29 de dezembro de 2018

Nada

Nada
Nada. Carmen Laforet (1921 - 2004). Trad. Rubia Prates Goldoni. Rio de Janeiro. TAG / Alfaguara. 2018. 279 páginas. [Prefácio de Vargas Llosa]

Sinopse:
Andrea é uma jovem solitária que, depois da Guerra Civil Espanhola, muda-se para Barcelona para morar na casa da avó e cursar a faculdade de Letras. Ela chega à cidade cheia de expectativas, mas a realidade a assusta logo no primeiro dia, ao ter contato com a família. Na faculdade, ela tem poucos conhecidos e vive num clima de falsas aparências, em que as pessoas escondem suas verdadeiras intenções. Em meio a escândalos e intrigas, Andrea terá de aprender a viver e, quem sabe, encontrar a felicidade.

Ponderação:
O sentimento de inadequação e o desamparo sempre. Barcelona após a Guerra Civil Espanhola (1936-1939), também, importante notar, embora a  Espanha tenha ficado neutra, o mundo estava em guerra, temos uma parcela na contribuição dos ânimos dos personagens.  
Andrea chega para morar na casa de sua avó e tinha grandes recordações de um ambiente agradável, para poder estudar Letras. Lá vê tudo mudado e transformado. Tudo em declínio, quer psicológico, financeiro e, até, moral. Há momentos, em que não sabemos definir se Andrea e Román são principais ou não, no confronto do desenrolar da história. No fim, percebe-se que a amizade é um tema muito importante.

Andrea  - Se apresenta como uma pessoa complexada, sempre se comparando com os seus colegas de sala que eram ricos, de fachada. Mesmo na rua, ela se sentia inferior se deparar com outras pessoas. Egoísta.
Román - A raposa vestida de gente. Manipulador. Possui especial prazer em provocar a discórdia na família. Extremamente narcisista. Era tão ruim que todos saíram ganhando com sua morte.
Angústias - A mais de uma hipócrita. A mais dúbia entre todos os  personagens.
Juán -  Pessoa, totalmente, desequilibrada. Aceita tudo de Román, porém gosta de bancar o durão e se vale de violência contra a esposa. 
Glória - Casada com Juán. É descrita pela sua beleza, não é muito inteligente, Uma das poucas pessoas sensatas na casa.
Menino - Filho do casal Glória e Juán. Com certeza será um adulto problemático, com os pais que tem.
Antonia - Empregada da casa. Mais parece a dona da casa, já que ninguém ousa entrar na cozinha,  quando a mesma se encontra. Adora rir da desgraça alheia. Apaixonada por Román.
Trueno - O cão da 'família'
Avó - Uma senhora que adora ver o bom das pessoas.
Ena - Amiga rica e sincera.
Pons - Representa a mesquinhez.


21 de dezembro de 2018

Vitória

Vitória
Joseph Conrad (1857 - 1924). Trad. Hilton Lima. Porto Alegre. TAG / Dublinense. 2016. 400 páginas. [Posfácio de John Gray]

Sinopse:
Joseph Conrad é um escritor singular na língua inglesa. O estilo único é resultado de sua formação poliglota e multicultural: Conrad nasceu na Polônia, foi educado em polonês e em francês, além de ter estudado latim, mas escolheu o inglês para escrever, idioma que só foi aprender aos vinte e um anos. Isso lhe confere um manejo incomum da língua, pois sua prosa evidencia a cadência latina. Suas frases ondulantes criam um ritmo nunca antes visto, selvagem e – ainda assim – sofisticado.
Vitória foi finalizado em maio de 1914, mas publicado apenas no ano seguinte, já em meio à Primeira Guerra Mundial. O livro traz temas recorrentes na obra de Conrad, como a solidão, a inconformidade com o mundo, o conflito entre o mal e a esperança. Seu protagonista, Axel Heyst, instala-se em uma ilha no sul asiático, em total isolamento, após um fracasso comercial que não abala sua aceitação resignada do destino. Mas a aparição de uma jovem musicista desperta nele um instinto de proteção que o levara a uma crise de identidade, e mais tarde, ao enfrentamento de grandes perigos.

Ponderação:
Psicologia. Convicções. Críticas sempre haverá. Distanciamento do meio social. A meditação profunda é a grande inimiga da perfeição e, talvez, um hábito pernicioso. Ciência X Magia. Ganância. Riqueza. Pobreza. Colonização. Exploração. Isolamento. Portugueses e sua eterna burocracia. Quando uma inverdade é disseminada, rancor através da falta de conhecimento dos fatos cometidos pela ação corajosa de uma branda atitude de boa fé, convence até um anjo, Schromberg e seu coração. O diálogo entre o Sr. Jones e Heyst é um embate surreal tamanha é sua veracidade. No fundo, a Vitória é para Lena, em sua serenidade e perpétua preocupação com o bem estar de seu salvador.



19 de novembro de 2018

A Primavera da Pontuação

A Primavera da Pontuação
Vitor Ramil. São Paulo. Cosac Naify. 2014. 114 páginas no formato digital.

Sinopse:
Certa manhã, pinta-se um quadro negro: uma palavra-caminhão, dessas que trafegam ameaçadoramente inclinadas, carregada de letras garrafais, atropela um ponto numa esquina de frases e foge sem ser identificada. Enfurecida, a pontuação se revolta e o quadro político e social de Ponto Alegre se desequilibra. No desenrolar da trama, o Rei que não governa, o Regente com problemas de regência, a Rainha ambiciosa e traiçoeira e a Passiva — polícia secreta do Estado — terão de enfrentar os perigosos radicais Grego e Latino (do grupo terrorista Compostos Eruditos), uma igreja popular recém criada e o descontentamento generalizado que teve início com o atropelamento do pequeno ponto. 
A primavera da pontuação transcorre no mundo da linguagem. Nele, o leitor entrará fascinado para confundir-se com os protagonistas da língua e acompanhar a lógica de suas ações. Ficção científica, farsa e romance pop convergem nessa obra divertida e inteligente, em que a erudição linguística ao mesmo tempo fabula, explica e provoca.

Ponderação:
Emília no País da Gramática no século XXI com tempero político. Porém, faz uma inteligente e humorada fábula dos acontecimentos ocorridos no país desde 2002 até nossa atualidade. Há uma expressão - "Ah! Se eu fosse você" - que não há uma equivalência em outros idiomas, na tentativa de exprimir o que nosso português permite; assim, acreditamos na, possível, não leitura dessa  obra no estrangeiro, justo pela simplicidade linguística adotada pelo autor. nos brindando, maliciosamente, no jogo da conjugação verbal. O uso de vocábulo em desuso nomeando determinado personagem. Todo o universo do Reino Gramatical, trazendo-nos a lembrança de como nos debruçávamos nos estudos linguísticos, enquanto éramos estudantes.

"Mas dizem que Deus escreve certo por linhas tortas."

"É bom ser prudente. O diabo escreve torto por linhas certas."


 

17 de novembro de 2018

A Promessa / A Pane

A Promessa / A Pane
Das versprechen / Die panne. Friedrich Dürrenmatt (1921 - 1990). Trad. Petê Rissatti e Marcelo Rondinelli. São Paulo. Estação Liberdade.  2018. 224 páginas.

