30 de março de 2014

Eurico, o presbítero

Não lembro qual edição foi feita a leitura.
Mas era brochura de bolso.
Eurico, o presbítero
Alexandre Herculano (1810-1877). Ediouro. 202 páginas.

Sinopse / Ponderação:
Emocionante romance épico de cavalaria em que o personagem Eurico se vê forçado a escolher entre o amor a sua pátria e a fé em Deus. |...| Eurico, o Presbítero fala a respeito do fim do reino visigodo formado na região que atualmente compreende Espanha e Portugal, diante da conquista dos muçulmanos que -- partindo da África moura em 711 -- avançaram pela maior parte da Península Ibérica durante o século VIII. O enredo conta a história de amor entre Eurico e Hermengarda, separados pela guerra, costumes e distinções sociais e, mais tarde, pela fé e votos assumidos pelo herói: Eurico e seu amigo Teodomiro de Córduba lutam ao lado do rei da Espanha, Vitiza, contra os montanheses rebeldes e contra os francos, seus aliados. Depois de vencer o combate, Eurico vai viver em um vilarejo na área do ducado de Cantábria no qual encontra sua amada em uma igreja na missa e os dois tem um amor secreto, mas ele não sabe que ela era da realeza e inocentemente pede a Fávila, orgulhoso duque da Cantábria, a mão de sua filha, Hermengarda, porém este recusa o pedido ao saber que se trata de um homem de origens humildes. Eurico, então, se entrega à religiosidade, tornando-se o presbítero de Carteia, para se afastar das lembranças de Hermengarda, através das funções religiosas e da composição de poemas e hinos religiosos. No entanto, quando ele descobre que os árabes estão invadindo a Península Ibérica, liderados por Tárique e Abdulaziz, alerta seu amigo Teodomiro e se transforma no enigmático Cavaleiro Negro. De maneira heróica, Eurico, agora o Cavaleiro Negro, luta em defesa de sua terra e, devido a seu ímpeto, ganha a admiração dos visigodos e dos demais povos da península, agora seus aliados, e lhes dá forças para combater o invasor. Quando a vitória parece certa para os godos, Sisebuto e Ebas, filhos do imperador Vitiza, traem seu povo, a fim de ganhar o trono espanhol. Logo após, Roderico, rei dos visigodos, morre na Batalha de Guadalete e o povo passa a ser liderado por Teodomiro. Enquanto isso, os mouros invadem o Mosteiro da Virgem Dolorosa e raptam Hermengarda. O Cavaleiro Negro a salva quando o Amir, que desejava fazer de Hermengarda sua amante, estava prestes a profaná-la. Durante a fuga, Hermengarda é levada até as Astúrias, onde está seu irmão Pelágio, líder da resistência goda. Em segurança numa gruta de Covadonga, Hermengarda encontra Eurico e declara seu amor por ele. Contudo, Eurico não acredita que esse amor possa se concretizar (ordenado sacerdote, aceitara os votos da Igreja e o celibato), e revela a real identidade do Cavaleiro Negro. Ao saber disso, Hermengarda perde a razão e Eurico, ciente de suas obrigações, parte para um combate suicida contra os árabes e enfrenta os traidores bispo Opas de Híspalis e Juliano, conde de Ceuta (Septum). |...| Com a publicação de Eurico, o Presbítero, em 1844, Alexandre Herculano inaugura o romance histórico em Portugal. O desenho da personagem de Eurico obedece à personalidade austera, independente, solitária e profundamente religiosa de Alexandre Herculano, historiador e cidadão divorciado das intrigas políticas do constitucionalismo liberal. Eurico evidencia-se, assim, como o retrato ético e cívico do seu autor, batalhando individualmente pelo progresso da pátria, exilado como Eurico, íntegro como Eurico, generoso, oferecendo a vida no cerco liberal do Porto como Eurico, disfarçado de Cavaleiro Negro, a oferecia nas pelejas contra o invasor; devotado ao silêncio da decifração de documentos medievais, como Eurico na solidão dos claustros. Eurico combate pela liberdade de Espanha, sofrendo injustos desentendimentos com a família de Hermengarda; Alexandre Herculano luta pela liberdade de Portugal contra o absolutismo régio. Dificilmente se encontrará outro romance em Portugal onde a essência da vida do autor e a da vida da personagem principal, sendo diferentes e existindo em épocas históricas diferentes, se plasmem harmonicamente numa vigorosa unidade estética.
Sem maiores e mais comentários, leitura obrigatória. 



Cristianismo

Cristianismo: A vida dos Primeiros Cristãos
Ney de Souza. São Paulo. Palavra & Prece. 2010.  90 páginas.

Sinopse / Ponderação:
Este livro é um convite a uma viagem panorâmica pela história do cristianismo e sobre a vida dos primeiros cristãos. Uma verdadeira peregrinação aos fundamentos da Igreja Católica. O objetivo é colocar nas mãos do leitor um texto introdutório referente aos desafios enfrentados pelas primeiras comunidades cristãs.
A leitura de livros de história da humanidade requer paciência, quando é escrito por historiador. Mas não é o caso deste, o texto é leve e de fácil compreensão. Pensando bem, um bom leitor comum poderá fazer a leitura em uma tarde, mas se você é daqueles que gosta de analisar cada parágrafo ou cada personagem, talvez leve uma semana. Apresenta uma lista de Imperadores e Papas até o Século III e recomenda onze filmes. É o primeiro autor/historiador do qual tenho conhecimento que faz esse tipo de sugestão.



The Boy Next Door

The Boy Next Door
Meg Cabot. New York. Harper Collins Publishers. 374 pages.

Sinopse:
The main character in this novel is Melissa Fuller, but "You can call me Mel", as she says. Mel is a gossip columnist for the New York Journal and has just broken up with her longtime boyfriend, Aaron Spender. Her best friend, Nadine Wilcock, a food critic, is getting married to her boyfriend, Tony Salerno, who is a chef at the popular restaurant Fresche. Melissa also has many coworkers, including Dolly Vargas, an outlandish Style Editor who has her eyes on quite a few men.
It is written with an e-mail format throughout the book.

Ponderação:
¡Bueno! No va a ser fácil de escribir en Inglés y tanbién en Español. así que escribiré en portugués. 
Esse é o livro que já comentei ter lido depoís da tradução ao português. Bem, a leitura dele foi um conselho da professora de inglês, que deveria ler algo já lido em português, para ambientar-me na maneira do uso e costume do idioma, e foi realizado com duração de cinco meses. Decepção.




Furacão Elis

Furacão Elis
Regina Echeverria. São Paulo. Círculo do Livro. 1985. 365 páginas.

Sinopse:
Elis, o furacão. Uma vida e uma carreira tão intensas deixaram uma marca indestrutível na cultura brasileira. Após mais de trinta anos de sua morte, as rádios tocam a todo momento suas músicas, e também os jornais, revistas e emissoras de TV prestam-lhe homenagens. Por seus erros, por se descontrolar, por se desentender com os outros e consigo própria, Elis descobriu ao longo da vida o direito de mudar de ideia. Lutou desesperadamente por isso em seus poucos 36 anos de existência. Nessa nervosa procura de sua personalidade inteira, sem meias verdades, Elis arrebentou conceitos, abriu espaços para a compreensão e revelou o universo sutil da alma de um artista. Furação Elis é um contraponto à tendência a canonizar figuras polêmicas, que se tornaram grandes justamente porque polêmicas, que retiraram da complexidade de que eram fruto o trunfo para atingir uma posição de destaque naquilo a que se dedicaram. Claro que, à medida que o tempo passa, a figura histórica vai se apagando e a obra se torna a duradoura expressão de sua autora. Este livro é a expressão de Elis Regina Carvalho Costa (1945-1982).

