19 de novembro de 2018

A Primavera da Pontuação

A Primavera da Pontuação
Vitor Ramil. São Paulo. Cosac Naify. 2014. 114 páginas no formato digital.

Sinopse:
Certa manhã, pinta-se um quadro negro: uma palavra-caminhão, dessas que trafegam ameaçadoramente inclinadas, carregada de letras garrafais, atropela um ponto numa esquina de frases e foge sem ser identificada. Enfurecida, a pontuação se revolta e o quadro político e social de Ponto Alegre se desequilibra. No desenrolar da trama, o Rei que não governa, o Regente com problemas de regência, a Rainha ambiciosa e traiçoeira e a Passiva — polícia secreta do Estado — terão de enfrentar os perigosos radicais Grego e Latino (do grupo terrorista Compostos Eruditos), uma igreja popular recém criada e o descontentamento generalizado que teve início com o atropelamento do pequeno ponto. 
A primavera da pontuação transcorre no mundo da linguagem. Nele, o leitor entrará fascinado para confundir-se com os protagonistas da língua e acompanhar a lógica de suas ações. Ficção científica, farsa e romance pop convergem nessa obra divertida e inteligente, em que a erudição linguística ao mesmo tempo fabula, explica e provoca.

Ponderação:
Emília no País da Gramática no século XXI com tempero político. Porém, faz uma inteligente e humorada fábula dos acontecimentos ocorridos no país desde 2002 até nossa atualidade. Há uma expressão - "Ah! Se eu fosse você" - que não há uma equivalência em outros idiomas, na tentativa de exprimir o que nosso português permite; assim, acreditamos na, possível, não leitura dessa  obra no estrangeiro, justo pela simplicidade linguística adotada pelo autor. nos brindando, maliciosamente, no jogo da conjugação verbal. O uso de vocábulo em desuso nomeando determinado personagem. Todo o universo do Reino Gramatical, trazendo-nos a lembrança de como nos debruçávamos nos estudos linguísticos, enquanto éramos estudantes.

"Mas dizem que Deus escreve certo por linhas tortas."

"É bom ser prudente. O diabo escreve torto por linhas certas."


 

17 de novembro de 2018

A Promessa / A Pane

A Promessa / A Pane
Das versprechen / Die panne. Friedrich Dürrenmatt (1921 - 1990). Trad. Petê Rissatti e Marcelo Rondinelli. São Paulo. Estação Liberdade.  2018. 224 páginas.

Sinopse:
A Promessa, primeiro título deste livro, é uma obra engenhosa, filosófica e paradoxal, que satiriza e reverencia o gênero policial de forma simultânea. Já a novela A Pane revela o brilhantismo de Friedrich Durrenmatt em elaborar debates teóricos ao mesmo tempo que presenteia o leitor com uma história tão cômica quanto original. Em ambas as obras, saltam aos olhos alguns dos temas que tornaram Durrenmatt um dos maiores escritores suíços do século XX: a justiça, o dever moral, a responsabilidade ea a absurda força do acaso.

Ponderação:
Tenho me surpreendido com a leitura de alguns livros, desde a minha decisão de associar-me a TAG - Experiências Literárias; alguns não gostei. A maioria, gostei, outros poucos, adorei. Até nos "Inéditos" trouxe pequenas surpresas.
Porém, esse "A Promessa / A Pane", devidamente, dizer, tratar-se de dois livros distintos em um volume, é mirabolante. Uma hora é metalinguagem dos romances/enredos de história policial. Outro momento entra uma narrativa sem pé e sem cabeça. Problemática real. Há uma crítica às atividades policiais, falhas na condução da investigação. Final esnobe e confuso. O segundo é uma sucessão impagável, um jantar, muita conversa, comida e bebida. Onde a pane chegar, chegou, quem levou a pior?