26 de julho de 2018

As Últimas Testemunhas

As últimas testemunhas
Svetlana Aleksiévitch. Trad. do russo: Cecília Rosas. São Paulo. TAG/Cia das Letras. 1ª ed. 2018. 317 páginas.

Sinopse:
A 22 de junho de 1941, a Alemanha nazi invade a União Soviética, quebrando o pacto de não-agressão celebrado entre as duas nações e dando início ao que ficaria conhecido do lado russo como a Grande Guerra Patriótica.
No final do conflito, em 1945, tinham morrido cerca de três milhões de crianças e, só na Bielorrússia, vinte e sete mil viviam em orfanatos.
Os relatos destes órfãos foram recolhidos, passados mais de quarenta anos, por Svetlana Alexievich.
O resultado é uma visão única da guerra, testemunhada pelas crianças e não por soldados, políticos ou historiadores — os narradores mais sinceros e, simultaneamente, mais injustiçados.
Uma obra importante, composta por relatos impressionantes, profundamente comovedores e autênticos, em que o conflito e a tragédia se transformam em acontecimento pessoal, em fascinante e pungente memorial vivo de guerra.

Ponderação:
Os chamados relatos de guerra são de difícil enquadramento de padrão específico. Não é romance de não ficção ou seria ficção? Não é produto textual jornalístico ou seria?  Seja lá, são só relatos, juntados todos eles, formam um painel do acontecido, portanto é História.
Os vários relatos deste livro, as descrições da violência exercida pelos alemães (Fascistas como os soviéticos se referiam aos Nazistas), remeteu-me a outras leituras e histórias (orais) de pessoas, as quais conheci ao longo da vida. Em tempo de guerra, nenhum lado é santo, igualmente é capeta.
A estranheza toca o ponto de que na região compreendida pela atual Bielorrússia, a URSS consiste no anjo salvador; o lado 'vitima', enquanto a própria URSS lançava horrores em outras localidades.



20 de julho de 2018

Stalker

Stalker
Bad Mommy. Tarryn Fisher. Trad. Elenice Barbosa de Araújo. Barueri. Faro Editorial. 2018. 1ª ed. 288 páginas.

Sinopse:
Deprimida após sofrer um aborto espontâneo, Fig Coxbury passa seu tempo em praças observando as crianças que poderiam ser a sua filha. Até que uma menininha brincando com a mãe desperta uma obsessão. Logo, Fig se vê mudando de casa e de bairro não por necessidade, mas porque a casa vizinha oferece tudo o que ela mais deseja: a filha, o marido e a vida que pertence a outra pessoa.

Ponderação:
O livro trata sobre pessoas com problemas psicológicos em maior ou menor grau. Então, temos uma psicopata perseguidora sem personalidade própria; um sociopata que trata mulheres igual lixo, isto é, como tratamos um suco para saciar a sede e a pessoa comum, politicamente correta e menos sensata possível. Também, há o homem invisível que se acomodou à situação toda, com possibilidade de adorar uma maratona de séries de TV ou se distrai com qualquer outra coisa, exceto com a vida real.


Stalker é uma palavra inglesa com significação para 'perseguidor'. Já Psicopata é que possui 'transtorno de personalidade ante social', onde manipula as pessoas sem sentir qualquer remorso. E Sociopata é o que sofre uma psicopatologia. 



14 de julho de 2018

Tempo de Migrar para o Norte

Tempo de Migrar para o Norte
Mawsim al-hijra ila al-shamal. Tayeb Salih (1929 - 2009). Trad. Safa Abou-Chahla Jubran. São Paulo. Planeta do Brasil/TAG. 2018. 2ª ed. 176 páginas.



Sinopse:

Neste romance conta-se a história das viagens e visões de Mustafa Said que se encontra dividido entre dois continentes. Mustafa Said é órfão de pai e quando jovem abandona a mãe e parte para Londres onde se destaca profissionalmente. Mas a visão dos britânicos sobre o continente africano e sua própria condição de expatriado são motivos que causam revolta e decepção em Mustafa.