Ponderação:
Há uma frase que diz: Morto não se defende. Portanto, partindo dela, o próprio retrato das pessoas que tiveram o prazer ou desprazer de conviver com Elis, Sim, no final  todos não passam de manipuladores e manipulados. Há muita negatividade nesta biografia da cantora, que não versa sobre as opiniões positivas e o legado positivo de suas atitudes. Elis é o fruto dela própria, ou melhor, da educação que ela recebeu em momento conturbado do mundo.



29 de março de 2014

Purgatório

Purgatório: A Verdadeira História de Dante e Beatriz.
Mário Prata. Planeta do Brasil. 2007. 272 páginas.

Sinopse:
No estilo divertido e inteligente de Mario Prata, Purgatório conta na íntegra a história de Dante e Beatriz. Dante é casado com Gema, mas seu verdadeiro amor é Beatriz, que há 25 anos vive na França. A temática que os envolve é a ideia de pecado e de culpa. E como explica o próprio Mario Prata: ´O que é pecado hoje? Não digo apenas diante da Igreja, mas diante dos nossos semelhantes. Quem são os honestos hoje? Quem iria para o céu, o purgatório ou o inferno?´. Esta obra é uma mescla de romance, humor e crítica na medida certa, escrita por quem é mestre nisso.

Ponderação:
Pessoal, o maior problema em ler algo de Mário Prata, em público, é o riso, que várias vezes não dá para segurar só para si, precisa ser extravasado com todos os sentidos. Esse é o tal da risada solta. Sem ninguém por perto.



A Andorinha do Mar

A Andorinha do Mar: Uma história de descoberta
The Little Tern. Brooke Newman. Trad. E. Barreiros. Rio de Janeiro. Record. 2003. 84 páginas.

Sinopse:
A Andorinha do Mar é uma história encantadora de uma ave que, um dia, descobre que perdeu a habilidade de voar. A vida torna-se sem sentido e, desprezada pelos seus amigos alados, ela é deixada sozinha na praia. É uma parábola moderna, com belíssimas ilustrações, sobre como encontrar esperança nas frustrações e desapontamentos. Uma jornada cheia de imaginação que traça um belo retrato de quem somos. Uma viagem do coração para a alma. 

Ponderação:
O mais interessante é citado à página 55, você não perdeu a sua habilidade de voar. Apenas a guardou no lugar errado
Perder uma coisa significa que ela está perdida para sempre. Guardar no lugar errado é bem diferente. O que está no lugar errado não está perdido, pode ser encontrado ou reencontrado a qualquer momento.



O Garoto da Casa ao Lado

O Garoto da Casa ao lado
The boy next door. Meg Cabot. Trad. Celina Cavalcante Falck. Rio de Janeiro. Record. 2004. 394 páginas.

Sinopse:
Escrito em forma de mensagens de e-mail, O garoto da casa ao lado revela a história de Melissa Fuller, uma jornalista de celebridades que está prestes a perder o emprego. Numa certa manhã, Mel está 68 minutos atrasada para o trabalho, completando assim seu 37º atraso no ano. Um recorde. O departamento de Recursos Humanos já lhe mandou um memorando oficial sobre o assunto, seu chefe duvida seriamente do seu compromisso com o jornal e, além disso, até sua melhor amiga anda preocupada com seu bem-estar psicológico. Contudo, dessa vez, ela tem uma desculpa de verdade - estava socorrendo Helen Friedlander, sua vizinha de oitenta anos, que entrou em coma após levar um golpe na cabeça, em conseqüência de um misterioso atentado.

Ponderação:
Talvez a parte mais, literalmente, interessante do livro encontra-se a página 306 a 310, quando da vingança de Melissa, mostrou que podemos agir com inteligência para atingir àqueles que nos fazem mau de maneira propositalmente consciente de que estejam fazendo o mau para levar vantagem em tudo por tudo.



28 de março de 2014

Uma Casa na Floresta

Uma Casa na Floresta
Little House in the Big Woods. Laura Ingalls Wilder (1867-1957). Trad. Constantino Paleólogo. São Paulo. Círculo do Livro. 135 páginas.

Sinopse:
Descrição com minúcias dos primeiros anos da vida de Laura e sua convivência com a mãe Carolina (que ela chamava de Ma, por ser costume naquela época),com o pai Charles (Pa), com a irmã mais velha Mary e com o bebezinho Carrie, sua irmã caçula. Fala também de seu cachorro Jack (um buldogue já idoso e muito querido).

Ponderação:
Hoje, costumo ler alguns capítulos de vez em quando, só para lembrar da série "Os Pioneiros", que assistia e apreciava a interpretações de Melissa Gilbert, no papel de Laura. Serve, também, de guia de estudo da colonização da América.



O Mágico de Oz

O Mágico de Oz
The Wizard of Oz. Lyman Frank Baum (1856-1919). Trad. Patrícia Cenacchi. São Paulo Círculo do Livro. 156 páginas.

Sinopse:
Dorothy, que é levada por um ciclone à fantástica Terra de Oz, onde entra em contato com o Homem de Lata, o Espantalho, o velho mágico e uma série de outros personagens fabulosos, em uma jornada de pura magia e beleza. 

Ponderação:
Clássico equiparado ao nosso Sítio do Picapau Amarelo. Possui centenas de versões: - teatro, cinema, jogos, histórias em quadrinhos, especial de TV etc... A versão cinematográfica de 1939, estrelada por Judy Garland, no papel de Dorothy, sem comentários. As Bruxas de Oz, são referências até no seriado a Feiticeira. No final houve uma dúvida, caminho inverso, a leitura foi após assistir o filme. 
Dorothy, a menina. Totó, o cão da menina, sempre feliz. O Espantalho sem cérebro. O Leão medroso. O Homem de Lata sem coração. e Oz que só se ouve sua voz. Cada um com seu defeito, juntos se apresentam completos. Sai com menos dúvidas, mas sinto que falta algo no final, não sei ao certo, uma visão mais aberta, resumindo: Uma lição de vida. Filosofia. Ensinamentos. A estrada de tijolos amarelos segue em direção a realização dos desejos, que finalmente são por nós mesmos realizados porque assim os queremos.



23 de março de 2014

Eu lhe desejo um Amigo

Eu lhe desejo um Amigo
Ich wünsch' dir einen Freund. Anselm Grün. Trad. Edgar Orth. Petrópolis. Vozes. 2003. 2ª ed. 102 páginas.

Sinopse:
O autor assume algumas vozes que se manifestaram sobre a amizade e faz uma belíssima reflexão sobre a arte de ser e ter um amigo.

Não me alegro tanto pela andorinha que me traz a mensagem da primavera e que à renovação eterna canta hinos, mas alegro-me bem mais pela mensagem do amigo que me traz o que preciso para a vida.