Sinopse:
A Promessa, primeiro título deste livro, é uma obra engenhosa, filosófica e paradoxal, que satiriza e reverencia o gênero policial de forma simultânea. Já a novela A Pane revela o brilhantismo de Friedrich Durrenmatt em elaborar debates teóricos ao mesmo tempo que presenteia o leitor com uma história tão cômica quanto original. Em ambas as obras, saltam aos olhos alguns dos temas que tornaram Durrenmatt um dos maiores escritores suíços do século XX: a justiça, o dever moral, a responsabilidade ea a absurda força do acaso.

Ponderação:
Tenho me surpreendido com a leitura de alguns livros, desde a minha decisão de associar-me a TAG - Experiências Literárias; alguns não gostei. A maioria, gostei, outros poucos, adorei. Até nos "Inéditos" trouxe pequenas surpresas.
Porém, esse "A Promessa / A Pane", devidamente, dizer, tratar-se de dois livros distintos em um volume, é mirabolante. Uma hora é metalinguagem dos romances/enredos de história policial. Outro momento entra uma narrativa sem pé e sem cabeça. Problemática real. Há uma crítica às atividades policiais, falhas na condução da investigação. Final esnobe e confuso. O segundo é uma sucessão impagável, um jantar, muita conversa, comida e bebida. Onde a pane chegar, chegou, quem levou a pior?


23 de outubro de 2018

Flores para Algernon

Flores para Algernon
Flowers for Algernon. Daniel Keyes (1927 - 2014). Trad. Luísa Geisler. São Paulo. Aleph. 2018. 288 páginas.

Sinopse:
Aos 32 anos, Charlie trabalha na padaria Donners, ganha 11 dólares por semana e tem 68 de QI. Porém, uma cirurgia revolucionária promete aumentar a sua inteligência, considerada gravemente baixa. O problema? Enxergar o mundo com outros olhos e mente pode trazer sacrifícios para a sua própria realidade. E resta saber se Charlie Gordon está disposto a fazê-los.

Ponderação:
É tudo muito óbvio: Assistir alguns vídeos-resenhas, onde as considerações focadas no enredo e na escrita inicial da narrativa com base na má escrita em português, porém esquecem de ser uma tradução, que acompanhou a má escrita no idioma original, em inglês. Talvez, tenhamos mais conhecimentos do que os atores dos vídeos-blogs. Encontramos uma pequena falha na revisão do texto/tradução, porque a narrativa passa-se no final e início dos anos 1959-1960, não era digitar o relatório e, sim, datilografar o relatório, pois Charlie aprendeu a datilografar e não digitar.
Sim, as pessoas maltratam deficientes, uma verdade cruel, a família tem dificuldade em aceitar e lidar com um deficiente, preconceito familiar/parentes, sim. Mas, ser deficiente inteligente, incomoda mais do que ser, simplesmente, normal. Ser inteligente não lhe garante amigos, na maioria das vezes só inveja, verdade seja dita, traz solidão. Não o faz feliz, foi o oposto, afinal o crescimento intelectual de Charlie não acompanhou o crescimento emocional, isto é: para se ter sucesso na experiência haveria de somar os dois crescimentos e não há uma abordagem científica no experimento realizado, neste quesito. Ficou claro que ignorância é uma benção e, muitas vezes, a inteligência produz pessoas que se sintam superiores e esnobes, isto se a inteligência for só acadêmica, humildade é incomum naqueles que 'acham que sabem muito', há poucos Sócrates - só sei que nada sei - neste mundo.




21 de outubro de 2018

Romeu e Julieta aos 60

Julie & Romeo
RAY, Jeanne. Julie e Romeo = 452 - 574 = 122 páginas, trad. Viviane Gouvêa. in Seleções de Livros da Reader’s Digest, edição 2001.

Sinopse / Ponderação:

O Texto, abaixo, foi publicado, originalmente, em 7/4/2012. No que será desativado: allagumauskas.blog.uol.com.br


O gosto que possuo pela leitura deve ser já questão genética, pois é difícil ficar sem ler pelo menos uma página por dia. Com esse gostar, eu já conquistei amigos, que sabedores desse meu prazer, verificam livros em bazares beneficentes e sebos. Bem, foi o que aconteceu em um.
Minha mãe foi em um destes e adquiriu três volumes, novos e dois ainda, envoltos na embalagem plástica original. Três exemplares da série “Seleções de Livros” da Reader’s Digest, são quatro histórias em cada.
No volume cuja 1ª edição brasileira, de 2001, 576 páginas, contendo quatro histórias de autores consagrados e principiantes. Encadernado em capa dura, na cor verde e sobre capa pratada e colorida, informando conteúdo e outros detalhes da obra.
Julie & Romeo, de Jeanne Ray, quarta e última história deste volume, chamou-me atenção de imediato. Amor e ódio caminham junto de geração a geração, sem explicação, remetendo à famosíssima ‘Romeo e Julieta’ de Shakespeare.
Será que Shakespeare imaginaria a possibilidade de colocar o seu Romeo e sua Julieta, em Boston, final do século XX? Ou na própria Verona, Itália? Difícil, mas há centenas de Julietas e Romeos espalhados pelo mundo, que não tiveram um trágico fim. Melhor, conseguiram viver e foram felizes.
Bom, Julie e Romeo se encontram na faixa etária dos 60 anos. Ambos administram a floricultura familiar de cada um. Romeo, viúvo com seis filhos e com a mãe idosa. Julie, divorciada com duas filhas e dois netos.
Durante anos se odiaram, de repente um encontro casual, percebem que não se odeiam, mas que havia simpatia entre eles. Jantam juntos e vários encontros até que os filhos descobrem.
Os filhos dos dois e o ex-marido de Julie resolvem atrapalhar esse relacionamento, os únicos que estão a favor são Plumy e Tony, filhos de Romeo. Ah! também há o caso de Tony e Sarah, ela filha de Julie, impedidos de se casarem motivado pelo ódio entre as duas famílias.
Mas, nem tudo é guerra para as duas famílias e, finalmente, a paz chega. No aniversário de 90 anos da mãe de Romeo, todos ficam sabendo a verdade. Embora os pais de Julie e Romeo estivessem casados e com filhos, o amor surgiu forte no coração da mãe de Romeo pelo pai de Julie. Por sua vez, o pai de Julie prometeu muita coisa a mãe de Romeo, só que ela cansada de esperar uma ação concreta de seu amor, passou a odiar a família de Julie e vice-versa.
Há duas frases que resumem bem a questão: “A menina do aniversário estava apaixonada pelo meu avô, minha mãe está apaixonada pelo seu pai e minha irmã está apaixonada pelo Tony, aqui.” E “Então a base dessa briga chata e interminável é que três gerações de Cacciamani e Roseman apaixonaram-se uns pelos outros”.




30 de setembro de 2018

O Dia em que a Terra quase parou

O Dia em que a Terra quase parou
Ivan Jaf. Escola Educacional. 2006. 80 páginas.

