29 de março de 2018

Só Garotos

Só Garotos
Just Kids. Patti Smith. Trad. Alexandre Barbosa de Souza. São Paulo. Cia. das Letras/TAG. 2018. 310 páginas.

Sinopse:
Antes de se tornar famosa, a cantora e poeta Patti Smith dividiu a cama, a comida e o sonho de ser artista com o fotógrafo Robert Mapplethorpe, a quem prometeu escrever esse livro, pouco antes que ele morresse.
Nesta autobiografia afetiva, cativante e nada convencional, Patti reúne fotos, bilhetes e histórias extraordinárias para narrar os anos de aprendizado do casal que atravessou altos e baixos na efervescente Nova York dos anos 1960 e 1970 e se tornou ícone de muitas gerações.

Ponderação:
Algumas questões sempre são emblemáticas... Dois seres e mais um grupo de seres que estavam ou, quem sabe, ainda estejam fora de seu tempo, muito além de seu tempo.

Leitor 1 - A história de amor, nada convencional, possibilitou-me uma viagem, perfeitamente, nas memórias da autora, por Nova Iorque dos anos 1960/1970, cheia de dificuldades, perigos, transgressão. Mas, por outro lado, cheia de alegrias, ousadia, liberdade, arte e beleza criativa. 

Leitor 2 - Uma história incrível e repleta de comprometimento ... com a vida, com o amor, com a amizade, com a arte. Retrato íntimo e honesto da relação Autora X Robert é cativante. A lealdade entre eles é comovente do início ao fim.

Leitor 3 - É, assim, gostoso e bizarro. Identifiquei-me um pouco com Patti, no tocante á bagunça, dar-nos uma sensação de liberdade no processo criativo.

Leitor 4 - O estilo de vida de um artista não tem nada a ver com a minha realidade, mas considerei muito rico poder vivenciar, em palavras, como era a busca por uma identidade artística.

Leitor 5 - Não gosto de biografias que trazem uma enorme quantidade de nomes que se referem a pessoas que não faço a menor ideia de  quem se tratam ou sejam.

Mediador - Parece-me que você não pretende pesquisar sobre essas pessoas citadas.

Leitor 5 - O que você quer dizer?

Mediador - Vamos fazer de conta que estejamos numa sala de aula! Poderá ser uma aula de História Contemporânea da Arte ou Aula de Leitura ou Jornalismo Cultural. Essa biografia permite uma infinidade  de possibilidades de estudo. 

Leitor 5 - Ah! Não sei não! 

Mediador - Se eu fosse professor de leitura, os alunos iriam gostar de trabalhar todos os níveis de entendimento da história. Principalmente, no referente ao campo musical. Além do mais, Biografia serve de estudo sociológico de um grupo de pessoas, para conhecermos como eram as suas vivências. Tente olhar uma Biografia como um estudo.

Leitor 5 - Ah! Prefiro ficção.

Mediador - Vou te emprestar uma biografia sobre Platão, você vai gostar, ele cita pessoas que você não sabe quem é, mesmo assim continuará com sua preferência?

Leitor 5 - Só você!

Todos deram uma boa risada da cena... Continuando...

Leitor 6 - História emocionante. Cativante, que nos desperta o valor de uma verdadeira amizade.

Leitor 7 - Narrativa que demonstra todo o afeto que nutriu por Robert, amigo/amante, e que não se perdeu pelo caminho, sem ressentimento, onde delineia a construção de um amor verdadeiro que perpassou pouco mais de 20 anos e o qual nós, comumente, chamamos de amizade, mas que aqui se mostra tão elevado que não podemos encontrar uma palavra com definição pela qual contemple a plenitude de relacionamento.

Leitor 8 - Livro fundamental para entender a história - dos anos 1960 e 1970, da arte, da música, da poesia, da literatura, da moda - um tratado pleno dos sentimentos e acontecimentos de uma geração, não focalizada pela mídia de então.