Ponderação:
A diagramação deste livro foi-me uma surpresa. Quem já leu livro publicado pela Vozes, deve está familiarizado com o estilo gráfico, por vezes, um tanto cansativo. Desde da aquisição, não tinha tido a oportunidade de ler na íntegra. Sempre fora fragmentada. Agora, concluída.
O autor leva-nos ao e no caminho da valorização do amor à amizade. A profundidade no sentimento numa viagem através da filosofia, teologia, ética, moral, religião, sociedade, literatura... falando da necessidade de encontrar e ter um amigo. Para que isso possa ser viável, antes de tudo, amamos a nós mesmos, sejamos amigos de nós mesmos, em seguida poderemos amar ao próximo, incluso a natureza e os animais. É necessário Cativar como expressa Saint-Exupéry em "O Pequeno Príncipe". 



Só o Amor é Real

Só o Amor é Real
Brian Weiss. Trad. Roberto Raposo. Rio de Janeiro. Salamandra. 1996. 208 páginas.

Sinopse / Ponderação:
O livro Só o Amor é Real conta um dos casos mais extraordinários que o Dr. Brian Weiss presenciou em sua carreira: o encontro de duas almas gêmeas. Tudo aconteceu de forma inesperada. A jovem Elizabeth buscou a terapia de regressão para superar as decepções em seus relacionamentos amorosos. Simultaneamente, Dr. Weiss tratava de Pedro, que passava por sérios conflitos emocionais e esperava encontrar nas vidas passadas a origem de seus problemas. À medida que o tratamento de Elizabeth e Pedro evoluía, o médico começou a notar uma estarrecedora semelhança entre os relatos feitos por eles durante as sessões: a mesma época e os mesmos fatos vistos de pontos de vista diferentes. Seus problemas emocionais seriam conseqüência da dificuldade de se reencontrarem?
Chega o momento crucial, como resolver e colocar Pedro e Elizabeth frente a frente? "O destino determina o encontro de almas gêmeas. Mas o que decidimos fazer depois desse encontro depende de livre-arbítrio. Uma opção errada ou uma oportunidade perdida pode resultar em solidão e sofrimento. Escolhas certas podem trazer-nos profunda satisfação e felicidade." - explica Weiss.
O que mais chamou-me a atenção, não foi só o teor espiritualista da obra, mas sim a abordagem de vivência histórica de cada um, mostrando a violência dos antigos romanos com brincadeiras, que hoje consideramos diversão, eles a faziam com os seres humanos e achavam normal. A visão da colonização do continente americano. O amargo sabor da história contada do outro lado da esfera oficial.



22 de março de 2014

Pequenos Milagres

Pequenos Milagres: coincidências extraordinárias do dia-a-dia
Small Miracles. Yitta Halberstam e Judith Leventhal. Trad. Waldéa Barcellos. Rio de Janeiro. Sextante. 3ª ed. 1998. 177 páginas.

Sinopse:
Um avião cujo embarque você perdeu sofre um acidente. Um encontro absolutamente inesperado traz a solução para um problema que o angustiava. Um objeto que parecia perdido para sempre é misteriosamente encontrado. Todo mundo, em algum momento, já passou situações em que um acontecimento aparentemente casual teve uma importância decisiva em sua vida. Quem sabe não é um pequeno milagre? Fruto de entrevistas e de extensa pesquisa em jornais, revistas, livros e televisão, Pequenos milagres é uma coletânea de histórias extraordinárias e comoventes. Sua leitura ajuda o leitor a ficar atentos para perceber esses momentos, entender seu significado e usufruir mais plenamente seus ensinamentos. Quando incorporamos à nossa vida o sentido dessas “coincidências”, estamos nos abrindo para as possibilidades enriquecedoras, as bênçãos e a sensação de harmonia com o universo que elas proporcionam.

Ponderação:
Quando iniciei esse blog, atendendo a sugestão de alguns amigos, tinha em mente só mencionar a leitura de livros nestes mais de quarenta anos de kilometragem literária, técnico-científico e lazer.
Porém, ficou provado, já no decorrer do segundo mês, a impossibilidade de só focar a leitura, necessariamente, além do prazer, traz-nos recordações de vivências, comentários e outras relações emblemáticas do processo de leitura.
O 'Milagre' aqui, é buscar na memória os livros, autores e motivo para o enriquecimento de nosso ser. Nem todos os livros lidos em português - meu idioma natural - consegue ser agradável, isto se for traduzido, no caso, a maioria. O processo tradutório retira o dom e o tom impresso do autor na obra. Também há a questão da diagramação. E, talvez, o corte - censura - do Editor, por medo ou economia.
Já aconteceu de ler um livro traduzido, e ter achado graça em alguns trechos e, quando fui ler o mesmo livro no idioma original, ter ficado decepcionada.
Porquê? Agora, no sétimo mês de vida e na segunda trilogia, fiquei em choque. A memória está falhando. Os livros que encontro-me em leitura não serão lidos totalmente até dia 28, completando os vinte livros do mês. Eis, que ao entrar no meu quarto, vejo 'Pequenos Milagres' sobre a minha cama. Já realizou o desejado!
Conforme minha amiga, quem deu-me de presente: - Sabe, eu estava na livraria, tentando encontrar um livro e todas as três vezes que passava perto da pilha que estava este livro sempre um caia ao chão. Então! Pensei, não dá mais, é esse! Parecia que o livro me dizia para trazê-lo para você.
Li, com muito carinho. Sempre faço pequenos comentários sobre alguns trechos bem interessantes como o caso dos trigêmeos que separados, adotados por famílias de locais diferentes e reencontram-se já adultos de forma inesperada. (páginas 46-50).
Bem! É necessário deixá-lo mais a vista: '- As lembranças deveriam ser preservadas, não esquecidas - respondeu Bob.' (página 29).
Já houve dois pequenos milagres, vou conseguir colocar os vinte deste mês e os demais...



Sonetos do Amor Obscuro

Sonetos do Amor Obscuro e Divã do Tamarit
Sonetos del Amor Oscuro; Divan del Tamarit. Federico García Lorca (1898-1936). Trad.  William Agel de Mello. São Paulo. Media/Folha. 2012. 88 páginas.: Coleção Folha 'Literatura Ibero-Americana'. vol. 2.

Sinopse:
Há poemas-filme, poemas-manifesto, poemas-jogo, poemas-cérebro, poemas-biografia, poemas-música, poemas-pintura, poemas-geladeira, poemas-lista-telefônica, poemas-analgésico, poemas-digestivo, poemas-almofada, poemas-sex-shop, poemas-obituário, poemas-etc. Federico García Lorca (1898-1936) escreveu poemas-poema. Seu lirismo não pede desculpas por ser o que é. No livro que o leitor tem em mãos, estão alguns dos pontos mais altos que essa lírica atingiu, como o atormentado soneto "O Poeta Pede a Seu Amor que lhe Escreva" e o maravilhoso "Gazel do amor imprevisto", em que constam os versos "Mil caballitos persas se dormían/ en la plaza con luna de tu frente" (aqui traduzidos por "Mil cavalinhos persas dormiam/ na praça com luar de tua fronte"), de delicadeza e perfeição incomparáveis. Não sei se a arte pode mudar o mundo. Sei que diante da poesia de Lorca é preciso mudar de vida, texto de Fabrício Corsaletti, Colunista da Revista Sãopaulo, na quarta capa.

Ponderação:
Edição bilíngue – espanhol/português. Sem sombra de dúvida, li em espanhol. Seja o que for, amor, estaria o poeta prevendo o seu fim trágico: Granada é nomeada em três poemas. Teria sido vitima da própria ansiedade?