Sinopse / Ponderação:
O Texto, abaixo, foi publicado, originalmente, em 15/09/2013, sob o título "Aventura Diferente", no que será desativado: allagumauskas.blog.uol.com.br


Narrado na terceira pessoa, “O Dia em que a terra quase parou” conta a história de Alfredo e Jorge, dois meninos de treze anos, na região do Morro do Chapéu e da velha rivalidade entre o campo e a cidade; a movimentação da cidade e o marasmo do campo.
Na verdade, os dois não se dão bem. Alfredo sempre morou aí, mas Jorge, recém chegado, vive a reclamar que ali é o fim do mundo. Enquanto discutem, descobrem um desafio, que os obrigam a unirem forças e cabulam a aula do dia.
Os dois partem para a aventura de descobrir o que Inês, uma velha senhora, que se mudou para a velha casa abandonada, e nunca fora vista na cidade há dois anos mais ou menos.
O estranho corcunda era o faz tudo de Dona Inês. Cientista, digamos, maluca. Os meninos ficam cara a cara com ela, após andarem pela casa e túnel abaixo da superfície. Ali ele têm uma pequena aula da estrutura terrestre e viajam na nave-ovo.
Mas, em toda história com cientista maluco o final é sempre favorável aos heróis, Alfredo e Jorge voltam para o local onde estavam ao meio-dia. Voltam, mas já são 18 horas e decidem escrever em um livro as memórias da tarde vivida por ambos.




28 de setembro de 2018

Gritos no Silêncio

Gritos no silêncio
Silent Scream. Angela Marsons. Trad. Marcelo Hauck. Belo Horizonte. Gutenberg Editora. 2018. 315 páginas. 

Sinopse:
Os segredos mais obscuros não podem ficar enterrados para sempre…
Na escuridão da noite, cinco figuras se revezam para cavar uma sepultura, um pequeno buraco em que enterram os restos de uma vida inocente. Ninguém diz nada, e um pacto de sangue os une…
Anos mais tarde, Teresa Wyatt é brutalmente assassinada na banheira da sua casa, e, depois disso, mais mortes violentas começam a acontecer. Todas as vítimas têm algo em comum, e a detetive que encabeça o caso, Kim Stone, logo percebe que a chave para deter o assassino que está semeando o pânico na cidade é resolver um crime do passado.
Só o que ela sabe é que alguém esconde um segredo e está disposto a fazer qualquer coisa para que nada seja revelado.

Ponderação:
É necessário ter folego durante a leitura. Bem estruturada. A tradução auxiliou no ritmo aplicado no desenrolar da narrativa.
Kim Stone é uma protagonista forte mas  ao mesmo tempo vulnerável (esconde seu passado, a causa dele; ela não se permite ter ou sentir emoções.).
Histórias paralelas são contadas e relembradas no decurso das investigações de estranhas mortes de um grupo de pessoas que trabalharam juntas em um orfanato dez anos antes. Simultaneamente, no terreno, onde foi o prédio do orfanato, é encontrado três ossadas. Aí, a descrição científica do trabalho investigativo forense é de prender o  folego; seguir ao próximo capítulo. Há pequenas sutilezas humorísticas entre Kim, Daniel e Bryant.   
Os capítulos 20, 34, 50, 61, 66 relatam como foi o desaparecimento ou fuga das meninas/ossadas. Relatam a mente doentia por trás de uma semi incapacidade de sobrevivência. Uma lógica inexplicável. O verdadeiro assassino tem um misto de "O Médico e o Monstro", 




26 de setembro de 2018

Rumo ao sul

Southernmost: Rumo ao Sul
Southernmost. Silas House. Trad. Elvira Serapicos. Barueri. TAG / Faro Editorial. 2018. 302 páginas.

Sinopse:
Até onde seu amor pode ir? Após uma enchente que leva consigo a maior parte de uma cidadezinha do sul dos Estados Unidos, o pastor Asher Sharp oferece seu telhado a um casal homossexual. As respostas ao ato de solidariedade, entretanto mudam sua visão de vida - e o que vem depois pode fazê-lo colocar tudo a perder: sua esposa, presa no preconceito religioso; sua congregação, que o expulsa apos um sermão sobre tolerância; e seu filho, Justin, preso no meio de uma batalha por sua custódia. Em uma jornada que atravessa o país, Silas House nos conduz a uma bela reflexão sobre o amor, coragem e sobre as consequência de nossos atos.

Ponderação:
Apesar de a diagramação ser agradável a leitura, a numeração das páginas ficou um pouco prejudicada.
Água lembra dilúvio, rio, enchente, oceano, mar, lago, chuva, lágrima; pureza, limpeza. A enchente-dilúvio que o fez quebrar as regras estabelecidas.Protocolo a ser seguido, não permitindo que a magoa das perdas possam ser substituídas pelo 'gratidão'. Amor versus Egoísmo.
Ora Deus está em tudo, não há protocolo único para chegarmos a Deus. Você salvando uma árvore de ser destruída, estará conversando com Deus. Dando um punhado de migalhas de pão aos pombos, estará conversando com Deus. Observando o oceano ou as estrelas no firmamento estará em sintonia cm Deus. Impedindo seu semelhante de cair no vício, estará falando com Deus.
Asher e Justin no turbilhão de suas vidas, nos ensina a ser mais nós mesmos, deixando a necessidade de não seguir a risca as tradições herdadas de nossos antepassados. Nós temos os nossos próprios olhos para enxergar o Deus como ele é. O Tudo e O Nada.



21 de setembro de 2018

Via Lactea

Páginas 90-91 do volume 2 de obras completas de
Monteiro Lobato



Viagem ao Céu e o Saci
Monteiro Lobato, José Renato, posteriormente José Bento Monteiro Lobato. (1882-1948). vol. 2, Obras Completas de Monteiro Lobato. São Paulo. Editora Brasiliense. 1965. 278 páginas. [Capítulo XIV, 90-101]





Amigos, leitores, nesta postagem, colocaremos uma experiência, por nós, realizada no decurso dos meses de junho a agosto de 2010, de parte de um livro de um de nossos escritores mais famosos, Monteiro Lobato. Leitura prazerosa e motivadora. Versão ao inglês. O texto, em inglês, só foi possível, graças a paciência de Jeannete Minassian. O Texto, abaixo, foi publicado, originalmente, em 29/08/2010. No que será desativado: allagumauskas.blog.uol.com.br




Via Lactea


There on the ranch, when Mrs Benta talked about “The Milky way” when the boys looked at the sky. Emilia came with the customary foolishness. They were in the terrace in the evening, to look for the stars.

- “And that species of white cloud that I see there? – Narizinho had asked; and after Mrs Benta talked about “The Milky way” and that “milky” meant “Milk”, Emília came with this:

- “With which milk have they made that? To me it was made with milk of the Great Ursa…”

- Mrs Benta explained that in this case the word “milky did not mean “made of milk”, as cheeses and curds are made and yes that it had the appearance of a milky thing.

- And ‘milky’ doesn’t mean ‘made of milk’?

- No. Milky means what gives a milky color idea or of the milk consistency. That there in the sky is what the astronomers call “nebula”. The Milky way is one of the many nebulas that they see with the telescope in the space. They gave it the name Milky way because of the white color as well as we see it from here.

And what is a “nebula”? – Pedrinho asked.

Mrs Benta scratched her head. It is not easy to explain to the children what is a “nebula”. Finally she said:

- There are several hypotheses, my son. The most accepted hypothesis, today, is just that these are true universes inside the Universe, - Stars archipelagos in such quantity that due to distance they seem a nebula, a cloud. They are million remote stars.

- All as the sun?

- Yes, my son. The sun is a star infinity star that exists in the infinite space. It is just about 150 million kilometers from here, so very close that its light only travels eight minutes and eighteen seconds to reach here, traveling with the speed that you know…

- Three hundred thousand kilometers per second – said Pedrinho

- That’s it. See how it is near! In eight minutes and eighteen seconds its light reaches us. After the sun the nearest star in the universe is about forty trillions of kilometers or four light-years away. It means that the light of this star travels four years to reach us.