Leitor 9 - Quando a autora descreve o processo de criação da capa do álbum 'Horses' como sendo produto de arte, minha memória trouxe a lembrança da discussão, acalorada, envolvendo meu amigo José Carlos, cantor, e o pessoal  da sala de aula, dizendo ser a fotografia de capa de disco "ser obra de arte". Lendo, agora, não saberia definir se é ou não obra de arte. Nem saberia definir fotografia como arte.

Mediador - Uau! Chegamos ao final da reunião e vamos para um café...



28 de março de 2018

La Belle Sauvage: O Livro das Sombras

O Livro das Sombras: la Belle Sauvage
La Belle Sauvage. Philip Pullman. Trad. José Rubens Siqueira. Rio de Janeiro. Suma. 2017. 400 páginas. (Vol. 1, 1ª ed.)

Sinopse:
Phillip Pullman volta ao mundo da trilogia Fronteiras do Universo, para outra aventura eletrizante envolvendo daemons, aletiômetros, o Magisterium e, claro, o Pó. La Belle Sauvage é o primeiro volume de uma nova trilogia chamada O Livro da Sombras, e se passa dez anos antes dos acontecimentos de A Bússola de Ouro, se centrando em Lyra e Pantalaimon, ainda bebês. Apesar de ser uma história diferente, os fãs de Fronteiras do Universo vão reconhecer muito do mundo e dos personagens que povoam La Belle Sauvage. Enquanto o protagonista, Malcolm, se envolve em uma assustadora aventura para tentar salvar a pequena Lyra das garras do Magisterium, outros mistérios e vilões surgem para complementar a trama que já conhecemos tão bem.

Ponderação:
Não há elementos que sirva para emocionar. O espaço temporal é muito confuso, ora apresenta ligações diretas com o século XX, ora não há definição, levando a uma mescla da série 'Além da Imaginação'. Talvez o tradutor não tenha conseguido se apaixonar pelo texto original.



18 de março de 2018

Verano Del 86

Verano del 86
Paloma Corredor. No hay nombre de la Editorial. Impreso en USA. Enero de 2018. 173 páginas.

Sinopse:
Rafa e Cristina tienen 15 años y están pasando el mes de agosto con sus familias en un pueblo de la costa. Él está castigado por haber suspendido seis. Ella, resignada a compartir apartamento con su madre y su tía. Estamos em 1986 y aún no existe Internet. Mientras el padre de Rafa e la madre de Cristina se entienden sospechosamente  bien, ellos ssueñan con un futuro perfecto en Londres mientras buscan la manera de sobrevivir a esas vacaciones solitarias e interminables. Y aunque a Cristina le gustaría compartir las noches de verano con Rafa, él solo piensa en Laura, la chica de sus sueños. ¿Lograrán llegar a septiembre sin desesperarse?

Ponderação:
Há uma lei invisível! De quando há sol, todos correm a praia. Parece 'ser'  universal. Tocava todos a mim, que seria coisa exclusiva do Brasil.
Embora, não tem graça nenhuma alugar um apartamento na praia e passar os 30 dias de férias, - dormindo, comendo, na frente da televisão, dormindo, ...! Basicamente é isso que se passa com Rafa e Cristina. Os segredos familiares que vem a tona, quando a mãe de um vai exigir uma definição do pai do outro, pois são amantes em férias na mesma localidade. Encenam suas felicidades e infelicidades; alegrias e tristezas; segurança e insegurança; dúvidas e certezas, sanidades e insanidades uns aos outros, cara a cara sem nenhum pudor. O ritmo narrativo é ágil, possibilitando uma ou duas noites para a leitura.



O Trem dos órfãos


O Trem dos Órfãos
Orphan Train. Christina Baker Kline. Trad. Júlio de Andrade Filho. São Paulo. Planeta. 2014. 293 páginas no formato digital.