O Gato Malhado

O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá: Uma História de Amor
Jorge Amado (1912-2001). Rio de Janeiro. Record. 1976. 128 páginas. 

Sinopse:
O temperamento do gato malhado não era dos melhores. Sua fama de encrenqueiro era tanta que, quando ele aparecia no parque, todos fugiam: a galinha carijó, o reverendo papagaio, o pato negro, a pata branca, mamãe sabiá, os pombos, os cães. Até as flores se fechavam à sua passagem. Ao descobrir que todos os bichos tinham medo dele, o gato fica arrasado. Mas logo retoma sua indiferença habitual, pois não se importa com os outros.
O que ele não sabia é que havia alguém que não tinha nem um pouco de medo dele: a andorinha Sinhá. Num dia de primavera, o gato percebe que ela foi a única que não fugiu quando ele apareceu. A andorinha justifica sua coragem: ela voa, ele não. Desde aquele dia a amizade entre os dois se aprofunda, e no outono os bichos já vêem o gato com outros olhos, achando que talvez ele não seja tão ruim e perigoso, uma vez que passara toda a primavera e o verão sem aprontar.
Durante esse tempo, até soneto o gato escreveu. E confessou à andorinha: “Se eu não fosse um gato, te pediria para casares comigo…”. Mas o amor entre os dois é proibido, não só porque o gato é visto com desconfiança, mas também porque a andorinha está prometida ao rouxinol.
Com grande lirismo, a história do amor de um gato mau por uma adorável andorinha assume aqui o tom fabular dos contos infanto-juvenis. Além de se transformar em um improvável caso de paixão, a narrativa mostra como duas criaturas bem diferentes podem não apenas conviver em paz como mudar a maneira de ver o mundo.

Ponderação:
Simples, Adorei...  O lado poético e romântico de Jorge Amado...



Partidos Políticos no Brasil

Partidos Políticos no Brasil (1945-2000)
Rogério Schmitt. Rio de Janeiro. Zahar Editora. 2000. 94 páginas.: Coleção Descobrindo o Brasil.

Sinopse:
Um livro de referência, que organiza as informações sobre a origem e o desempenho eleitoral dos partidos brasileiros após o fim do Estado Novo, durante os anos do autoritarismo e na experiência democrática contemporânea iniciada em 1985.
O senso comum sobre os partidos políticos brasileiros considera, não sem algum fundamento, que nunca houve verdadeiras agremiações partidárias no Brasil. Todavia, as pesquisas acadêmicas têm cada vez mais demonstrado o contrário. Este livro procura mostrar, sem entrar no mérito substantivo dessa controvérsia, que talvez o principal problema que aflige a organização de partidos no país seja a descontinuidade. Em pouco mais de 50 anos, três diferentes sistemas partidários estiveram em funcionamento. O regime autoritário foi o principal causador desta instabilidade, extinguindo, por duas vezes em menos de quinze anos, os sistemas de partidos então em atividade.
A consolidação dos atuais partidos políticos brasileiros só poderá acontecer caso lhe seja dada a oportunidade de continuar participando de eleições por muitos anos. O destino do sistema partidário não será diferente daquele que aguardará a própria democracia.

Ponderação:
Primeiro, detesto política e políticos. Tenho as minhas razões! Participei de um curso respeito de Partidos Políticos no Brasil. Por conta do curso e coincidente, o professor, é o autor do presente livro. Bom, levando em consideração a universalidade nacional. A brevidade do estudo, partindo do ponto, ano de 1945 chegando a 2000, as aulas chegaram a 2014. Pode-se constatar uma visão pálida, sublinear, envolta na mensagem oculta dos partidos políticos: de 1945 a 1964, havia maior preocupação com o povo. De 1965 até hoje, a preocupação concentra só no poder, o povo que se dane.
Quanto ao teor histórico, fez-me lembrar das conversas, ouvidas, de tios, avô e amigos sobre a UDN, Jânio Quadros, Adhemar de Barros, Getúlio Vargas. Da minha vivência adolescente da Arena e MDB, nomes como Paulo Maluf, Aureliano Chaves. A eleição de Quércia ao senado, sendo o senador mais novo da história em 1976, do casal de patos de uma loja na Rua da Consolação, quando Magalhães Pinto foi derrotado. A Campanha Eleitoral de 1982, onde 90% dos meus colegas de classe fazia campanha ao PT. Já era do contra e a favor do voto nulo. Da campanha de 1985, muitos esconderam o voto, ganhou a história. Em 1989, então, sem comentário. Depois, caiu no ridículo o processo eleitoral. Bem, volto, o livro contém o básico para se conhecer a evolução e declínio dos partidos políticos. O autor poderia fazer uma segunda edição, acrescentando informações de 2001 a 2014.



18 de março de 2014

Gabriela, Cravo e Canela

Gabriela, Cravo e Canela
Coleção de 13 volumes, Capa Branca (hoje envelhecida).
O título da Obra só na lombada.
Gabriela, Cravo e Canela
Jorge Amado (1912-2001). Rio de Janeiro. Record. 1978. 358 páginas.

Sinopse:
O romance entre a mulata Gabriela e o árabe Nacib na pequena Ilhéus na década de 20 é um dos grandes clássicos do gênero no Brasil. Escrito em 1958, eterniza as virtudes e defeitos da mulher brasileira: sensualidade, leviandade e submissão.

Ponderação:
Coleção que sofreu uma pequena perca de volumes, em um pequeno acidente ocorrido por causa da Natureza. Presente de Natal no ano de 1979. Premio por conseguir entrar na faculdade. Os livros de Jorge Amado, lidos por mim, sempre foram por iniciativa própria. Bom, 1975, foi um ano diferente, assistia a noite a novela Gabriela, baseada na obra de Jorge Amado, Gabriela, Cravo e Canela. Jerusa gostava de Mundinho Falcão. Aí, dois anos depois, fui ler a obra original. Jerusa odeia Mundinho Falcão. Foi com esse livro, minha experiência primeira e negativa na questão adaptação para cinema ou televisão de obra literária. Foi aqui, que passei a não gostar de adaptações para outros meios. Perde-se muito. Não perdi tempo assistindo a versão de 2012, pelos comentários lidos e ouvidos, não tinha nada a ver.




Um Certo Jardim

Um Certo Jardim
Cícero de Andrade. Espaço Idéia Ed. 2008. 72 páginas.

Sinopse:
"Poesia das coisas simples, das palavras simples, da realidade nua, do cotidiano, da natureza física, da natureza humana, da natureza dos sentimentos, da natureza anima. Um Certo Jardim fala da vida, do ser humano de gênio, do ser humano da contradição, do ser humano que resiste, do raco, do extraordinário e do imbecil. Obra instigante, que diz sobre nós, fazendo-nos rir de nós mesmos. Obra que ao melhor estilo dos nossos grandes mestres, nos faz sentirmos nos e os outros ao mesmo tempo. Um certo jardim é motivo de muito contentamento para o público amante de boa poesia, que há muito tempo aguarda ansioso por esta publicação deste grande poeta"

Ponderação:
- Como você, leitor, inicia a leitura de um livro de poesias?
- Sim, da primeira linha da primeira poesia (isso se não ler a introdução ou prefácio) e segue ao fim. Bem, resolvi fazer o caminho inverso, da última poesia à primeira. Estava a muito tempo com essa ideia. Bom mesmo, é ler de forma aleatória.
‘Um certo jardim’ fala do ontem e de hoje; da saudade e do real; do sonho e da realidade viva. Constitui de coisas simples. Da natureza física, humana, dos sentimentos, animal.
A eterna contradição humana: - ser feliz.