Ponderação:
Na página 6, da presente edição, ainda no primeiro parágrafo, o autor menciona o vento que sopram as palmeiras. Imediatamente, viajei ao poema "Canção do Exílio" de Gonçalves Dias! A palmeira representa a saudade da terra natal. Aqui termina a similitude da coincidência de dois autores distantes de sua pátria. A narrativa é um contraponto existente na assimilação da cultura colonizada com a cultura local, qual deve prevalecer? Sensualismo pertinente na construção da história do passado com o presente. Uma dose alta de preconceito, mais por parte da personagem Said.


12 de julho de 2018

Se não houver amanhã

Se não houver Amanhã
If there's no tomorrow. Jennifer L. Armentrout. Trad. Monique D'Orazio. São Paulo. Universo de Livros. 2018. 384 páginas.

Sinopse:
Lena Wise está sempre ansiosa pelo dia seguinte, especialmente porque está começando o último ano da escola. Ela está decidida a passar o máximo de tempo possível com os amigos, completar as inscrições da faculdade e talvez informar seu melhor amigo de infância, Sebastian, sobre o que realmente sente por ele. Para Lena, o próximo ano vai ser épico — um ano de oportunidades e conveniências.
Até que uma escolha, um instante… destrói tudo.
Agora Lena não está ansiosa pelo dia seguinte. Não quando o tempo que dedica aos amigos pode nunca mais ser o mesmo. Não quando as inscrições para a faculdade podem ser qualquer coisa, menos viáveis. Não quando há o risco de Sebastian jamais perdoá-la pelo que aconteceu.
Pelo que ela permitiu que acontecesse.
À medida que sua culpa aumenta, Lena está ciente de que sua única esperança é superar o ocorrido. Mas como é possível seguir em frente quando a existência inteira, tanto dela quanto a de seus amigos, foi transformada?
Como seguir em frente quando o amanhã sequer é garantido?

Ponderação:
Luto, não é um verbo, neste livro, é como aceita-lo ou não. Normalmente somos obrigados a aceitar. Leva um tempo, mas a dor diminui com o tempo. Aqui, uma reflexão sobre o amanhã e as escolhas que fazemos sem enxergar as consequências de um ato. Culpa e resiliência andam juntas, lado a lado. E a importância de se ter amigos verdadeiros, que não desistam de nós. Lena é irritante. Ela é muito chegada à vontade alheia, não pensa na sua própria vontade. O vocativo "Ai, meu Deus!" foi estressante não só na fala de Lena como em outros personagens.


 

9 de julho de 2018

O Leopardo

O Leopardo
Il Gattopardo. Giuseppe Tomasi di Lampedusa (1896 - 1957). Trad. Maurício Santana Dias. São Paulo. Cia. das Letras/TAG. 2017. 1ª ed. 384 páginas.

Sinopse:
Itália, anos 1860, Risorgimento. Os fragmentados estados italianos estavam em um tormentoso processo de unificação, e o estabelecimento de uma nova ordem se mostrava cada vez mais pungente. Ambientado num universo intensamente melancólico e sensual e repleto de elementos de ironia e humor, O Leopardo acompanha a história de Dom Fabrizio Salina e de sua decadente família aristocrática siciliana - cujo brasão carrega inscrito o Leopardo que dá nome ao livro -, ameaçados pelas forças revolucionárias e democráticas durante os embates dessa transição. Nesse intrincado contexto, Salina precisa decidir como encarar as novas mudanças que se impõem tanto em sua vida pública como privada. Único romance do escritor italiano, O Leopardo foi recusado por duas editoras e só veio a ser publicado um ano depois da morte de Lampedusa, em 1958, quando ganhou atenção da crítica e transformou-se num cultuado best-seller na Itália. Esta edição tem tradução e posfácio de Maurício Santana Dias e inclui textos do apêndice de Gioacchino Lanza Tomasi.

Ponderação:
Há descrições arrebatadoras de desejo de vários tipos diferentes; a perseguição diária de uma lebre nos campos arcaicos e aromáticos, a imensa e avassaladora atração entre Tancredi e Angélica, que correm um atrás do outro por todo o palácio, sempre encontrando novos quartos onde suspirar e sonhar, pela razão de que eram dias em que o desejo estava sempre presente, porque era sempre satisfeito. Tudo em conjunto com as transformações revolucionárias e políticas que resultaria na formação da Itália atual.