- Gosh!…

- And also do you know that this star is very close to us?

- Is it possible? – exclaimed Pedrinho amazed. Are there still more distant things?

- Yes, my son. The modern telescopes reveal nebulas about five hundred million Light-years away.

- “Five hundred million, grandma? – Pedrinho repeated very amazed. That is too much; It ends up to being insolence 

- When they invent the telescopes even more powerful that we have today, it is possible that these nebulas be considered next. And will be discovered others with billions light-years… Because the nebulas are that - true universes inside the Universe, the tremendous distances from our planetary system. And when we start to think of the number of stars, then is when we get dizzy at once. Our galaxy, that is, the Universe where is our sun and also the stars that we see in the sky, they are composed of more than forty billion stars…

- “Forty billion stars, grandma? I am getting totally dizzy…

- So, you’ll stay dizzy totally, knowing that the telescopes reveal the existence of more than a hundred million nebulas, that is, universes inside the Universe, each one with their billions and billions of stars…

Pedrinho pretended that he fell back.

That in the ranch, in the astronomical conversations of Mrs Benta. But now that they were in the sky and that took them exactly to the Milky way, they did not want to know about the astronomers' Milky way - they wanted Emília's Milky way, much more interesting. And it was in the Milky way of Emilia that they played in the infinite spaces.

Emília was just like crazy. She saw countless stars in formation and started to play with them as if they were childhood friends telling them stories of the ranch, Rabicó prowesses, extinct viscount Sabugosa feats and about Dr Livingstone. The stars they had a good time with the news, but they confessed that they did not know anything about the Earth.

- It seems incredible the ignorance of these stars. Emilia exclaimed. When her friends the stars started to wink to sleep. They didn’t know anything about anything. I talked about our great planet earth, I talked about the moon, talked about Mars. And all of them stared at me and opened their mouths. It was the first time that they heard such words.

- Oh! Emília! Pedrinho sighed. That proves that the Universe is infinitely big and that our Earth is a flea. Less than a flea: It is the smallest part of a flea. Each one of these stars when it grows hard becomes a sun – and know, Emília, how many times is the mass of our sun greater than the mass of the Earth?

Emília didn’t know.

- A million and three hundred thousand times! - declared the boy. - The sun has a size that gives even astronomers’ headache - and there are stars very much bigger than the sun, But when the sun appeared was similar to these stars, her friends, from here.

- Then, it is this, that Mrs Benta gives the name of “comical mass”? – asked Emília.

Pedrinho laughed.

- Cosmic mass – Emília – Comic means another thing. Comic is what is funny. Cosmic means relative to the world, or to the planets, or to the Universe, which is the set of the planets.

- But what has the cosmic word with world? It should be “world mass” and not cosmic mass.

- Gramdma already explained that point. Kosmos is a Greek word means world.

While Pedrinho talked, Emília was making little mounds with smaller stars and would travel the stars to adorn her museum there in the ranch´. And Narizinho far from there was jumping from star to star, just as jumping from stone to stone there in the ranch.

Further on there was a point where the cosmic mass was still pure, without forming a little star. Emília ran up to that point and started to roll in her palms that luminous mass, equal aunt Nastácia would do with wheat dough to make little cakes.

Look how beautiful! I did it now! – Emília said, and showing a star in the form of a ring of mandioc flour. – Ring shaped stars don’t exist in the sky. I am going to make some stars and unfasten them in the space to continue growing. You imagine the astronomers' face looking through their telescopes, when they see the “emilianas stars”, all in the ring form.

Pedrinho only wanted to know about comets He joined a dozen of the funnier to carry with him and laugh imagining Mrs Benta’s face seeing him removing from his pocket comet nestlings and more comet nestlings.

- They seem toads, only that these do not lose their tail when they grow. They stay with tails every time larger. That is the comet Halley, that grandma saw in 1910, it had a tail of 45 million kilometers…

And Pedrinho started to tell what he knew about the comets. 

- They are some very curious stars – he said. Also revolve around the sun as well as the planets, but they have different orbits.

- What is an orbit? - asked Emília.

Orbit is the way a star travels. The orbit of the planets is almost a circle, but the one of the comets has the form that the sages call "ellipse".

And what is an ellipse? - asked Emília.

Ellipse is the form of the dirigible balloons or of those long little cakes that aunt Nastácia makes. The comets pass very near to the sun and after get distant at long distances. And they stay thus always: they approach and then they get distant of the sun. Like grandma told, Comet Halley after it passes near the sun, it distances the orbits of Plutão, that is the end of our world (world that revolves around the sun). Does it remove itself you know how much? It removes itself 1 billion and 300 million of leagues! When it arrives to the extreme of the ellipse, it feels frozen than it comes back for the heat of the sun. And thus all life. It comes back every 76 years. 

- What a fool! - exclaimed the doll. - It would be much better if it always rotated to the distance in which the Earth revolves, because then it would have a little heat always.

- They use the system of the eclipse because they like it. - Narizinho said. They should have their rights. And what more do you know about the comets, Pedrinho?

- I know Comet Biela’s story, that is very interesting. This comet gives its complete turn in 6 and a half years, but about the time it passed the view of the Earth in 1846, something extraordinary happened: it divided in two! It divided in two comets with parallel orbits, each one with its “nucleus”, or head, and the respective tail. 

- How funny! And they bet a race in the sky?

- Yes. one started immediately to be distant from the other. A month later was already 60 thousand leagues in front. Six years and half later the comet couple was seen again in the sky of the Earth, but separated by a distance of 500 thousand leagues.

- And later? 


- After elapsed several periods six year and half without both Bielas coming back, until November 27th 1872 reappeared undone in thousands of luminous fragments, always flowing through the same orbit.

- What story is that? 

- It is just that both Bielas had smashed completely and now they were transformed in comet bran. The astronomers calculated in 160 thousand the number of the pieces of Bielas that scratched the sky on that night...

- How amazing that should be! – Narizinho exclaimed animated. - What a beauty!...

- I also find – Pedrinho agreed - and I believe that never in time there were in the sky of the Land a more portentous show. One hundred and sixty thousand comet pieces, imagine!...

- Such a present for the astronomers, no? 

- Yes, And there was a very comic case. Flammarion was one of the biggest astronomers of that time, he was in Rome at that month, convalescing of a malaria attack. And because of the disease he was going to sleep early every day. Because in the famous night of 27 of November, something more terrible of all happened.

- Already I know! - Emília screamed. - It fell onto his head one of the 160 thousand Biela's Pieces...

- No! Something much worse. Flammarion was sleeping during the six hours in the afternoon and stars' wonderful rain started an hour after, exactly at 7, and it lasted six hours. It lasted from 7 up to 1 hour at dawn - and he snoring there in bed, with the closed windows!...The day after, when he arose and knew about what had happened, he almost died of rage.

- But there was not a charitable soul that awoke him on time?

- There wasn’t anything. Everybody was looking at the sky and nobody remembered to call him.

- I would kill myself – Emília said. - If I was astronomer and lost a show like this, I swear that...

- … you would put a cannon shot in your ear, I already know – Pedrinho concludes.

Many other things Pedrinho told about the comets. He only stopped when he saw Emília yawn. - then he started to fill his pockets with new little comets. He wound the tails around the nucleus and kept them. Narizinho, who also was to work with that, she had suddenly a comical idea.

- Do you know what I am going to do? I will tie them to each other by the tails and put them in the ether. You imagine how they will be funny when they grow! And the headache of future astronomers' to decipher the mystery... 