16 de março de 2014

A Mediadora

A Terra das Sombras
Shadowland. Trad. Clóvis Marques. 2004. 288 páginas.
O Arcano Nove
Ninth Key. 2005. 277 páginas.
Reunião
Reunion. 2005. 272 páginas.
A hora mais Sombria
The Darkest Hour. 2005. 271 páginas.

Os livros acima são de autoria de Jenny Carroll ou, melhor dizendo, Meg Cabot. São pertencentes a Série 'A Mediadora'. Os volumes 2, 3 e 4 da série foram traduzidos por Alves Calado. Publicados pela Record. Rio de Janeiro.

Sinopse:
Vol.1 
Suzannah é uma adolescente aparentemente comum que tem um problema com construções antigas. Não é para menos. Afinal, muitas dessas casas velhas são assombradas. Suzannah é uma mediadora, uma pessoa capaz de ver e falar com fantasmas para ajudá-los a descansar em paz. É claro que esse dom lhe traz muitos problemas. Mas nem ela poderia saber a gravidade do que encontraria ao mudar-se para Califórnia. 

Vol.2 
Para uma adolescente, trocar de cidade pode ser um trauma. Mas para Suzannah, a mudança de Nova York para Califórnia está sendo ótima: novos amigos, muitas festas e dois caras bonitões e interessantes. Só que um deles é um fantasma. E o outro pode matá-la. Suzannah é uma mediadora, uma pessoa capaz de se comunicar com os mortos e resolver as pendências deles na Terra. A velha casa para onde se mudou com a mãe e o padrasto é assombrada por Jesse, um fantasma jovem e gentil. Como Jesse não liga muito para ela (e, além do mais, está morto), Suzannah se entusiasma com o interesse de Tad Beaumont, o garoto mais cobiçado da cidade. Mas o fantasma de uma mulher, cujo assassinato pode ter relação com um mistério no passado de Tad, a atormenta. E a vida de Suzannah pode estar ameaçada. Ser adolescente é complicado. O que dizer de uma garota que precisa dividir sua atenção entre a própria vida e a morte dos outros? 

Vol.3 
Suzannah é uma adolescente como outra qualquer. Bem, quase...Ela tem um pequeno segredo: é uma mediadora. Um dom um tanto incomum para ser divido com os colegas, irmãos e até mesmo com a mãe. Mas de uma pessoa Suzannah não conseguirá esconder seu segredo. Gina, sua melhor amiga de Nova York, está na cidade passando uns dias com ela. Durante sua estada, quatro adolescentes morrem num acidente de carro. E Suzannah se vê obrigada a abrir mão de seus dias tranquilos com a amiga para ajudar as almas penadas. 

Vol.4 
Suzannah esta de férias e começa à trabalhar como babá em um hotel chique, pois seu padrasto lhe dá duas alternativas: trabalhar, ou receber aulas particulares. Lá, ela conhece Jack, um mediador e Paul, seu irmão, um garoto muito estranho que logo se apaixona por Suze. Porém não é correspondido. Suzannah tem que trabalhar e fugir das cantadas de Paul. Numa noite, Suzannah é acordada por um fantasma de uma mulher, a ex-noiva, Maria de Silva, do seu namorado Jesse, e ainda exige que a construção de uma piscina nos fundos da casa de Suzannah seja interrompida imediatamente e isso faz Suze pensar em o que esta escondido lá. Será o corpo de Jesse? Suzannah em nenhum momento descarta essa possibilidade. Mas se for isso mesmo? E se solucionarem o seu assassinato e Jesse finalmente passar para o outro lado? Como será que isso vai terminar? Para nossa querida mediadora, problemas e aventuras é o que não falta. E será que Jack fará as escolhas certas? O amor entre Suzannah e Jesse irá aguentar a todas as coisas que acontecerão?

Ponderação:
Bom! É um tema que já deu o que tinha que dar. Você ter visões e conversar com almas penadas. Há várias maneiras de encarar isso. Se tonando um estudioso ou levar a coisa pelo lado da brincadeira. E é assim que a autora fez! Levou Suzannah para uma aventura que só com muita experiência se pode ir ao encontro de outras dimensões, como há mais mistérios entre o céu e a terra do que sonha toda a filosofia. Bem, a verdade, dei tremendas risadas com as aventuras de Sue.



9 de março de 2014

História da Leitura

História da Leitura: do papiro ao papel digital
Marco Antonio Simões. São Paulo. Editora Terceira Margem. 2008. 208 páginas.

