já que Alaíde aparece em 90% das cenas.



Mas será o Benedito?

Mas será o Benedito?
Dicionário de provérbios, expressões e ditos populares. 
Mario Prata. São Paulo. Globo. 1996. 2ª edição. 175 páginas 

Sinopse
Mas será o Benedito? Dicionário de provérbios, expressões e ditos populares; Inventando histórias improváveis, criando mentiras deslavadas e especulando a linguagem popular, o dramaturgo e escritor Mario Prata nos encanta com as origens de 419 provérbios, expressões e ditos populares brasileiros. Com muito humor, faz uma análise bem própria, sem nenhuma pretensão acadêmica, das possíveis origens de cada um deles, utilizando toda a sua criatividade. O resultado final são explicações hilárias. 

Ponderação:
Mario Prata é um dos meus prediletos autores brasileiros, sempre admirei seus textos. Bem, esse livro foi lido, saboreando cada verbete, recordando e descobrindo expressões usadas por nós, nossos amigos e parentes. Aqui, descobri o significado de uma expressão muito usada por meu avô materno. Essa expressão imaginávamos que ele tivesse inventado, pois ele sempre a usava para criticar atitudes de um tio-avô, irmão de minha avó materna. Nós considerávamos como ciúmes de cunhados, mas não era bem assim. A expressão existe: - caga regra = cagar regras, à página 38. Então fica o dito pelo não dito, e terminou a explanação... 



2 de novembro de 2013

Ciranda de Pedra

Ciranda de Pedra
Lygia Fagundes Telles. Rio de Janeiro. José Olympio. 1981. 11ª edição. 150 páginas.

Sinopse:
Quando um casal de classe média se separa, a caçula, Virgínia, é a única das três filhas que vai morar com a mãe. É do ponto de vista dessa menina deslocada e solitária que se narram os dramas ocultos sob a superfície polida da família. Loucura, traição e morte são as forças perversas que animam esse singular romance de formação, que já na época de seu lançamento, em 1954, chamou a atenção para o talento e a originalidade da literatura de Lygia Fagundes Telles. "Ciranda de Pedra" mantém-se há mais de meio século como um dos livros mais amados da autora. 

Ponderação
Está-me sendo um pouco difícil não fazer comparações com outros tipos de adaptações e outras opiniões. Porque tal questão, ao criar “Ventana de Lectura” era só discorrer sobre livros/libros, nada mais. Já mencionado, tenho um defeito, não gosto de adaptações de obras literárias, sempre prefiro o livro.
Ciranda de Pedra – não foge a regra, nas duas vezes, 1981 e 2008, quando foram novelas das 18 horas, na Rede Globo, mesmo sem seguir na integra, deu para sentir o distanciamento da obra original. Também, percebo algumas análises com os olhos do século XXI. Bem, acredito, que ao estudar uma obra, deva-se transpor para o momento da história (quando escrita), muito embora, seja um texto com valores universais: relacionamentos humanos e familiares, amizade, moral, preconceito, aceitação, sentir-se deslocado.
“... Sabe, Virgínia, vejo Laura como aquele espelho despedaçado: a gente pode ir lá no fundo e colar os cacos, mas tudo então que ele vier a refletir, o céu, as árvores, as pessoas, tudo. Tudo estará como ele próprio, partido em mil pedaços.”... Daniel divagando uma explicação sobre Laura, mãe de Virgínia. Preparando-a, de certa maneira, para compreender as dificuldades vindouras em sua vida. 
Talvez, por força da pouca pesquisa científica, na época, arrisco a dizer: a doença de Laura – Loucura/Demência – nos dias atuais, seria Depressão. Como havia toda uma convicção social/tradicional ditando que as pessoas só eram realizadas e felizes através da instituição do casamento, em qualquer classe social. O segredo imperava, daí algo se quebrava, jogando todos na triste e amarga ciranda da vida.
Virgínia, ao confrontar que é fruto do amor e do desamor, quebra o círculo de relação familiar e humano, onde buscava ser aceita. Ao perceber essa dualidade amorosa estará pronta para viver feliz. Porque – “Nascemos todos os dias quando nasce o sol.” “Começa hoje mesmo a vida que te resta.”


O Quinze

O Quinze
Raquel de Queiroz (1910-2003). Rio de Janeiro. José Olympio. 1971. 138 páginas.

Sinopse:
Esta obra discorre sobre a grande seca de 1915, de que Rachel tanto ouviu falar. Ceição convence Mãe Nácia a partir. Vicente quer ficar, salvar o gado. Dona Maroca manda soltar o gado. Chico Bento vende as reses e parte com a família. Chegará à Amazônia? Não consegue as passagens e vai indo a pé. Um retirante em meio à seca. A fome e o cangaço. Este é um drama da terra. 

Ponderação
Não é nenhuma Festa de 15 anos. Lembro-me até hoje de procurar entender a narrativa de Raquel de Queiroz. Não sei, até o memento, em que escrevo essas linhas de alguém ter me dito do que se tratava. Mais tarde, isso é, já na faculdade, em alguma aula sobre literatura, o tema central da história fora dito. Aí, eu mesma, descobri que a personagem central de um texto pode ser algo abstrato e, sem sentido, aos olhos de quem está lendo. Em ‘O Quinze’, a personagem central é a Seca de 1915.