29 de dezembro de 2018

Nada

Nada
Nada. Carmen Laforet (1921 - 2004). Trad. Rubia Prates Goldoni. Rio de Janeiro. TAG / Alfaguara. 2018. 279 páginas. [Prefácio de Vargas Llosa]

Sinopse:
Andrea é uma jovem solitária que, depois da Guerra Civil Espanhola, muda-se para Barcelona para morar na casa da avó e cursar a faculdade de Letras. Ela chega à cidade cheia de expectativas, mas a realidade a assusta logo no primeiro dia, ao ter contato com a família. Na faculdade, ela tem poucos conhecidos e vive num clima de falsas aparências, em que as pessoas escondem suas verdadeiras intenções. Em meio a escândalos e intrigas, Andrea terá de aprender a viver e, quem sabe, encontrar a felicidade.

Ponderação:
O sentimento de inadequação e o desamparo sempre. Barcelona após a Guerra Civil Espanhola (1936-1939), também, importante notar, embora a  Espanha tenha ficado neutra, o mundo estava em guerra, temos uma parcela na contribuição dos ânimos dos personagens.  
Andrea chega para morar na casa de sua avó e tinha grandes recordações de um ambiente agradável, para poder estudar Letras. Lá vê tudo mudado e transformado. Tudo em declínio, quer psicológico, financeiro e, até, moral. Há momentos, em que não sabemos definir se Andrea e Román são principais ou não, no confronto do desenrolar da história. No fim, percebe-se que a amizade é um tema muito importante.

Andrea  - Se apresenta como uma pessoa complexada, sempre se comparando com os seus colegas de sala que eram ricos, de fachada. Mesmo na rua, ela se sentia inferior se deparar com outras pessoas. Egoísta.
Román - A raposa vestida de gente. Manipulador. Possui especial prazer em provocar a discórdia na família. Extremamente narcisista. Era tão ruim que todos saíram ganhando com sua morte.
Angústias - A mais de uma hipócrita. A mais dúbia entre todos os  personagens.
Juán -  Pessoa, totalmente, desequilibrada. Aceita tudo de Román, porém gosta de bancar o durão e se vale de violência contra a esposa. 
Glória - Casada com Juán. É descrita pela sua beleza, não é muito inteligente, Uma das poucas pessoas sensatas na casa.
Menino - Filho do casal Glória e Juán. Com certeza será um adulto problemático, com os pais que tem.
Antonia - Empregada da casa. Mais parece a dona da casa, já que ninguém ousa entrar na cozinha,  quando a mesma se encontra. Adora rir da desgraça alheia. Apaixonada por Román.
Trueno - O cão da 'família'
Avó - Uma senhora que adora ver o bom das pessoas.
Ena - Amiga rica e sincera.
Pons - Representa a mesquinhez.


21 de dezembro de 2018

Vitória

Vitória
Joseph Conrad (1857 - 1924). Trad. Hilton Lima. Porto Alegre. TAG / Dublinense. 2016. 400 páginas. [Posfácio de John Gray]

Sinopse:
Joseph Conrad é um escritor singular na língua inglesa. O estilo único é resultado de sua formação poliglota e multicultural: Conrad nasceu na Polônia, foi educado em polonês e em francês, além de ter estudado latim, mas escolheu o inglês para escrever, idioma que só foi aprender aos vinte e um anos. Isso lhe confere um manejo incomum da língua, pois sua prosa evidencia a cadência latina. Suas frases ondulantes criam um ritmo nunca antes visto, selvagem e – ainda assim – sofisticado.
Vitória foi finalizado em maio de 1914, mas publicado apenas no ano seguinte, já em meio à Primeira Guerra Mundial. O livro traz temas recorrentes na obra de Conrad, como a solidão, a inconformidade com o mundo, o conflito entre o mal e a esperança. Seu protagonista, Axel Heyst, instala-se em uma ilha no sul asiático, em total isolamento, após um fracasso comercial que não abala sua aceitação resignada do destino. Mas a aparição de uma jovem musicista desperta nele um instinto de proteção que o levara a uma crise de identidade, e mais tarde, ao enfrentamento de grandes perigos.

Ponderação:
Psicologia. Convicções. Críticas sempre haverá. Distanciamento do meio social. A meditação profunda é a grande inimiga da perfeição e, talvez, um hábito pernicioso. Ciência X Magia. Ganância. Riqueza. Pobreza. Colonização. Exploração. Isolamento. Portugueses e sua eterna burocracia. Quando uma inverdade é disseminada, rancor através da falta de conhecimento dos fatos cometidos pela ação corajosa de uma branda atitude de boa fé, convence até um anjo, Schromberg e seu coração. O diálogo entre o Sr. Jones e Heyst é um embate surreal tamanha é sua veracidade. No fundo, a Vitória é para Lena, em sua serenidade e perpétua preocupação com o bem estar de seu salvador.