Sinopse / Ponderação:
Historicamente, a leitura esta intrinsecamente ligada ao homem e sua evolução. A escrita. A voz da civilização, do inicio até os dias atuais. 
A leitura de um texto simples, em suportes diferenciados, mesmo que seja fragmentada, terá experiências sentidas em forma diferenciadas. 
Paredes das cavernas; pedras e madeiras, os primeiros suportes. Mas como o papiro têm-se a primeira vantagem, o fator de manejo e transporte (portátil). Relata com pequenos detalhes o aparecimento dos suportes da escrita e leitura. Surgem os pergaminhos e as bibliotecas de Pergamo e Alexandria. E o papel, na China, por volta de 105 d.C. 
Ironicamente, a leitura desempenhou um papel importantíssimo no crescimento e evolução do cristianismo. E, nos da, através dos textos bíblicos a história do mundo através do Antigo e Novo Testamento. A Bíblia apresenta-nos a evolução simultânea da alfabetização, escrita e leitura, mesmo aos poucos que podiam fazer uso da educação formal de então. Na busca de ensinamentos deixados por Deus e Cristo, esquecemos do legado deixado nos relatos lido, por nós, na Bíblia, 
Os gregos valorizavam mais a fala oral do que a escrita. Isto é, a leitura silenciosa era feita por poucos, os que são instrumentos de verbalização dos símbolos para serem lido em voz alta para os leitores ouvintes. Com toda essa explicação, lembrança das aulas de História e Alexandre, o Grande. A formação da Biblioteca de Alexandria e conseqüente declínio do Império Grego, dando passagem ao Império Romano. 
O povo etrusco vencido por Roma, com a solidificação do latim como idioma oficial, a construção de estradas, o que permitiu o desenvolvimento do Império. Foi agregando a cultura grega para a realidade da nova organização governamental. A leitura passa de ser oral ao âmbito doméstico, em reunião e celebração, havia uma pessoa lendo ao individual, leitura silenciosa. A formação de bibliotecas particulares. E a leitura atinge o público feminino. Diversificando o público leitor. 
Uma citação de Poirier[1], que é bem atual e aplica-se aos amantes da leitura – “O livro penetra na vida de cada um, mesmo que não saiba ler, em vez de ser uma coisa misteriosa, e havia em Atenas livros à venda e lugares determinados para vendê-los.” 
Na Idade Média, a leitura deixa de ser oral e pública e torna-se silenciosa e individual – embora alguns filmes mostrem o contrário. O livro não circula, fica recluso aos mosteiros e aos religiosos. Há de certa forma, uma censura, pois esses mesmos religiosos decidiam o que, aos poucos alunos, deveriam ler. A sabedoria dos livros era guardada a sete chaves! Mas o Papa Gregório, o Grande diz: - “quem quer que olhe para esse texto sem entendimento do espírito do discurso sagrado, tanto não instruirá a si mesmo com sabedoria, como se confundirá com ambigüidade, porque algumas vezes as palavras do texto literal contradizem-se. Para buscar a compreensão da verdade, precisamos humildade de coração; para encontrá-la, leitura diligente.” [Bíblia in Mor alia de Joe – p. 71]. Curiosa citação, levando em consideração a população mundial daquela época, somente 20% tinha acesso a leitura, uma estimativa pouco otimista. 
Surge a figura do bibliotecário. Já, na segunda metade da Idade Média, com as Cruzadas e o desenvolvimento do papel trazido do Oriente para o Ocidente, o nascimento das Universidades, o lento desenvolvimento da burguesia. O livro e a leitura saem da vida reclusa dos mosteiros para as iniciantes cidades, criando o “profissional do livro” [O que seria o editor de hoje]. Portanto, a leitura ganha novos adeptos. 
Aspecto interessante, a narrativa de como Gutemberg chegou ao seu maior invento – a imprensa de tipos móveis e a Bíblia – transformando a leitura, livros, jornalismo numa preservação de idéias, difundindo informações. Vale lembrar que antes dos tipos móveis, os livros eram copiados por escribas, tornando cada exemplar em um ‘único’. Analisa a produção de livros como fator de economia e desenvolvimento no caminho da nova sociedade nascente: a classe média. 
Gutemberg e sua invenção contribuíram muito com a impressão da Bíblia, da vulgata latina (Latim) para o vernáculo (idioma local), auxiliou a Reforma e Contra-Reforma do Cristianismo/Protestantismo e dos movimentos para a liberação da leitura e sua interpretação (individual/pessoal » laica). 
Deixando a leitura religiosa de lado, Dom Quixote de Cervantes, constitui uma alegoria ao ato de ler e o desenvolvimento do capitalismo (editar um livro). A Encyclopédia (francesa e inglesa) desempenhou papel importante em toda a panorâmica da Revolução Francesa e Industrial. Temos, aqui, a leitura útil[2] e o desenvolvimento dos métodos de alfabetização[3]. Nascimento da literatura romântica. Os jornais contribuíram muito e muito, publicando em capítulos (ao igual que nossas telenovelas). 
Computador, hipertexto[4], texto eletrônico; uma revolução no suporte do texto. Combinando tecnologias, além do texto escrito vem agregado o som, imagem, informações numa convergência quase absoluta de todas as formas de comunicação. Agora, momentâneo e efêmero. Um oceano de informações. 
Embora, muitas profecias a respeito do fim do livro impresso, como já profetizaram o fim do jornal, do rádio, do cinema e eles sobreviveram e sobrevivem cada um com sua linguagem. O livro??? 
Mas, onde ficará o prazer do manuseio das páginas de um livro, quando estiver lendo, sentado embaixo de uma árvore ou deitado em sua cama, antes de adormecer? Já o livro digital precisará de energia ... e se ela faltar??? Ele poderá apresenta-lhe o mesmo prazer e conforto? 
A cena final de Fahrenheit 451? 


[1] Página 58 do presente livro {POIRIER, Jean. História dos Costumes. Vol. 1, o reino humano, cap. III, o Homem e o Livro, p. 177} 
[2] Já abordado nos textos: Leer Mejor (de 01/07/2012) e Ler Melhor I e II (05 e 12 de agosto de 2012) 
[3] Idem acima. 
[4] História da leitura: do papiro ao papel digital. Marcos Antonio Simões. São Paulo, Terceira Margem, 2008.




2 de março de 2014

Grandes Entrevistas: Escritores

Grandes Entrevistas: Escritores
Luciano Trigo, org. São Paulo. Globo. 1994. 285 páginas.

Amigo Leitor, Amiga Leitora, Perdão! Mas vai ser longo.

Sinopse:
Algumas vezes, o valor da informação pode transcender seu próprio meio de origem. Como neste caso, em que 23 entrevistas feitas com grandes escritores e publicadas originalmente pelo jornal O Globo conquistaram aqui, merecidamente, a perenidade do livro.
A coerência, a pertinência das questões levantadas e a profundidade alcançada pelos profissionais que assinam esta coletânea são características do bom jornalismo que se conservam aqui em benefício do leitor.

Ponderação:
Estava tentando lembrar o porquê da aquisição desse livro de/com entrevistas. – Bem! Lembrei... Foi para o curso de Espanhol e a existência de escritores hispanos e hispano-americanos. A segunda questão, ampliar o conhecimento sobre escritores e a visão de mundo de cada um deles.
Essa ponderação caminha numa estrada diferente, não sendo ficção e muito menos não ficção, encara uma publicação, onde preservar a efemeridade das publicações diárias que envelhecem a cada dez minutos. O livro apresenta 23 entrevistas (selecionadas e, também, com interligação de assuntos entre os entrevistados) e publicadas entre 1990 e 1993, no jornal carioca, O Globo.
Vale lembrar – a natureza jornalística, o momento histórico vivido pelos entrevistados em relação ao mundo e dos entrevistadores/repórteres.
O Prefácio e Apresentação deveriam ser lidos e relidos pelos meus colegas novatos da imprensa, para não sair fazendo perguntas idiotas. Aula de como ser um bom repórter/entrevistador. Sugere, caso não se tenha domínio sobre a obra do entrevistado, façamos uma lição de casa, procurando ler o que já foi dito ou publicado a respeito.
Nesta releitura, pude observar detalhes não observados na fragmentada leitura anterior. John Barth, Norman Mailer, Camilo José Cela e Harold Robbin foram os entrevistados mais bem humorados. Ao término da leitura, sai com algumas indicações, que já estão na lista de procura e leitura deste ano.
A cada entrevista reproduzida é dada uma biografia resumida do entrevistado, atualizada, naquele 1994, ano da presente edição. A seguir o mais significativo de cada um. Até o momento, destas linhas serem escritas, nove (9) ainda vivem.

Jorge Amado (1912-2001). Página 17 <‘Não sou sociólogo, mas sem democracia não se pode construir o socialismo. O coletivo não é o oposto do individuo como ser humano, você não pode pensar em socialismo.’> – Tem algo haver com a Grécia Antiga?!...

Sidney Sheldon (1917-2007). Suas histórias eram mais cinematográficas que propriamente literárias. Página 28 <‘...Mas, apesar da explosão de consumo do vídeo, que faz com que as pessoas leiam cada vez menos, acredito que sempre haverá espaço para a literatura.'>
<‘Alguns gostam, outros odeiam meus livros. Eu não escrevo para a crítica. Os críticos são determinantes apenas para os lançamentos de livros de escritores novatos. Um escritor com experiência como eu não é afetado pela crítica.'> – Uau! Será que ao fazer uma crítica, o crítico tem visão e cultura suficiente para criticar uma obra?

