25 de outubro de 2020

Afirma Pereira

Afirma Pereira
Sostiene Pereira. Antonio Tabucchi (1943 - 2012). Trad. Roberta Barni. São Paulo. Estação Liberdade. 2020. 160 páginas.

Sinopse:
Lisboa, agosto de 1938.
Um momento trágico da história da Europa: crescem o salazarismo português e o fascismo italiano; a Espanha era cenário de uma violenta guerra civil. Um relato preciso que evoca momentos cruciais da vida de um protagonista que se dedica a não ser herói de nada.
Pereira, jornalista apagado responsável pela página cultural de uma reduzida gazeta vespertina, protagoniza solidão, sonhos, a consciência de viver e de optar, ou talvez de não optar. Tão humano, se afirma Pereira sempre às margens do precipício.

Ponderação:
Ao iniciar a leitura deste, veio a nossa memória um pequeno comentário lido em um livro, do jornalista depoente, mencionando a Revolução dos Cravos e indo a Portugal fazer a cobertura jornalística para o jornal em que trabalhava. O jornalista deu-se conta de não conhecer a história de Portugal; nós só conhecemos até o momento de nossa Independência. Esse fato, na época da publicação do livro, não sabemos, hoje, como é ensinado a história. Portugal ficou esquecido. Acreditamos que ainda permanece no esquecimento.
Voltando para 1938: - "... esta cidade fede a morte, a Europa toda fede a morte." Salazar em Portugal; Franco na Espanha; Mussolini na Itália; Hitler na Alemanha; Lenin na Rússia; Getúlio no Brasil (sem sonho de guerra). Um paiol completo. A obsessão de Pereira pela ressurreição da carne. Morte e  vida no afirma. Configura um retrato da vida interna do ser humano, homem ou mulher, dentro de um preciso momento da História.
Pereira expõe suas experiências. Um ser profundamente solitário. Diria: - alienado, porém profundamente atento ao mundo a sua volta. Se para Pereira, não era possível expressar livremente a própria opinião, naquele 1938. Hoje, 2020, terceira década do século XXI, ele seria crucificado a cada minuto no nosso liberalismo democrático, onde cada  um se sente ofendido até por um 'aí'.
O Capítulo 20 constitui ser bastante interessante: - Doutor Cardoso e Pereira - preparar o 'luto', como é difícil repaginar a nossa vida para continuar vivendo. Há necessidade de sermos um pouco museu. Já o de número 25, fez-me lembrar de algumas anedotas que eram preparadas aos censores na década de 1970, para os mesmos aprovarem notícias serem publicadas ou permitir algum evento cultural ao público em geral.


23 de outubro de 2020

Cada Suspiro

Cada Suspiro
Every Breath. Nicholas Sparks. Trad. Ana Duque. Barcelona. Roca Editorial. 2019. 238 páginas.

Sinopse:
Hope Anderson se encuentra en la encrucijada de su vida. A sus treinta y seis años mantiene una relación amorosa con un cirujano que dura ya casi seis años. Sin planes de boda a la vista, a su padre le han diagnosticado ELA, por lo que Hope decide pasar una semana en Sunset Beach, Carolina del Norte, donde además de organizar la venta de la casa familiar, tendrá que tomar las decisiones más importantes sobre el futuro de su vida.
Tru Walls nunca había visitado Carolina del Norte, hasta que recibe una carta firmada por un hombre que afirma ser su padre, un guía de safaris nacido y criado en Zimbabwe, que le cita en Sunset Beach. True espera poder resolver algunos de los misterios alrededor de la vida de su madre y recuperar los recuerdos perdidos con su muerte. Cuando los dos desconocidos se cruzan, la conexión que nace entre ellos es muy poderosa. 

Ponderação:
Necesito hacer una cuenta! No sé el numero correcto de novelas de Sparks yo ya he leído. A mi me parece que son diez! Y cada una hay un desarrollo interesante, que haz la diferencia. Pero soy solamente lectora.
No Brasil, essa história recebeu o título de "Alma Gêmea", já em Portugal é "Cada Suspiro Teu". Hope viveu um casamento infeliz, pois já tinha conhecimento de que o mesmo seria um fracasso, mas ela queria ser 'mãe' e depois avó - que não terá o luxo  de ver seus netos. Só há felicidade se a mulher gerar filhos? Essa é a única forma de ser feliz?
Uma bela história de amor moderno, com doses de humor, tristeza, lágrimas e alegria bem equilibradas. Bem, como dizem por aí: - "Sempre há um chinelo velho para um pé cansado." Para ambos viverem a plenitude de seu amor, escolheram vias erradas de tristezas. O amor é algo mais y mucho más allá...


