28 de julho de 2019

Desenterrando o passado

Desenterrando o Passado
Come, tell me how you live. Agatha Cristie (1891-1976). Trad. Cora Ronái Vieira. Rio de Janeiro Nova Fronteira. 1976. páginas no processo digital.

Sinopse:
A autora narra o trabalho do marido, um dos maiores arqueólogos do nosso tempo, Max Mallowan, e suas implicações para a vida de ambos. A história começa alguns anos antes da Segunda Guerra Mundial, quando o casal visita o Iraque e a Síria. Agatha Christie faz uma crônica dessa experiência e relata de forma divertida como se vive enquanto se desenterra o passado do Oriente Médio

Ponderação:
Livro muito gostoso de ler. Há humor, mas do tipo inglês. Apresenta um pouco do choque cultural entre o ocidente e oriente; mesmo com toda a evolução humana e social, ainda persiste.



Simonal

"Nem vem que não tem": a vida e o veneno de Wilson Simonal
Ricardo Alexandre. São Paulo. Globo. 2009. 336 páginas no formato digital.

Wilson Simonal
Ruy Castro. Rio de Janeiro. Mediafashion. 2008. 64 páginas. {Coleção Folha: 50 anos de bossa nova; v. 17}

Sinopse:
Na metade final dos anos 1960, Simonal rivalizava apenas com Roberto Carlos em termos de popularidade. Dez anos depois, acusado de ser o mandante do sequestro e tortura de seu contador, foi estigmatizado como da ditadura militar – e, oficiosamente, acabou condenado ao ostracismo artístico até morrer em 2000, corroído pelo álcool, pela depressão e pelo esquecimento do público. Simonal era culpado ou inocente? Dedo-duro ou vítima de difamação movida por rancor, inveja, racismo? 

Ponderação:
"Chega de Saudade" de Ruy Castro é o tipo de narrativa, intimamente, ligada a uma tentativa de reconstrução histórica da música popular brasileira nas décadas de 1950 em diante. Consiste numa leitura nivelada no conceito de puro conhecimento de uma época pela qual, muito de nós, não teve oportunidade de usufruir. Possui imagens da turma de ouro desde João Gilberto a Sinatra atento ao Tom Jobim. Porém, tratando da personalidade, que dar título ao presente post, encontramos seis citações, em sete páginas, sendo duas delas compostas por três parágrafos, mencionando o potencial do cantor no revolucionário movimento da Bossa Nova.
"Wilson Simonal" também de Castro; volume 17 da Coleção acima citada, apresenta em 60 páginas, o resumo de um resumo de opiniões e compilações sobre o cantor. É o nosso sentimento ao término da leitura e pela bibliografia apresentada à página 50.
Enfocando "Nem vem que não tem": a vida e o veneno de Wilson Simonal,  bem escrito e aparentando ser isento, mostra-nos um artista de grande talento com um enorme complexo de inferioridade. Em conjunto com pequenos perfis de outros ícones da MPB através de suas relações com Simonal. Voz brilhante, intérprete da maior categoria, carismático com as multidões - levou o público do Maracanãzinho, em 05/07/1969, aproximadamente, 30 mil pessoas, ao delírio cantando junto a ele seus maiores sucessos, no que ficou conhecido como "a noite em que Simonal 'jantou' Sérgio Mendes", É, a partir desse momento, talvez, tenha iniciado todo o processo que mal digerido, levando-o a ganhar fama, através da maior estupidez de sua vida: - a fama de dedo-duro, o de se fazer passar por protegido da ditadura militar para conseguir dar uma lição em um desafeto que ele desconfiava estar lhe passando a perna na contabilidade de sua empresa.
Os artistas resolveram encará-lo de duas maneiras: atacando-o duramente ou mantendo-se à distância. Tanto de uma maneira ou de outra, sua carreira foi condenada, destruída sua vida como ser humano. O nosso entendimento, o show de 5 de julho foi a gota d'água da inveja, por ser carismático com as multidões e de está sempre sorrindo. Ninguém o preparou ou ajudou antes e depois  do evento do Maracanãzinho, ele entrou em rota de colisão com o mundo a sua volta. Infelizmente, pagou caro por suas ações posteriores ao show.



20 de julho de 2019

Seeds of Love

Seeds of Love
Eduardo Amos, Elisabeth Prescher e Ernesto Pasqualin. São Paulo. Moderna. 2004. 40 páginas. {Modern Readers - Satage 4 - 2ª ed.}

Nota / Ponderação:
Fahreneit 451” This film tell the story of the hunt to people that like to read. In the film, that to read becomes unhappy people. The firemen are called to destroy books. The title of the film is the temperature that which happens the destruction of the books. 