John Updike (1932-2009). Página 37 <‘...E claro que filme e livros devem ser um pouco loucos, mas neste caso tudo virou uma confusão. Achei embaraçoso. Um livro é inanimado, você lê sozinho; o escritor pode ser bem indiscreto e explícito. Um filme é um evento social, com várias pessoas em uma sala...’> - Ops! Tem ou teve alguém que aproxima de minha afirmação de não gostar de adaptações literárias ao cinema. Página 45 <‘Eu falava também sobre uma rebelião dos idosos e menos favorecidos, que se recusavam a ser amparados. Tinham comida e teto mas perdiam a liberdade. Acho que isso é verdade hoje: os mendigos e desabrigados preferem viver nas ruas a ir para abrigos. Eles se rebelam contra as regras. Em um país onde vencer é tão importante, o problema todo é discutir o que fazer com os perdedores. É um problema visível, basta andar nas ruas de Nova York. Ao mesmo tempo você se sente culpado se não ajudar e sabe que não pode ajudar a todos, é um sentimento contraditório. Se você tivesse uma arma, talvez matasse boa parte deles, porque estão invadindo o seu espaço psicológico. Cortam o coração, é verdade, mas também provocam muita raiva.’> - Updike fala comparativamente de suas obras em relação aos moradores de rua em Nova York. Mas parece-me um fato universalizado, há sempre alguém comentando sob o assunto em qualquer grande cidade. Porém se há rebelião contra as regras? Eles não podem nos fazerem sentir culpados, porque seguimos as regras. Eles (moradores de rua) não podem nos obrigar a socorrer-los porque eles não querem seguir regras. Se eles se consideram perdedores, que busquem alternativas para serem vencedores.

Allen Ginsberg (1926-1997). O poeta criou uma situação e houve seguidores pelo mundo afora, mas poucos entenderam sua linguagem.

John Barth. Está com 84 anos. Elogiou Machado de Assis. Página 74 <‘Precisamente, o que eu acho é que nunca foi possível, em nenhuma cultura, em nenhuma época, escrever algo inteiramente original. Porque a literatura é feita de linguagem, e a linguagem não é algo que se possa inventar, nós a herdamos do passado.’> - Estabelece vinculo e valoriza o passado.

Adolfo Bioy Casares (1914-1999). Página 81 <‘Tenho a impressão de que escrever é quase um presente que nos deu algo que não abemos o que é. Não depende da nossa consciência, mas de algo inconsciente, como os sonhos. Mais tarde, a armação do texto, sim, é trabalho da consciência e da inteligência. Eu sempre senti fascinação pela literatura. Gosto de escrever, me divirto escrevendo, é uma segunda natureza em mim. Escrevo até mesmo uma frase engraçada que ouço um garçom dizer num restaurante. Mas a minha verdadeira excitação pela literatura me chega através do que leio.’>

Saul Bellow (1915-2005). Outro escritor que fez elogios a Machado de Assis. Página 100 <‘Não é só este país, é o mundo inteiro que está sem esperanças, em muitos aspectos. Na verdade, penso na América como um laboratório para a experiência democrática, e isso é de importância crucial para o resto do planeta. Creio que a América tem o mérito de ter demonstrado os caminhos que deve ou não seguir uma sociedade capitalista democrática, combatendo ditaduras e o protecionismo. É claro que isso tem um preço.’>

Peter Handke. Está com 72 anos. Sobre escritores que viram políticos, no caso Vaclav Havel. Pode-se estender essa análise, se podemos chamar assim, análise, as demais categorias de profissionais ligados as artes, músicos, cantores, atores e... Páginas 113-l114 <‘Um escritor é sempre escritor, não vira presidente. Isso é uma vergonha. Ele deve estar satisfeito por ter sido libertado da tarefa literária, que é muito mais difícil do que ser presidente. E o que ele escreveu não tinha muito valor. Admiro sua bravura, mas ele me enerva. Não gosto de ouvir falar de escritores que entram na política e aí passam a ter saudade de escrever. Ou a gente faz uma coisa ou não fala sobre ela.’>

Paul Auster. Está com 67 anos. Páginas 119-120 <‘... As pessoas costumam dizer que meus livros são cheios de coisas inimagináveis, mas é assim que o mundo funciona, essas coisas acontecem o tempo todo. Eu tive tantas experiências como essa que sinto ser minha obrigação, como escritor, de produzir livros assim. Nós, cidadãos do mundo do final do século XX, temos a impressão de que a realidade é muito planejada, suave, e que coisas como essa não podem acontecer jamais, apesar de todas as coisas grotescas que acontecem todos os dias, apesar de todas as ameaças que sofremos nos últimos 50 anos. As pessoas lêem muito novelas realistas que pretendem apresentar o mundo como ele realmente é, mas isso é fabricado. As coisas são muito estranhas.’>

Ricardo Piglia. Está com 71 anos. Sobre o processo narrativo dentro da literatura. Páginas 129-130 <‘Porque me interesso muito por saber como circula a narrativa, pois ela é um elemento da vida social tão importante quanto o dinheiro. Ela constitui um tipo de intercâmbio muito importante entre as pessoas. Imagino que, se fosse possível reunir todos os relatos que foram feitos durante um dia numa cidade, se saberia muito sobre essa sociedade. Não só pelo conteúdo das histórias mas também pela forma. Essa é a matéria básica dos romances. Outra questão muito interessante na ficção é que a relação entre falso e verdadeiro é muito imprecisa. Dependendo da maneira como as pessoas encaram a vida e a literatura, algo pode ser verdadeiro ou falso ao mesmo tempo. É um jogo com elementos de incerteza e indecisão. Nem tudo é totalmente verdadeiro ou falso. De um mundo em que tradicionalmente o relato oral esteve nas mãos dos pescadores, dos camponeses, dos escritores, passamos a outro, no qual o relato social está nas mãos dos meios de comunicação de massa e do próprio Estado, que geram continuamente processos narrativos. Ou seja, hoje em dia as pessoas estão buscando a narrativa em outros lugares, fora dos romances – na televisão, no cinema, no jornalismo. Ou seja, a realidade está cheia de histórias, e é por isso que eu creio que o problema de um escritor não é ter ou não histórias, porque elas estão sobrando.’>

Harold Robbins (1916-1997). Sobre adaptações de livros para o cinema e a televisão. Páginas 145-146 <‘Não. Não gosto de ver meus livros transformados em filmes. Eles mudam muito a história. Eu poderia adaptar meus próprios livros, já fiz isso uma vez, mas não faria de novo. Não vale a pena. Dá muito trabalho, pagam mal e tem muita gente dando palpite. Escrever é um ofício solitário, e eu gosto muito de trabalhar comigo mesmo.’>

Toni Morrison. Está no auge dos 82 anos. Página 154 <‘Eu queria me concentrar na principal idéia do livro, que é analisar a forma como o fato de ser branco se torna uma ideologia, mais do que uma característica biológica. Como isso torna um meio de se pensar sobre o mundo, ou imaginar o mundo – tal como os escritores fizeram, por exemplo.'>    A escritora faleceu na data de 03/08/2019 com 87 anos.