- Do you know what I am going to do? I will tie them to each other by the tails and put them in the ether. You imagine how they will be funny when they grow! And the headache of future astronomers' to decipher the mystery... 

- They aren’t pressed. – Pedrinho said – They formulate a hypothesis and that’s all!

- What is a hypothesis, Pedrinho? - asked Emília. – Mrs Benta uses very much this word, which I find great for the calf's name of the Môcha cow.

- Hypothesis – Pedrinho explained - is when we do not know a thing and we invent an explanation.

Emília liked so much that word that kept repeating of all the manners, as it was her habit with the important words. Hypothesis – theshypo, sethepohy, pohythesi…

- Stop, Emília! – Narizinho scolded - At least here, in this flowerbed of the world, do not poke in the little faucet...

But the doll didn’t hear. She was around with a double star, rare thing as clover of four petals in a garden.

- I found a double star! – she screamed. - I will take it as a present to my little horse without tail. 

After, returning to the comets, she had an excellent idea. 

- What about it, Pedrinho, if I plant a comet tail in my little horse without tail? - and without waiting an answer, she plucked the tail of one of the comets, and wound it and kept it in the pocket of the apron. while she went murmuring with herself: "How it is going to be glad!"

- You spoke about a horse, Emília – Pedrinho said - And I remembered the Burro Falante. Certainly it is hooked in the tail of one of these great comets that walk with crazy rotating in the spaces; and the middle of finding him, is one only: we leave his search set up in another comet. As I said to São Jorge. It is possible, here, when we meet already grown comets that carry us on their back. We will see if we discover one that serves.

And they began to seek a comet. Suddenly, Emília screamed from far away, because she had moved away from Pedrinho and Narizinho. 

- I’m seeing one that serves. Run fast!... 

Pedrinho and Narizinho ran over there and they really saw a comet with a beautiful tail and of the exact size that they wanted. A true colt. 

But it was not easy to catch it. It was an unfriendly and whiny comet, clever like only it can be; it had never seen people, so that it was jumping and it fled when the children approached it. But, about here, and about there, they caught it, finally, and Pedrinho, who was a good horseman, set on it with a jump. After giving his hand to Narizinho and Emília, he helped the two also to sit on the comet.

- And what about a rein? How to arrange a rein to guide this colt to the space? 

- Make a tails rein, of the other little comets – Emília screamed, Dog tail cures bite of the dog, as says aunt Nastácia.

Pedrinho liked the idea, and even astride the horse he managed to reach and to pluck various tails of smaller comets, which in an instant wove in a rein form and passed by the “nucleus” of the colt. The poor comets without tails looked back very disappointed and a lot embarrased. Who gets used with tails does not know how to live without them.

- Don’t be afflicted! – Emília screamed. - There at home there is an illustrious marquis who does not have a tail as well and he lives very well. His name is Rabicó, exactly because of this. Rabicó means without tail. You will be celestial rabicós...

After taming that colt of the skies, Pedrinho asked:

- Ready? Can we leave?

- Not yet! - Emília screamed - I forgot to put in my pocket my stars. Wait! Until I come back. – and there was Emília full of little stars in the pocket of her apron. After this she set up again and shouted to Pedrinho:

- Ready! You can stick the spurs in this “hypothesis”.

Pedrinho didn't do that; he did a more important thing: He scrubbed in the nose of the comet a pinch of pirlimpimpim.

The celestial little colt sneezed and started flying. 


The End




10 de setembro de 2018

Quinto Aniversário


Hoje, comemoramos o quinto ano de nossa existência. Com mais atropelos pelo caminho, alguns pequenos que acabaram tornando-se grandes surpresas. As Tabelas abaixo consiste no controle individual de cada postagem. Temos, a apresentação dos primeiros colocados nestes anos, mostrando alterações entre eles. Então, Parabéns ao nosso trabalho e desejamos que seja triplicado o número de nossos leitores para nossas postagens antigas e futuras.

Obrigada!

Ačiū!

¡Gracias!

Thank you!

Merci!




Evolução das 20 postagens com maior número de acessos.

Quantificação de acessos por postagem.



28 de agosto de 2018

O Quarto em Chamas

O Quarto em Chamas
The Burning Room. Michael Connelly. Trad.Cássio de Arantes Leite. Rio de Janeiro. Suma. 2018. 1ª ed. 400 páginas.

Sinopse:
Entre os casos não resolvidos da polícia de Los Angeles, não é comum que a vítima morra uma década depois do crime. Então, quando um homem falece em decorrência das complicações de uma bala perdida que o atingiu há dez anos, o detetive Bosch é designado para trabalhar em um caso cujo cadáver é recente, mas as demais provas estão praticamente desaparecidas. Com sua nova parceira, a jovem detetive Lucia Soto, Bosch precisa resolver um crime complexo, envolto em esquemas políticos. A partir da bala alojada na coluna da vítima, eles deverão desenterrar informações antigas e perigosas, que revelam que talvez o tiroteio não tenha sido tão acidental quanto parecia ser. Neste novo thriller eletrizante, Michael Connelly mostra mais uma vez que Harry Bosch é considerado um dos melhores personagens de ficção policial.

Ponderação:
Aquela velha máxima que diz: 'o crime não compensa' tem sua valia nesta eletrizante história. Onde temos uma dupla de detetives para tentar solucionar um homicídio com uma década, isto é: a vitima lesionada por uma arma de  fogo falece. Então, são iniciadas novas investigações, através do resultado da autópsia, onde é revelado ser um projetil de um rifle. Com ajuda da nova tecnologia e da experiência do policial, vai-se descobrindo os meandros do mundo policial, das testemunhas,  dos apontamentos feitos pelos primeiros investigadores. No meio temos uma recompensa que não será paga e um assessor político ganancioso.
Na outra ponta da dupla, a novata policial possui um passado, do qual foi vitima de um crime que irá colocar luzes para um novo rumo para o que seria a  motivação e de seus autores. E muita adrenalina. 




24 de agosto de 2018

Voragem

Voragem 
Manji. Junichiro Tanizaki. Trad. Leiko Gotoda. São Paulo. Cia das Letras/Tag. 2018. 240 páginas.

Sinopse:
Escrito originalmente em forma de fascículos entre 1928 e 1930 para uma revista japonesa, Voragem é um dos romances mais aclamados de Junichiro Tanizaki. No centro da trama está Sonoko Kakiuchi, uma jovem casada que frequenta um curso de arte. Nas aulas, ela conhece Mitsuko, uma colega de beleza estonteante por quem se vê perdidamente apaixonada. Sem conseguir frear seu desejo arrebatador, Sonoko se aproxima em uma pretensa relação de amizade e forja um contato cada vez mais íntimo, despertando rumores ao seu redor. Mitsuko, por sua vez, é implacável e não tarda a enredar sua amante em uma trama de chantagens.

Ponderação:
Esperávamos  mais desse romance. Pelo fato de ser algo novo, para nosso enriquecimento literário, no primeiro contato com a literatura japonesa. Foi meio traumático. Em meio de uma rede de tramas, conspirações, mentiras, mentiras e contínuas, amor e sexo, ciúmes doentio. Para mostrar até onde pode ir o amor de um para outro, parar ou destruir. O erotismo, mesmo nas entrelinhas, é um processo de loucura. Escolhas absurdas ou, seriam absurdas em qualquer ponto do tempo, espaço, não apenas no Japão da década 1920. Uma crescente obsessão e intrigas. Uma espécie de areia movediça, manipulação completa e total insanidade. O morrer significa fugir dos problemas terrenos e viver no paraíso. Tudo na narrativa desenvolvida através da perspectiva melindrosa de Sonoko.