"Quando um idoso morre, uma biblioteca é destruída.", metáfora ou não, é uma realidade. Lembrei-me desta frase dita por uma amiga ao assistir as cenas finais de "Fahreneit 451" e ao ler "Seeds of Love".
Now, I am thinking: how can a book do an unhappy person? I don't get to understand.* essa frase fez parte de um exercício redacional em idioma inglês. A pergunta é o nosso não entendimento, é algo inaceitável para a evolução da mente humana.
Concordo, houve momentos na história da humanidade, em que houve verdadeiras fogueiras feitas com livros, onde pessoas tidas como 'sábias e importantes', achavam-se na condição de julgar o que era bom ou ruim para a sociedade. E, ainda há ilhas com tal filosofia.
Não conseguimos entender porquê a leitura possa trazer infelicidade. Voltando ao filme, citado acima, Montag é um ser apagado, sem brilho, trabalha no Corpo de Bombeiros. Sua função é destruir  livros e todo material impresso. Ele vai agindo assim até o dia que começa a ler. Ironicamente, o primeiro livro é: 'David Copperfield' de Charles Dickens. No capítulo 1, 'Eu nasci...'
Neste momento, o filme começa a ficar tenso, cada cena é um atentado os nossos nervos. Um belo trabalho de François Truffaut. Bem, alguém diria, é uma ficção. Está bem, é ficção, mas porquê os autores da literatura de ficção, resolveram trabalhar com a ideia, onde livro é considerado 'persona non grata'.
Por que eles colocam governos autoritários, controlando a vida do cidadão comum, como se fosse objeto descartável. Seriam, esses, escritores autoritários? Eles estariam sendo  patrocinados por algum órgão, também, autoritário? Estariam, eles, denunciando algo para a história? E, qual história acreditar?
Montag menciona: - "Os livros são apenas lixo. Não têm interesse nenhum." Devemos ser como eram os filósofos gregos e romanos? Que papel, realmente, Gutenberg desempenhou? Ou entramos na era da mesmice, preguiça de pensar?




*Now, I am thinking: how can a book do an unhappy person? I don't get to understand.  [Ahora estoy pensando: ¿cómo puede un libro hacer una persona infeliz? No consigo entender. / Agora estou pensando: como um livro pode fazer uma pessoa infeliz? Eu não entendo.]



19 de julho de 2019

O Silêncio da Chuva

O Silêncio da Chuva
Luiz Alfredo Garcia-Roza. São Paulo. Cia. das Letras. 2010. Formato digital.

Sinopse:
No centro do Rio de Janeiro um executivo é encontrado morto com um tiro, sentado ao volante de seu carro. Além do tiro, único e definitivo, não há outros sinais de violência. É um morto de indiscutível compostura. Mas isso não ajuda: ninguém viu nada, ninguém ouviu nada.O policial encarregado do caso, inspetor Espinosa, costuma refletir sobre a vida (e a morte) olhando o mar sentado em um banco da praça Mauá. No momento tem muito sobre o que refletir. De um lado, um morto surgido num edifício-garagem; de outro, a incessante multiplicação de protagonistas do drama. Tudo se complica quando ocorre outro assassinato e pessoas começam a sumir.

Ponderação:
Temos um escritor que não chega a perder a graça de um bom mistério policial, quizás uma Agatha Christie ou um Arthur Conan Doyle poderia ser seu mestre na arte de desvendar um crime. Espinosa gosta de filosofar e passeia pelos sebos em busca de edições primorosas de obras literárias de sucesso. Sherlock Holmes e Hercule Poirot, só para citar dois dos memoráveis inspetores, ficariam surpresos. Porém, estamos no Brasil e, ambientado no Rio de Janeiro, foge do estereótipo do gênero, apresentando fragmentos relacionados dos dramas pessoais, paralelamente, ao tema central da investigação. Carismático, o seu raciocínio de policial, levantando e descartando possibilidades, onde um suicídio que devido a imprevistos parece um crime aos olhos da polícia. Assim, a narrativa simples e elegante, o autor faz uma crítica implícita aos trabalhos da perícia e polícia, vez que por incompetência num caso de fácil solução, complicou-se. Ficou um pouco nebuloso, a questão da motivação do fato principal. Temos a frieza e coragem de Rose, a sair viva do sequestro.



