28 de fevereiro de 2014

A Normalista

A Normalista
Adolfo Caminha (1867-1897). São Paulo. Ática. 1978. 157 páginas.

Sinopse:
A história da bela e ingênua Maria do Carmo – seduzida pelo padrinho à custa de chantagem –, o autor expõe de maneira implacável as contradições da sociedade em que vivia. Este livro, uma das obras-primas da literatura brasileira, concilia a história de uma adolescente com um panorama crítico de Fortaleza no século XIX.

Ponderação:
Leitura obrigatória. Não gostei da obra. Maria do Carmo, a personagem principal, estudante da Escola Normal - o porque do título -  é uma moça recatada e ingênua, quando fica órfã vai morar com seu padrinho João da Mata, um homem asqueroso, e sua madrinha D.Terezinha, em Fortaleza. Maria é constantemente assediada pelo padrinho e sua madrinha faz "vista grossa". Apaixona-se por Zuza, filho de um coronel, que gosta dela mas que não faz muitos sacrifícios para ficarem juntos. Diversas vezes, Zuza fala do atraso cultural de Fortaleza e de seus moradores. Maria sede às vontades de João da Mata, iludida com a permissão do seu casório com Zuza. Mas o rapaz volta a Recife para terminar seus estudos e Maria se vê usada e sozinha. Compaixão e revolta ao ler a história de Maria do Carmo, a presença do realismo é tão forte que nos perguntamos, quantas marias da vida real já passaram por isso?
Minha visão de hoje, o estudo do Naturalismo foi muito sufocante, já no século XIX, o autor faz-nos uma denúncia do abuso das mulheres "o famoso assédio moral e sexual" vem sempre de dentro do seio familiar e de amigos.  




23 de fevereiro de 2014

O Advogado do Diabo

Advogado do Diabo
The Devil’s Advocate. Morris West (1916-1999). Trad. Brenno Silveira. Rio de Janeiro. Civilização Brasileira. 1964. 298 páginas.

Sinopse / Ponderação
A expressão “Advogado do Diabo” a tenho ouvido em algumas ocasiões. Recentemente, a mesma veio a sondar a minha vida. A primeira, enquanto lia ‘Ángeles y Demonios’ de Dan Brown. A segunda, em ‘Croma, caminho da vida’ de Regis Castro, já mencionados neste blog. A ligação do termo com o catolicismo. Na segunda citação, motivou-me, aguçando a curiosidade. Não me arrependi, mas o texto de Morris West é bom mesmo. Outra delícia, a edição lida, publicada em 1964 – a tradução – portanto antes da reforma ortográfica de 1970, foi poder ler, novamente, o pronome ‘ele’ com o acento‘^’ e outras palavras não mais acentuadas graficamente.
Monsenhor Meredith vai em busca de uma verdade e credita na formulação de uma hipótese: - “que é a verdade a respeito da alma de um homem.” Medo. Medo de cada morador da região. Medo de encarar a própria fragilidade como ser humano. A sua descoberta, das relações simplistas, um tanto tardia, porém sente-se feliz. Entretanto, em toda história, individual, a sua também, percebe-se a entrada de Deus nos cálculos de um ser humano, o começo da aceitação da consequência da fé, dando inicio a uma relação pessoal entre o Criador e a Criatura. Consequentemente, o medo do milagre. Um milagre que não será servido em uma bandeja de prata.
Blaise Meredith, Advogado do Diabo[i], está habituado a preparar os outros para a morte. Mas, quando ela vem bater a sua porta, fica chocado. Com pouco tempo de vida, é enviado à Calábria, sul da Itália, para investigar através de “uma morte”, elucidar a lenda e trazer a luz, a verdade de mais uma canonização, mais um santo para o calendário. A verdade a respeito de Giacomo Nerone.
Gemello Minore e Gemello Maggiore vivem a sombra de Nerone, enquanto Maggiore está na projeção política, em Minore, a lenda segue através dos pobres, ainda na ignorante falta de estudos. A ‘Villa’ constitui uns dos poucos locais de trabalho aos jovens, como é o caso de Rosetta e Paolo.
Movidos a ódio, a amor e preconceito estão:
 Condessa Ana Luísa de Sanctis (Mal resolvida, mal amada, dissimulada. A inglesa possui traços de perversão).
  Pe. Anselmo Benincasa (Sacerdote que vive de maneira imprópria aos parâmetros da Igreja).
  Aldo Meyer (Médico, judeu, quase sempre embriagado. Misto de amigo e traidor).
  Nina Sanduzzi (Mulher de Nerone. Todos a tratam por amante, mas possui uma altivez, que incomoda a todos)
Juntam a eles:
   Paolo Sanduzzi (Filho único de Giacomo Nerone e Nina. Rebelde, sente-se perdido).
  Nicholas Black (Pintor. Inglês tal como a Condessa, Meredith e Nerone. Black age politicamente contra os ditames da sociedade. Odeia o posicionamento da Igreja Católica).
   Il Lupo, o Lobo (Líder dos guerrilheiros, e comunista. Só aparece na narrativa de Aldo, Nina e nos fragmentos dos escritos de Nerone).
    Aurélio, Bispo de Valenta (Principal interessado na canonização).
    Cardeal Eugênio Marotta (Igual posicionamento de Aurélio).
Afinal, quem foi Giacomo Nerone? Mártir? Traído e Assassinado? Qual erro cometeu? Qual bem realizou?
‘Não se pode jamais enterrar tão profundamente uma verdade a ponto de que ela não possa ser desenterrada.’ Página 168.