Minhas Leituras: Underground

Mais ou menos, há um ano e meio de leituras e outras leituras de conhecimento; deparei-me com uma palavra inglesa em meio às palavras em português e, até, em espanhol: Underground - particularmente, prefiro Subterrâneo mais condizente com o nosso ambiente de fala portuguesa.
Também, pode ser 'margem da sociedade', um paria.  Pesquisamos algumas fontes, que serão transcritas quase idênticas ao encontrado, seguido pelo número, onde ao final da postagem, damos sua origem. Mais exemplos e exemplos.

1) - página 6165 = Underground (Palavra inglesa) adj. 2 gêneros.
    1a. Arte - Relativo às manifestações artísticas da vanguarda que ignoram voluntariamente as estruturas comerciais estabelecidas.
      2a. Cinema Underground - Corrente de produção originada em New York, por volta de 1960, encabeçada pelos irmãos Mekas, S. Vanderbeek, K. Anger, S. Brakhage, Mais tarde expandia a movimentos similares em toda a Europa e no Japão na década de 1970. Caracteriza-se por uma atitude rebelde com a indústria cinematográfica, apresenta filmes de reduzida distribuição e de curta duração, substitui a narração por experiências visuais e sonoras, com um empenho claramente vanguardista.

2) - página 2029 = Underground (Ingl) s.m. Movimento, organização ou atividade subterrânea que funciona secretamente, em geral, tem por fim solapar ou destruir autoridade estabelecida ou forças inimigas que ocupam um território.

3) - página 1614 = Underground (del inglês, pronunciamos 'andergraun') adj./s.m. [Manifestación, movimento artístico o literário] que se separa de la tradición o de las estruturas o modelos establecidos y difundidos por canales regulares de comercialización: Película Underground,  Literatura Underground, Escrito Underground. 

4) - página 1008 =   Underground (voz inglesa. subterráno) adj. Diecese de espetáculos, obras literárias, revistas de vanguardia, realizados fuera de los circuitos comerciales ordinários.
                                                                                                                                                                                                



Exemplos:
- "O Underground na França abriu caminho para a invasão dos aliados."
- "Todos os unders, como se autodenominavam as pessoas do underground, reconheceram-se nesse tratado da apatia e do coma etílico." (Limonov)
- [...] "no underground moscovita." (Refere-se ás artes em geral) (Limonov)
- [...] "relações ao mesmo tempo no underground e no mundo da cultura oficial." (Limonov)
- "Um clássico underground, quando o autor o publicou por conta própria, em 1978." (Limonov)
- [...] "e descobre com estupor que são todos veteranos do underground."(Limonov)
- [...] "Para conseguir comprar uma boa quantidade de maconha em Paris, você deve procurar determinados bairros underground, onde se vende droga como pão na padaria."...(Suicidas de Raphael Montes)
- "Sin embargo, Edmond se había convertido em um moderno ícono pop que se desenvolvia em círculos de celebridades, vestía a la última, escuchaba arcana música underground y tenía uma amplia coleción de valiosas obras de arte impressionistas y modernas." (Origen de Dan Brown)







Fontes:
1) Barsa, Editorial Planeta, São Paulo, 3ª edição. 2012. Vol. 18.
2) Novo Aurélio: O Dicionário da Língua Portuguesa - Século XXI. Aurélio Buarque de Holanda Ferreira (1910-1989). Rio de Janeiro. Nova Fronteira. 3ª ed. e ampl. 1999. 2128 páginas.
3) Diccionario Salamanca de la lengua española. Juan Guituérrez Cuadrado y José Antônio Pascual Rodríguez. Madrid. Santillana/Universidad de Salamanca. 1996. 
4) El pequeno Larousse Ilustrado. (Le petit Larousse ilustre): Diccionario Enciclopedico 1997. Barcelona. Planeta. 1996.




Fique Comigo


Fique Comigo 
Stay with me. Ayobami Adebayo. Trad. Marina Vargas. Rio de Janeiro. Harper Collins. 1ª ed. 2018. 256 páginas.

Sinopse:
Yejide espera por um milagre. Um filho é tudo que o seu marido deseja, tudo que sua sogra consegue pensar, mas a gravidez parece para ela uma realidade distante. Mas, quando a família insiste que seu marido aceite uma nova esposa, Yejide chega ao limite.
Tendo como pano de fundo a turbulência política e social da Nigéria dos anos 1980, Fique comigo é um retrato da fragilidade do amor matrimonial, do rompimento de uma família, do poder do luto e dos laços arrebatadores da maternidade. Uma história sobre as tentativas desesperadas que fazemos para salvar nós mesmos, e aqueles que amamos, do sofrimento.

Ponderação:
Não há mocinhos nem vilões, só pessoas, que hora, acertam ou erram, podendo machucar os outros ou até a si mesmos. Não por maldade, há uma tradição, onde a ideia louca de ser feliz reside, somente, no fato de se ter filhos. Onde na tradição, a única culpada pela falta de filhos é a mulher. Deu para perceber de imediato, que o problema era dele e não dela como ficou provado. Eles, eventualmente, acabam por ter de lidar com as consequências dos erros, porque elas chegam. A falta de diálogos entre as gerações: uma presa à tradição e a da modernidade, que não quer seguir os parâmetros de seus antepassados.



16 de agosto de 2018

Retorno a Brideshead

Retorno a Brideshead: Memórias sagradas e profanas do capitão Charles Ryder
Brideshead Revisited: The Sacred and Profane Memories of Captain Charles Ryder. Evelyn Waught. Trad. M. Alcie Azevedo. Apr. Alexandre Soares Silva. São Paulo. Cia. das Letras/TAG. 2017. 1ª ed. 390 páginas.

Sinopse:
Obra decisiva de Evelyn Waugh, o mais mordaz dos escritores ingleses, Retorno a Brideshead narra as lembranças do capitão Charles Ryder, que durante a Segunda Guerra reencontra a mansão dos Brideshead, cenário de momentos cruciais de sua vida. Da teia de recordações emerge o retrato magistral de uma família em processo de desagregação.
Escrito sob o impacto da barbárie nazista e de alianças de países cristãos ocidentais com a Rússia comunista - algo diabólico para um conservador com Waugh - o romance pode ser resumido numa frase: este mundo é feito de mudança e decadência. Com uma galeria de personagens que se deixam levar, na mesma medida, por instintos nobres e pelos sentimentos mais mesquinhos, Retorno a Brideshead tece um painel inigualável da aristocracia inglesa do entre guerras, quando o Império Britânico estava no auge e, ao mesmo tempo, na beira do declínio definitivo.

Ponderação:
História para público, leitor, inglês. A história consiste nas memórias de um capitão que queria subir na escala social, envolvendo-se com uma família em franca decadência, um tanto social, um outro tanto moral, outro tanto não religioso. Felizmente, a atual edição traduzida ao português possui boas notas de rodapé, possibilitando um bom entendimento de alguns diálogos entre as personagens. A universalidade consiste no poder patriarcal, neste caso, o matriarcal decidir o que os filhos devem seguir, fazer e ser. Uma relação familiar, ainda, vigente em vários pontos do planeta. Outro parâmetro é a vida 'fingida', demonstrar que há harmonias e paz, quando vive-se o inverso.