22 de outubro de 2020

A outra metade de Sarah

A outra metade de Sarah
Left Neglected. Lisa Genova. Trad. Maria Luiza X. de A. Borges. Rio de Janeiro.  Harper Collins. 2019. 400 páginas.

Sinopse:
Como mãe de três filhos e vice-presidente do departamento de recursos humanos de uma grande empresa, Sarah Nickerson faz o melhor que pode para equilibrar a vida pessoal com a profissional. No entanto, sua rotina acelerada encontra um fim repentino quando ela se distrai no telefone a caminho do trabalho. Em um piscar de olhos, um dano cerebral rouba dela a percepção do lado esquerdo do mundo. Sarah, então, precisa reaprender a ver seu mundo como um todo. E, ao fazer isso, descobre como dar atenção às pessoas e às partes da vida que são realmente valiosas.

Ponderação:
"... "a  chuva se torna a mão de Deus tamborilando sobre a capota, decidindo o que fazer." ..."
Sarah é uma personagem irritante. De todas que já conheci em meu mundo da leitura, neste quesito, ela é a campeã e rainha absoluta. Vive num ritmo de 1.500 watts, nem mesmo, quando entra em curto, continua no lenga-lenga da retomada. É ótima para dirigir as metas dos demais, não percebendo o stress que produz no próprio filho nos primeiros seis capítulos. Depois, em estado crítico num ambiente hospitalar continua irritante, egoísta e mal educada. A partir do capítulo 23, abandona o lema "o objetivo não é melhorar. O objetivo é vencer." e incorpora o de "o objetivo é melhorar e  viver." Ela começa se auto aceitar e se humaniza em relação aos demais.
A autora deveria ter tratado melhor a questão neurológica da Negligência Esquerda ou Direita, não focando o lado do humor na recuperação, deixando irritante.
A lição da leitura é o fato, extremamente, perigoso do uso do celular, enquanto estamos na direção de um carro, automóvel, coche, car, voiture, automobilis.


21 de outubro de 2020

O velho e o mar

A capa em 'espanhol' é mera ilustração.

O velho e o mar
The old man and the sea. Ernest Hemingway (1899 - 1961). Trad. Fernando de Castro Ferro. São Paulo. Círculo  do Livro. 1980. 120 páginas.

Sinopse:
Essa é a história de um homem que convive com a solidão do alto-mar, com seus sonhos e pensamentos, sua luta pela sobrevivência e sua inabalável confiança na vida. Esse é o fio do enredo - fio tenso como o que prende na ponta da linha o grande peixe que acaba de ser pescado - com o qual Hemingway arma uma das mais belas obras da literatura contemporânea.
Há 84 dias que Santiago, um velho pescador, não apanhava um único peixe. Por isso já diziam se tratar de um salao, ou seja, um azarento da pior espécie. Mas Santiago possui têmpera de aço, acredita em si mesmo, e parte sozinho para o mar alto, munido da certeza de que, desta vez, será bem- sucedido no seu trabalho.

Ponderação:
O que torna "clássico" uma obra e seu autor? -Um clássico é aquele, onde todos desejam ler, mas não leem! Então! Porquê atribuir esse nível de conceituação a uma obra pequena com uma linguagem um tanto jornalística?
Há exatos - trinta e cinco anos - um professor mencionou "O velho e o mar" ser um bom exemplo de perfil. Hoje, aproveitando essa longa folga, estamos nos  questionando: - Perfil de que e quem? De Santiago? De Manolín? Do oceano? Do Peixe? Dos tubarões? Ou o conjunto de vivências?
Mencionamos na legenda da foto, que a edição em espanhol é só ilustrativa, porém devemos incluir, uma breve citação: - A leitura realizada no segundo idioma, deixo-nos a sensação de termos lido duas histórias diferentes. Só não foi pelos personagens e a obsessão por Di Maggio*. 


* Joseph Paul "Joe" DiMaggio (1914 - 1999) Jogador de Beisebol norte-americano. Aposentou-se em 1951.  Em 1969, por sua conduta impecável, recebeu o prêmio dos profissionais do beisebol e foi eleito o maior esportista vivo. Outro fato que o tornou famoso, foi o seu curto casamento com a atriz Marilyn Monroe, em 1954.