28 de maio de 2021

Nêmesis

Nêmesis
Nemesis. Philip Roth (1933 - 2018). Trad. Jorio Dauster. Cia. das Letras. 2021. 200 páginas.

Sinopse:
Aos 23 anos, Eugene “Bucky” Cantor, professor de educação física e inspetor de pátio de uma escola judaica de Newark, vive uma vida pacata, porém é atormentado pelo fato de não poder lutar na guerra ao lado de seus contemporâneos, em razão de sua miopia fortíssima. Tudo muda num dia de verão de 1944, quando um grupo de adolescentes encrenqueiros de ascendência italiana aparece no colégio e cospe no chão, ameaçando a todos com uma doença terrível. Logo depois do incidente, vários alunos contraem poliomielite, para desespero do professor.
Esse é o ponto de partida de Nêmesis. Embora hoje seja muito raro alguém morrer de pólio, até o início da década de 1950 a doença era praticamente fatal. Implacável, chegou inclusive a vitimar o presidente americano Franklin D. Roosevelt, mas atingia sobretudo crianças. Quando não levavam à morte, os efeitos eram devastadores, entre eles a paralisia nos membros e a dificuldade extrema para respirar, a ponto de obrigar os pacientes a utilizarem os temidos pulmões de aço.
Conforme a enfermidade se espalha, Bucky Cantor começa a temer que tenha alguma culpa no contágio das crianças. Sofre ainda com o pavor de que ele próprio possa contrair a doença e ver uma vida atlética tão promissora terminar naquela “caixa da qual ninguém pode escapar, por mais forte que seja”. E, em especial, dedica horas e horas questionando-se por que Deus permitiu que a poliomielite existisse, sem nunca conseguir se conformar com as respostas. O que é que Ele estava tentando provar? Que precisamos ter aleijados na Terra?, pergunta. Tomado pelo sentimento de culpa, Cantor deixa Newark e vai atrás da namorada em uma colônia de férias nas montanhas Pocono, tentando escapar da pólio.

Ponderação:
A obra possui pontos a considerar e são parecidos com a nossa vivência na atualidade.
  • As representações que se faz da morte e do luto.
  • Luto antecipado.
  • Como as circunstâncias maiores do que nós, acabam por nos derrotar..
  • Incredulidade.
  • Contra Deus, o criador do vírus? Contra o homem, o criador do vírus? Eis uma questão emblemática.  No caso da Pólio houve uma solução tardia para os acometidos antes de 1960, porém há menos problemas neste campo?
  • O personagem principal é alimentado pela culpa. Se convenceu de que teve papel ativo na desgraça de sua comunidade. Será mesmo que cada um de nós tem esse papel perante a sociedade, a de espalhar um vírus? Acreditamos que não...


Charlotte

Charlotte
Charlotte. David Foenkinos. Trad. Maria Alice A. de Sampaio Doria. Rio de Janeiro. Bertrand Brasil. 2016. 240 páginas.

Sinopse:
Uma tragédia familiar pouco antes da Segunda Guerra Mundial marca a vida da pequena Charlotte, que já dava indícios da realizada artista que viria a se tornar. Obcecada pela arte e pela vida, a jovem, progressivamente excluída de todas as esferas sociais alemãs com a ascensão do nazismo, teve que abandonar tudo para se refugiar na França. Exilada, ela inicia uma obra pictural autobiográfica de uma modernidade fascinante. David Foenkinos coloca em suas próprias palavras um tributo original, apaixonado e vivo a Charlotte Salomon. Esse romance assombroso e redentor, pautado na vida da trágica figura real que lhe serve de protagonista, é o relato de uma busca. Da busca de um escritor obcecado por uma artista.

Ponderação:
As vezes sentimos que já lemos tudo o referente as maldades realizadas no período das guerras mundiais e outras teorias de liquidações de etnias. Cada vez que deparamos como uma nova estória ou seria história, vem a nossa mente o Diário de Anne Frank. Um teria que contar ao mundo o ocorrido. No presente, o autor buscou informações através da própria obra da semi biografada, Charlotte Salomon. Através de um discurso meio poético, como se estive conversando numa mesa de bar, repassa  a vida da pintora, tentando refazer o caminho por onde ela andou e viveu. Fez uma boa pesquisa e jogou alguma luz ao limites do imaginário...