26 de julho de 2018

As Últimas Testemunhas

As últimas testemunhas
Svetlana Aleksiévitch. Trad. do russo: Cecília Rosas. São Paulo. TAG/Cia das Letras. 1ª ed. 2018. 317 páginas.

Sinopse:
A 22 de junho de 1941, a Alemanha nazi invade a União Soviética, quebrando o pacto de não-agressão celebrado entre as duas nações e dando início ao que ficaria conhecido do lado russo como a Grande Guerra Patriótica.
No final do conflito, em 1945, tinham morrido cerca de três milhões de crianças e, só na Bielorrússia, vinte e sete mil viviam em orfanatos.
Os relatos destes órfãos foram recolhidos, passados mais de quarenta anos, por Svetlana Alexievich.
O resultado é uma visão única da guerra, testemunhada pelas crianças e não por soldados, políticos ou historiadores — os narradores mais sinceros e, simultaneamente, mais injustiçados.
Uma obra importante, composta por relatos impressionantes, profundamente comovedores e autênticos, em que o conflito e a tragédia se transformam em acontecimento pessoal, em fascinante e pungente memorial vivo de guerra.

Ponderação:
Os chamados relatos de guerra são de difícil enquadramento de padrão específico. Não é romance de não ficção ou seria ficção? Não é produto textual jornalístico ou seria?  Seja lá, são só relatos, juntados todos eles, formam um painel do acontecido, portanto é História.
Os vários relatos deste livro, as descrições da violência exercida pelos alemães (Fascistas como os soviéticos se referiam aos Nazistas), remeteu-me a outras leituras e histórias (orais) de pessoas, as quais conheci ao longo da vida. Em tempo de guerra, nenhum lado é santo, igualmente é capeta.
A estranheza toca o ponto de que na região compreendida pela atual Bielorrússia, a URSS consiste no anjo salvador; o lado 'vitima', enquanto a própria URSS lançava horrores em outras localidades.



20 de julho de 2018

Stalker

Stalker
Bad Mommy. Tarryn Fisher. Trad. Elenice Barbosa de Araújo. Barueri. Faro Editorial. 2018. 1ª ed. 288 páginas.

Sinopse:
Deprimida após sofrer um aborto espontâneo, Fig Coxbury passa seu tempo em praças observando as crianças que poderiam ser a sua filha. Até que uma menininha brincando com a mãe desperta uma obsessão. Logo, Fig se vê mudando de casa e de bairro não por necessidade, mas porque a casa vizinha oferece tudo o que ela mais deseja: a filha, o marido e a vida que pertence a outra pessoa.

Ponderação:
O livro trata sobre pessoas com problemas psicológicos em maior ou menor grau. Então, temos uma psicopata perseguidora sem personalidade própria; um sociopata que trata mulheres igual lixo, isto é, como tratamos um suco para saciar a sede e a pessoa comum, politicamente correta e menos sensata possível. Também, há o homem invisível que se acomodou à situação toda, com possibilidade de adorar uma maratona de séries de TV ou se distrai com qualquer outra coisa, exceto com a vida real.


Stalker é uma palavra inglesa com significação para 'perseguidor'. Já Psicopata é que possui 'transtorno de personalidade ante social', onde manipula as pessoas sem sentir qualquer remorso. E Sociopata é o que sofre uma psicopatologia. 



14 de julho de 2018

Tempo de Migrar para o Norte

Tempo de Migrar para o Norte
Mawsim al-hijra ila al-shamal. Tayeb Salih (1929 - 2009). Trad. Safa Abou-Chahla Jubran. São Paulo. Planeta do Brasil/TAG. 2018. 2ª ed. 176 páginas.



Sinopse:

Neste romance conta-se a história das viagens e visões de Mustafa Said que se encontra dividido entre dois continentes. Mustafa Said é órfão de pai e quando jovem abandona a mãe e parte para Londres onde se destaca profissionalmente. Mas a visão dos britânicos sobre o continente africano e sua própria condição de expatriado são motivos que causam revolta e decepção em Mustafa.



Ponderação:
Na página 6, da presente edição, ainda no primeiro parágrafo, o autor menciona o vento que sopram as palmeiras. Imediatamente, viajei ao poema "Canção do Exílio" de Gonçalves Dias! A palmeira representa a saudade da terra natal. Aqui termina a similitude da coincidência de dois autores distantes de sua pátria. A narrativa é um contraponto existente na assimilação da cultura colonizada com a cultura local, qual deve prevalecer? Sensualismo pertinente na construção da história do passado com o presente. Uma dose alta de preconceito, mais por parte da personagem Said.


12 de julho de 2018

Se não houver amanhã

Se não houver Amanhã
If there's no tomorrow. Jennifer L. Armentrout. Trad. Monique D'Orazio. São Paulo. Universo de Livros. 2018. 384 páginas.

Sinopse:
Lena Wise está sempre ansiosa pelo dia seguinte, especialmente porque está começando o último ano da escola. Ela está decidida a passar o máximo de tempo possível com os amigos, completar as inscrições da faculdade e talvez informar seu melhor amigo de infância, Sebastian, sobre o que realmente sente por ele. Para Lena, o próximo ano vai ser épico — um ano de oportunidades e conveniências.
Até que uma escolha, um instante… destrói tudo.
Agora Lena não está ansiosa pelo dia seguinte. Não quando o tempo que dedica aos amigos pode nunca mais ser o mesmo. Não quando as inscrições para a faculdade podem ser qualquer coisa, menos viáveis. Não quando há o risco de Sebastian jamais perdoá-la pelo que aconteceu.
Pelo que ela permitiu que acontecesse.
À medida que sua culpa aumenta, Lena está ciente de que sua única esperança é superar o ocorrido. Mas como é possível seguir em frente quando a existência inteira, tanto dela quanto a de seus amigos, foi transformada?
Como seguir em frente quando o amanhã sequer é garantido?

Ponderação:
Luto, não é um verbo, neste livro, é como aceita-lo ou não. Normalmente somos obrigados a aceitar. Leva um tempo, mas a dor diminui com o tempo. Aqui, uma reflexão sobre o amanhã e as escolhas que fazemos sem enxergar as consequências de um ato. Culpa e resiliência andam juntas, lado a lado. E a importância de se ter amigos verdadeiros, que não desistam de nós. Lena é irritante. Ela é muito chegada à vontade alheia, não pensa na sua própria vontade. O vocativo "Ai, meu Deus!" foi estressante não só na fala de Lena como em outros personagens.


 

9 de julho de 2018

O Leopardo

O Leopardo
Il Gattopardo. Giuseppe Tomasi di Lampedusa (1896 - 1957). Trad. Maurício Santana Dias. São Paulo. Cia. das Letras/TAG. 2017. 1ª ed. 384 páginas.

Sinopse:
Itália, anos 1860, Risorgimento. Os fragmentados estados italianos estavam em um tormentoso processo de unificação, e o estabelecimento de uma nova ordem se mostrava cada vez mais pungente. Ambientado num universo intensamente melancólico e sensual e repleto de elementos de ironia e humor, O Leopardo acompanha a história de Dom Fabrizio Salina e de sua decadente família aristocrática siciliana - cujo brasão carrega inscrito o Leopardo que dá nome ao livro -, ameaçados pelas forças revolucionárias e democráticas durante os embates dessa transição. Nesse intrincado contexto, Salina precisa decidir como encarar as novas mudanças que se impõem tanto em sua vida pública como privada. Único romance do escritor italiano, O Leopardo foi recusado por duas editoras e só veio a ser publicado um ano depois da morte de Lampedusa, em 1958, quando ganhou atenção da crítica e transformou-se num cultuado best-seller na Itália. Esta edição tem tradução e posfácio de Maurício Santana Dias e inclui textos do apêndice de Gioacchino Lanza Tomasi.