Sinopse:
Quando Vivian Daly, uma senhora de 91 anos, decide se livrar de seus pertences antigos ela acaba recebendo a ajuda de Molly, uma adolescente órfã e rebelde, que está disposta a prestar serviços para não acabar no reformatório. Revivendo cada momento marcante de sua história, Vivian conta para Molly sobre sua família irlandesa pobre que foi de barco para Nova York em busca de uma nova vida e acabou morta em um incêndio. Sendo a única sobrevivente, ela foi levada por um trem com outras centenas de crianças que teriam seu destino decidido pela sorte. Seriam elas adotadas por famílias gentis e amáveis, ou teriam de encarar uma infância e adolescência de servidão e trabalho pesado?

Ponderação:
A dura realidade das crianças órfãs nos é apresentada durante a década de 20 à 40, (em outros anos também e não mencionado) e nos anos 2000; sendo que sempre houve a questão da exploração dos menos favorecidos, porém há aqueles onde o não respeito pelo lado do adotado, que sempre joga na 'cara' o fato 'injusto' de que não é filho, filho é sempre o do coração neste caso. Na prática: inexistência da infância, carência afetiva, perda de identidade com a perda de lares consecutivos, trabalho escravo infantil, desprezo, medo e insegurança constante de perder o lar. Quando você recebe uma ajuda de custo para 'abrigar' um órfão, você não está fazendo o bem, estará fazendo uma barganha emocional, 'eu ajudo, em troca de um ganho material'. Deixa bem claro, através do desprezo, a ação sutil do preconceito racial.



17 de março de 2018

O Alforje

O Alforje
The Saddlebag. Bahiyyih Nakhjavani. Trad. Rubens Figueiredo. Porto Alegre. Dublinense. 336 páginas. 2017.

Sinopse:
Ao contrário do que se diz, o deserto é um território fértil. Ao menos para Bahiyyih Nakhjavani, que, a partir de uma trama complexa, faz convergir nas areias árabes um grupo de personagens que têm suas trajetórias costuradas por um misterioso alforje. Uma noiva que viaja para encontrar o futuro marido, um padre em peregrinação, um beduíno de alma livre e uma escrava falacha são alguns dos retratos que a autora pinta com maestria e profundidade. Ainda que tenham origens, crenças e desejos muito diferentes, todos os viajantes terão a vida transformada pelas escrituras sagradas.

Ponderação:
Com esse livro, completei uma aventura iniciada há 24 meses. No princípio considerei com facilidade um cronograma de leitura que abrangesse um  ritmo certo do meu agrado: Português e Espanhol. Somente, no meio da caminhada, uma pedra e várias atividades simultâneas, truncaram o propósito. Mas retornou-se a normalidade.
Uma aventura, as das letras, que não seria minha rota preferida. Novos leste e oeste, norte e sul foram desvendados; aromas agradáveis e desagradáveis, caminhos curtos e longos, seriedade e fantasia, amor e ódio, humanidade e desumanidade, razão e irracionalidade, história e atualidade. Há cinco que necessitam ser encerrados, pois o enredo faz com que pensamos além da conta.
¡Vale!

A estrutura narrativa poderia ser analisada como conto ou crônica. Por si só, cada um dos nove capítulos/episódios conta uma história, uma ação, uma verdade única. Todos estão no deserto. há um encontro fatal. Deles há 'sobreviventes' e os não. Amarrados entre si, uns aos outros. Através do fanatismo religioso, d o ideal de riqueza, a confiança e desconfiança, o medo e a coragem, liberdade e escravidão, a crença e descrença. Uma prova de que a diversidade faz parte do nosso mundo. A verdade não é absoluta.

A Título de Curiosidade:
Alforje = Palavra do árabe "al-burg", substantivo masculino. Duplo saco, fechado nas extremidades e aberto no meio. formando como que dois bornais, que se enchem equilibradamente, sendo a carga transportada no lombo de cavalgaduras ou ao ombro de pessoas. 
Eunuco = Do grego 'eunoúchos' e do latim 'eunuchu'. Substantivo masculino. Homem castrado que, no Oriente, era o guarda dos haréns. Em termos figurativos: homem impotente ou fraco. (Páginas 95 e 852 do livro no post de 29/12/2013)