Frederick Forsyth. Está com 76 anos. Autor de “O Dia do Chacal”. Páginas 167-168 <‘O problema é que se sabe muito pouco sobre o fundamentalismo islâmico. É um desses movimentos que de tempos em tempos surgem no mundo e captam os corações e mentes de milhões de pessoas, que se tornam fanáticas. Se as lideranças forem agressivas, os seguidores fanáticos podem fazer qualquer coisa que elas mandarem. Quando se fala em fundamentalismo islâmico as pessoas costumam associá-lo diretamente ao estilo iraniano, xiita, mas a Argélia e a Arábia Saudita são basicamente sunitas. Esse tipo de fundamentalismo prega a estrita obediência às leis religiosas dentro de seus países e não representa uma ameaça para nós. O único problema é quando eles começarem a dizer como nós devemos nos comportar.’>

Bernard-Henri Lévy. Está com 63 anos. Página 176 <‘Na época, como todo mundo, eu pensava que a revolução estava a caminho e que as forças da reação ignóbil e infame contribuíram para o seu fracasso. Hoje, retrospectivamente, sou mais circunspeto e acho que aquela revolta teve muito menos importância do que imaginávamos na época. Não foi, como pensávamos, a alvorada de um tempo novo, mas o crepúsculo de um tempo antigo.’> - Referência a maio de 1968.

Gore Vidal (1925-2012). Páginas 188-189 <‘Fiz uma palestra no National Pen Club de Washington sobre como a única soberania possível era a que estava expressa na Constituição americana. “Nós, O Povo, reunidos em um Congresso”, e sobre como era chegada a hora de retomar nosso país das mãos das grandes corporações que são donas dos dois partidos – que na verdade são um só. Este discurso está incluído no meu livro Decline and Fall of American Empire. O “candidato a candidato” Jerry Brown me telefonou para perguntar se poderia utilizá-lo nas primárias. “Sim”, eu respondi, “com minha benção.” Como ele perdeu, foi Clinton quem se apossou deste discurso. Em seguida, Perot fez a mesma coisa. Finalmente, até Bush usa fragmentos dele. Sinto-me como Pirandello – com quatro atores de palco em palco pelo país afora, descarnando minhas palavras. Clinton vai vencer. Mas eu me pergunto se ele compreende a profundidade da grande questão: se não convertermos a guerra – depois de 42 anos – em paz, nós desaparecemos do Primeiro Mundo para tomarmos lugar ao lado de nossos colegas falidos do Ocidente, o Brasil e a Argentina.’> - Essas palavras foram ditas em 1992, já se passaram 22 anos, era alguma profecia? Será que os políticos, daqui, fazem uso nos seus discursos de discursos de obra de ficção para dizer que são inteligente e talvez quem sabe não  dizer a que vieram???

Salman Rushdie. Está com 67 anos. Vive de forma secreta. Páginas 200 e 201 <‘Mesmo que volte a ter hábitos normais, a minha vida será diferente, pois nunca mais poderei ser o mesmo que era antes de fevereiro de 1989. Eu era no fundo um escritor satírico, com tendência esquerdista, que estava acostumado a escrever sempre contra alguma coisa. Eu me preocupava em ser contra mas nunca refletia muito sobre o que queria. Hoje acho que precisamos lutar não apenas contra, mas também a favor de alguma coisa. Hoje lutaria com todas as minhas forças pela liberdade da palavra.’> <‘Posso apenas dizer que me decepcionei muito com o Partido Trabalhista inglês, que me apoiava e me deixou na mão. Foi exatamente o partido que mais critiquei nos últimos 20 anos, o Conservador, que me forneceu maior ajuda, salvando a minha vida. Também fiquei desapontado com a minoria asiática de imigrantes que vivem na Inglaterra. Eu sempre lutei por eles, mas mesmo assim foram eles que primeiro queimaram o meu livro. A minha visão de mundo mudou radicalmente.’>

Juan Carlos Onetti (1909-1994). Página 208 <‘Não é uma antítese deliberada. Eu não me proponho a destruir o happy end. Sai assim, que culpa tenho eu? Já se falou muitas vezes que o escritor não é mais que um médium, que encarna anjos ou demônios. Eu não sei se isso é sério. Mas quando começo a escrever algo, não sei exatamente como vai terminar.’>

Guillermo Cabrera Infante (1929-2005). Página 224 <‘A decepção é fundamentalmente com o castrismo. Mas também nunca tive ilusões com o comunismo. Desde os 6 ou 7 anos, como filho de fundador do partido comunista, eu conhecia as manobras comunistas. Muito simplesmente porque meu pai, na minha aldeia, além de fundador do partido, era chefe de propaganda. Eu vi meus pais serem presos pela ditadura de Fulgêncio Batista em 1936 e escaparam por pouco de serem mortos. E dois anos depois eles estavam fazendo campanha a favor de Batista por determinação do partido. Por isso, nunca tive ilusões com o comunismo.’>

Camille Paglia. Está com 67 anos. Suas palavras soam igual ao Eco, ficam perdidas no vazio.

Camilo José Cela (1916-2002). Página 240 <‘Quis dizer, um pouco por brincadeira, que, mais que um destino, as duas coisas representam uma culminação. Em termos de tradução, o máximo que pode ocorrer a um escritor: é ser traduzido para o latim, uma língua morta. E o prêmio máximo que se pode dar a alguém nesse vale de lágrimas que é o ofício do escritor é um Nobel.’> - Ah! Livros traduzidos ao latim, será uma idéia de preservação para o retorno do uso da língua morta? Será que foi daí que Zafón criou o seu ‘Cemitério dos Livros Esquecidos?

William Styron (1925-2006). Como criar uma história baseada na leitura de dois livros. Páginas 254-255 <‘A história foi parcialmente inspirada em dois livros que li: um deles, publicado logo após a Segunda Guerra, sobre uma mulher que havia passado pelo campo de concentração de Auschwitz, chamada Olga Lengyel. Ela descrevia como havia saído do campo com suas duas crianças através da Romênia. Apesar de não ter tido que fazer a escolha, como Sofia, ela teve que mentir sobre a idade das crianças, e isso fez com que um de seus filhos fosse levado e, provavelmente, exterminado. Na época fiquei muito chocado. Anos depois, Hannah Arendt escreveu Eichman em Jerusalém e, numa passagem, contou sobre o caso de uma cigana que teve de fazer uma escolha entre os dois filhos. E Arendt descreve isso como o pior crime que possa haver: fazer de uma mulher a assassina de seu próprio filho. Isso também me tocou muito e, dez anos mais tarde, me dei conta de que precisava contar esta história, recriando a memória de uma garota que eu havia conhecido no Brooklyn, chamada Sofia.’>

Norman Mailer (1923-2007). Página 273 <‘Eu acho que nós, escritores, vamos ser derrotados, que não conseguiremos mostrar como a vida é complexa. E as pessoas buscam visões cada vez mais simplistas da vida, até chegar a um beco fascista sem saída. O ponto em que estamos parece o último estágio antes do desprezo pelas liberdades, e isso parece ser a tendência no mundo inteiro, algo que realmente me assusta.’>

José Saramago (1922-2010). Páginas 280-281 <‘A minha intenção foi ser irônico, ou seja, não venham dizer outra vez que isso é falta de respeito, porque eu não tenho culpa de nada. Se alguém tem culpa, são os que, para chegar ao Paraíso em nome de Deus, andam a trucidar-se uns com os outros. Sem dúvida, houve quem interpretasse O Evangelho Segundo Jesus Cristo, por exemplo, como um livro ofensivo. Mas também houve crentes católicos que leram o romance com olhos mais inteligentes. As reações dos leitores são sempre múltiplas e variáveis. O que não permito que me aconteça é me deixar condicionar por essas reações. Continuarei a escrever aquilo que entender justo e necessário na relação que eu tenho com essa instituição de poder que é a religião.’>