Ponderação:
Há descrições arrebatadoras de desejo de vários tipos diferentes; a perseguição diária de uma lebre nos campos arcaicos e aromáticos, a imensa e avassaladora atração entre Tancredi e Angélica, que correm um atrás do outro por todo o palácio, sempre encontrando novos quartos onde suspirar e sonhar, pela razão de que eram dias em que o desejo estava sempre presente, porque era sempre satisfeito. Tudo em conjunto com as transformações revolucionárias e políticas que resultaria na formação da Itália atual.


28 de junho de 2018

O Vermelho e o Negro

O Vermelho e o Negro
Stendhal (Henri-Marie Beyle ~ 1783-1842). Trad. Raquel Prado. Porto Alegre. Dublinense. 2016. 544 páginas.

Sinopse:
Publicado na França pós-napoleônica, O Vermelho e o Negro é um clássico da literatura mundial. A obra narra a trajetória de Julien Sorel, um ambicioso filho de carpinteiro que faz de tudo para ascender socialmente. Inferior de berço, precisa revestir sua revolta com polidez seus interesses com paixão, sua hipocrisia com inocência e assim lutar contra a opressão e os preconceitos da exclusivista sociedade francesa do início do século XIX.

Ponderação:
As análises apresentadas ao final, não representam a opinião da nossa administradora. Simples, uma maneira de mostrar como uma obra clássica funciona no século XXI.
Uma narrativa que mostra as sutilezas e o jogo de máscaras da alta sociedade de então, a nobreza francesa. Apresenta o preconceito que o homem letrado possuía no meio rural. O valor do trabalho físico era bem aceito. Recebe aulas com o padre do vilarejo, tornando-se seu protegido. Esse romance psicológico de Stendhal é atemporal. Psicológico não é bem o termo, pode-se dizer mais, apropriadamente, o autor criou a "Achoterapia" tamanha são os pensamentos do protagonista em considerar atitudes alheias, que poderiam ser reais, mas ao final não se apresentam, concretamente, o mundo como é. Nem foi preciso traçar paralelo com as hipocrisias de nosso cotidiano. E, mais, até em literatura recente, reagimos com uma pequena comparação, em Limonov, post de 15/01/2018. Um jovem, Julien Sorel, que ora quer ser clérigo (manto negro) ora quer ser soldado do exército (vestes vermelha); únicas possibilidades de ser bem sucedido, não consegue encontrar um equilíbrio entre hipocrisia e status social.  A gravidez de Matilde não convenceu.


Análises:

1) Luiz Ruffato assim descreveu o livro: "Egoísta e ambicioso, Julien Sorel usa, sem escrúpulos seu charme e simpatia para galgar um lugar na exclusivista sociedade francesa pós-napoleônica. É um monumento do realismo psicológico."


2) "Julien Sorel é o ambicioso filho de um carpinteiro que sonha com a grandeza e não suporta a vida enfadonha que seu nascimento impôs. Sob o comando de Napoleão, seu modelo de força e saúde, Julien acredita que poderia ter feito fortuna, vivido paixões e ganhado as mais altas honrarias, possibilidades oferecidas aos jovens que mesmo tendo nascido em classe desprivilegiada, poderiam ascender pela  coração de usar a espada. Porém, devido a uma época em que Napoleão já faz parte do passado, cedendo espaço ao aristocratismo da Restauração monárquica, Sorel não vê alternativas de evolução social senão no seminário. Mesmo sem ter fé alguma, troca o exército (o Vermelho)  pela batina (o Negro), dedica-se ao latim e decora a bíblia por inteiro, lançando-se na carreira eclesiástica e comprando o único possível bilhete de entrada para a vida aristocrática."


3) "(...) Por que Julien faz tudo isso? Porque sua mistura de baixa auto-estima e ambição o impele. Julien, o filho mais inteligente de um carpinteiro, quer, acima de tudo, deixar para sempre o ambiente da casa dos pais, o campesinato. Ele quer chegar ao topo da sociedade. Seu grande exemplo é Napoleão Bonaparte - o soldado que veio da Córsega e que se alçou às alturas da França com sua ambição, chegando a se autonomear imperador. Mas, na era pós-napoleônica, Julien não consegue colocar sua coragem de soldado à prova. Em vez disso, consegue apenas empreender uma batalha de conquista contra a sociedade, e considerar suas mulheres das classes altas como objetivos a serem conquistados em primeiro lugar. A primeira é madame de Rênal. Como estrategista em tempo de paz, Julien não é soldado, mas um político nas questões do amor.
     Julien ingressa na carreira eclesiástica - não que seja especialmente devoto, mas é  que lá estão as melhores chances de carreira. O caminho leva a Paris e, de lá, para cima: Julien torna-se secretário particular do marquês de La Mole. Ali encontra Matilde, a filha rebelde da casa, que está fascinada por Julien, pois ele é diferente de todos os homens que ela conhece. Matilde é o segundo sucesso significativo de Julien. A sedução mútua se dá de  maneira tão rotineira quanto o primeiro encontro com madame de Rênal: de novo Julien está terrivelmente inseguro e tímido - mas, de qualquer maneira, ele cita um  trecho de Julia ou A nova Heloísa, de Rousseau, e mostra que tem coração. Ele começa um caso com Matilde. Grávida, Matilde convence o pai a elevar Julien à nobreza. Julien está no ápice de seu sucesso.
      (...)
     Julien é um herói repleto de contradições. Ele ocila  constantemente entre o oportunismo político e a vulnerabilidade, entre a honestidade e os disfarces. Julien não é um hipócrita especialmente bem dotado. Nada lhe é mais penoso que a dissimulação. Parece indefeso exatamente nas situações em que age como um grande estrategista. Julien usa as mulheres para se impulsionar para a frente, mas a arte da sedução estratégica é levada ao absurdo. O amor precisa de um plano de comportamento, mas cálculos frios são incompatíveis. Dessa maneira, diante do autor, o amor não é sempre espontaneidade e honestidade, tampouco pura hipocrisia.


4) "Julien Sorel em "O Vermelho e o Negro" de Stendhal. Como filho de um carpinteiro, ele sabe pouco do mundo da alta arte. Por sorte, porém, é abençoado com uma sensibilidade naturalmente refinada e, quando se encontra com a beleza, ele desmaia. Com um pouco da ajuda de livros e de uma memória fotográfica, ele impressiona  imensamente seus patrões quando se torna tutor de uma família elegante e começa a conviver com a elite aristocrática."






____________________________
2)  = Revista Tag, de julho de 2016.
3)  = Livros: Tudo o que você não pode deixar de ler. Bücher: alles was man lesen muss. Christiane Zschirnt. Trad. Claudia Abeling. São Paulo. Globo. 2006. 392 páginas. [1ª ed. 2006 ~1ª reimp. 2007]
4)  = Farmácia Literária. The novel cure: An A-Z of Literary Remedies. Ella Berthooud e Susan Elderkin. Trad. Cecília Camargo Bartalotti. Campinas. Verus. 2016. 374 páginas. 1ª ed.