11 de julho de 2019

Bairros da Cidade de São Paulo

Lapa de Wanderley dos Santos. 1980. 145 páginas.
Nossa Senhora do Ó de Máximo Barro. 1977. 167 páginas.
O nobre e antigo bairro da Sé de Barros Ferreira. 1971. 162  páginas. 

Os três livros citados fazem parte da "Série História dos Bairros de São Paulo", volumes 18, 13 e 10. Publicados por Secretária da Cultura, Arquivo Histórico do Departamento do Patrimônio Histórico do Município de São Paulo.

Há alguns anos, nos preocupamos em conhecer a História de nossa cidade. Talvez, no nosso imaginário, acreditamos para conhecer o mundo, o melhor será conhecer mais profundamente nosso solo. Quem, realmente, foram os primeiros habitantes? Quais locais foram importantes? O por quê da existência de determinada estátua, em local amplamente frequentado? Por quê uma rua possui nome estranho? Por quê não preservaram o conjunto arquitetônico do Palacetes Prates? Por quê a atual Casa do Grito existe? Essas são algumas das centenas de indagações nossas sobre a Nossa Amada e Odiada São Paulo.
Em termos absolutos, a História de São Paulo não se inicia, em 25-01-1554; essa data é pró forma. São Paulo como cidade só vai ter perfil de cidade/capital de Estado, com status de poder, a partir de meados do século XIX, quando o café torna-se o centro econômico. Antes disso, sua história é um entrelaçamento com a do Estado, sul e centro oeste do país.
Até 1554, a sua população era composta por indígenas falantes do tupi, mais alguns poucos portugueses e espanhóis. Na legitimação oficial, em 25 de janeiro, com sua cabana de 90  metros², depois Colégio Jesuíta; passamos a ter portugueses e indígenas vivendo numa pseudo paz, assim com as Bandeiras, - busca do ouro e diamantes - definindo uma posição de imortalidade, mas não propriamente riqueza, - até o século XIX, passando pelo período do açúcar, depois o café. No final daquele século, temos a chegada da Inglesa e suas ferrovias, possibilitando o escoamento da produção até o porto de Santos, antes feito a cavalos. Temos o inicio da imigração vinda da península ibérica com destaque aos italianos.
O que conhecemos, hoje, como Bairro "X" ou "Y", eram meros povoamentos tidos como familiar, propriamente, fazendas. Curiosamente, nesses pequenos povoados ou vilas, havia uma capela com imagem de um santo ou santa de quem o chefe da família era devoto. Aqui, nota-se o poder da Igreja, também, na questão da colonização. Alguns deste pontos foram paradas obrigatórias no caminho para o Rio de Janeiro e centro do país como o Caminho para Campinas e  Pantanal Mato-grossense ou para o sul. Portanto, tiveram um desenvolvimento rápido.
Lendo livros como os citados no início deste post ou assistindo palestras (aulas in loco) fica difícil imaginar, exatamente, onde tudo teve sua origem, o local da fundação. Descobre-se a importância dos nomes de logradouros públicos, que de certa maneira estão ligados a formação dos bairros da cidade.
Cidade que nasceu indígena, sem demarcações; passou pelos portugueses, num certo momento histórico por espanhóis. Se afrancesou, virou cidade mais italiana, fora da Itália; ficou americanizada. Possui bairros com núcleos bem definidos de várias etnias, sempre ao redor de uma Igreja e por sua catequização. Citamos alguns exemplos: Vila Anastácio, na região da Lapa, abrigou russos e lituanos, Vila Zelina com concentração lituana. Moóca e Bela Vista com os italianos. Moema e Brooklyn com os alemães.
Qual será nossa identidade? Pois a cada dia derruba-se uma história para construir outra que será destruída em algum momento.

Nota:
1 - Vale lembrar: - As imagens contidas nos livros, principalmente o referente a Sé, não dão a mesma dimensão da Sé de hoje. Parece-nos que é uma outra localidade, menos o centro religioso e nervoso da cidade.
 2 - Rodovia Pedro Taques - Quando ainda era assídua ouvinte de rádio, durante o verão, principalmente, era comum o locutor anunciar se estava livre ou não no sentido da Praia Grande. Faz tempo que não ouço sobre a Rodovia Pedro Taques. É! Na atualidade ela, a SP-55, passou a ser designada Rodovia Pe. Manoel da Nóbrega.  Vejamos, quem foi Pedro Taques, nome completo: Pedro Taques de Almeida Paes Leme (1714 - 1777 = 62 anos), sobrinho neto de Fernão Dias Paes Leme. Viveu na região, onde, hoje, conhecemos como Vila Anastácio, Lapa, Vila Leopoldina.