10 de maio de 2021

100 anos de Fotografia pelas lentes da Folha

Imagem da página 16, Volume 9, "Imigrantes: em busca de um recomeço". Coleção 100 anos de Fotografia pelas lentes da Folha. A Foto é de 1981, mostra alguns membros da Comunidade de Lituanos de Vila Zelina, São Paulo, Capital.
Coleção 100 anos de Fotografia pelas lentes da Folha.
Naeif Haddad (org.). São Paulo. Folha de São Paulo. 2021. 430 páginas (divididas em 10 volumes de 43 cada). 

Sinopse / Ponderação:
Naeif assina o texto de apresentação de cada volume, mostrando em texto, o compacto histórico de cada volume temático, que com toda boa pesquisa iconográfica, acreditamos tenha sido de extrema dificuldade selecionar as mais significativas para compor a coleção.
Porque há um quê de bom olho jornalístico nestas fotografias e muito de história, mostrando as transformações de uma cidade; a evolução de um século. 
Na página de créditos há um agradecimento aos colegas fotógrafos da Folha de São Paulo, a frase final: - "Além de informações, essas fotos transmitem sentimentos." - Estamos de pleno acordo com ela, pois nos vem a memória relatos de pessoas que vivenciaram muito do que nos é mostrado nelas e, por nós vivenciados, em passado bem recente.

Volume 01 - São Paulo, uma cidade em transformação.
Volume 02 - Transporte, O Brasil em movimento
Volume 03 - Infância, liberdade e fantasia
Volume 04 - Cotidiano, a beleza do dia a dia
Volume 05 - Comércio, do pastel ao vinil
Volume 06 - Brasileiras, mulheres inspiradoras
Volume 07 - Trabalho, o empenho em cada jornada
Volume 08 - Manifestações, da Revolução de 32 às Diretas já
Volume 09 - Imigrantes, em busca de um recomeço
Volume 10 - Nostalgia, memória em imagem

As imagens fazem um contraste daquilo do qual vivenciamos nos dias atuais. O recanto poético em preto e branco, ao alçar voo nas constelações da mídia/comunicação impressa. Que vem caminhar paralelamente aos demais meios de comunicação. - (Vol.4, pág. 16-19)
Que saudade das lojas de discos, quando havia mais possibilidade de air com mais de dois discos vinil. E, as mercearias, onde o tratamento era de amizade de longuíssima data. Ainda, há pequenos destes estabelecimentos para felicidade de consumidores como nós, porém, até quando?
Impossível, em 43 páginas, agregar 1000 Povos. Para nós, leitores descendentes de algum desses povos é, de certa maneira, encontrar referência a eles, de suma importância. No nosso caso, duas da Espanha e uma da Lituânia. - (Vol. 9, págs. 13 e 16)
Trabalho (emprego/profissão): há aqueles que são aperfeiçoados pelo avanço da tecnologia, favorecendo outros ao caminho do esquecimento/desaparecendo, ficando no registro da história e literatura ou congeladas nas fotografias um dia retratado.
Atualmente, temos acompanhado um pouco da televisão aberta. Em um determinado programa, o apresentador, referindo ao transporte público na cidade "como um crime à humanidade", porquê estamos em uma pandemia. Na página 13, do volume 2, temos uma imagem de fevereiro de 1985, retratando o mesmo tipo de aglomeração que vem ocorrendo no presente, no mesmo local. Não era também um crime? Ou o apresentador não conhece o passado recente; ou está fazendo campanha publicitária em Marte.
Pelas imagens apresentadas nesta coleção, com referência à cidade de São Paulo, na temática - trânsito, transporte e alagamento - vem de longa data, onde administradores públicos não se interessam em solucionar os problemas. E  da população que não possui consciência cívica, - 'o que não quero para o meu próximo, não quero que seja a mim aplicado.'