[i] De acordo com o Verbete encontrado no Novo Aurélio (também mencionado, aqui). Advogado do Diabo = {1 – O encarregado, na Cúria Romana, de levantar objeções a uma proposta de canonização ou de propor as objeções numa conferência religiosa.} {2 – Aquele que se encarrega de opor e sustentar objeções a qualquer tese ou ainda sempre a levantar dificuldades, a criar objeções.}



22 de fevereiro de 2014

Love Story

Love Story: Uma História de Amor
Love Story. Erich Segal (1937-2010). Trad. Pinheiro de Lemos. Rio de Janeiro. Record. 1970. 180 páginas.

Sinopse:
Um jovem de família muito rica e estudante de Direito conhece e se apaixona por uma estudante de música e acabam se casando algum tempo depois. Porém, o pai do rapaz não aceita a nora, por ela ser uma moça de família humilde, e acaba deserdando o filho. Algum tempo depois, a moça tenta engravidar e não consegue; vai então fazer exames e descobre que está gravemente doente.

Ponderação:
Quem viveu os anos 1970, sabe o que significava assistir cerimônias de casamento e a música oficial era a do filme "Love Story". A história de Oliver e Jennifer. E, até o figurino da Jennifer foi copiado. Mas, a primeira linha do livro nos conta seu final, então, temos o início do sofrimento. Livro sucinto em palavras, sem possuir muitos adjetivos e não muito descritivo, o autor consegue criar uma intensa relação no casal de protagonistas. Não há declarações de amor como sempre desejamos ouvir, mas apenas diálogos irônicos que escondem o enorme amor que um sente pelo outro. Também dar uma senhora lição de vida no pai de Oliver.



Flush

Flush: Memórias de um cão
Flush. Virgina Woolf (1882-1941). Trad. Ana Ban. Porto Alegre. L&PM. 2003. 156 páginas.

Sinopse:
A personagem central dessa história é um cocker spaniel de origem inglesa, Flush. Em pleno processo de apreensão do mundo e de si mesmo, ele ama tanto os raios de sol quanto um pedaço de rosbife, a companhia de cadelinhas malhadas assim como a companhia de seres humanos, o cheiro de campos abertos tanto quanto ruas cimentadas e o burburinho da cidade. A autora tece comentários sobre a sociedade inglesa e vitoriana e seus valores.

Ponderação:
Mais um para a minha coleção sobre cachorros! A capa é adorável. Flush, um cocker spaniel dourado, de estimação da escritora Elizabeth Barret Browning, que Virgina Woolf resolve escrever de pura brincadeira, descrevendo a visão do mundo sob a ótica do animal. Conseguiu agradar até quem não aprecia sua obra.



Café de Artistas

Café de Artistas
Camilo José Cela (1916-2002). Madrid. Alianza Editorial, 1994. 61 páginas.

Sinopse / Ponderação:
Escrito e publicado por primeira vez, em 1953, Café de Artistas não pode ser definido como conto, teatro, ou romance curto. Seus personagens evocam uma mistura de sonhos, loucuras e realidades.
No final, poder-se-a contar mais como comédia de erros de humor negro. Diálogos inteligentes e/ou sem nenhuma lucidez. Sobre o universo cultural e político de uma Espanha envolta em mistério.
Limite do glamour da boemia e decadência da vida cultural; perda da inocência. Todos se conhecem, mas são estranhos entre si.



O Retorno do Jovem Príncipe

O Retorno do Jovem Príncipe
The Return of the Young Prince. Alejandro Guillermo Roemmers. Trad. Paulo Afonso. Rio de Janeiro. Objetiva. 2011. 109 páginas.

Sinopse:
Como tantos que leram O Pequeno Príncipe, eu também captei a simplicidade de sua mensagem e compartilhei a tristeza de Saint-Exupéry quando o herói-criança, que alcançara as profundezas de meu coração, foi obrigado a retornar a seu asteroide. Muitas vezes perguntei a mim mesmo, o que aconteceria a essa criança tão especial se continuasse a viver entre nós. Como seria sua adolescência? Conseguiria preservar a inocência de seu coração?", indaga o poeta argentino A. G. Roemmers.Roemmers retoma no livro discussões éticas sobre a experiência humana e aborda temas ainda cruciais à humanidade, como guerras, crises econômicas, fome e consumismo. "Durante o percurso da viagem fictícia, o Jovem Príncipe pergunta se há muitos caminhos no planeta Terra e se não ocorre aos homens procurar no céu a orientação. Sempre há problemas e os caminhos para superá-los", afirma o autor, também influenciado pelo personagem em sua infância.

Bruno d'Agay, parente de Antoine de Saint-Éxupéry, disse: "Este livro nos faz lembrar tudo o que não convém esquecer: o amor, a fraternidade, a educação, a família, os valores que são os alicerces das sociedades civilizadas e humanas."

Ponderação:
No post anterior, mencionei que "O Pequeno Príncipe" esta se tornando ou já era uma obra Aberta. Pois bem, esse livro, aqui, pode ser uma interpretação do que teria ou seria daquele principezinho questionador do qual adoramos.



O Pequeno Príncipe

Montagem de imagens tiradas da Internet.
O Meu exemplar em Português está com a capa danificada.
O do exemplar em Espanhol é uma cópia xerográfica,
pois foi leitura obrigatória. 
O Pequeno Príncipe
Le Petit Prince. Antoine de Saint-Exupéry (1900-1944). Trad. Dom Marcos Barbosa. Agir. 1974. 96 páginas.

Sinopse
Livro de criança? Com certeza! Livro de adulto também, pois todo homem traz dentro de si o menino que foi. O Pequeno Príncipe devolve a cada um o mistério da infância. De repente retorna os sonhos. Reaparece a lembrança de questionamentos, desvelam-se incoerências acomodadas, quase já imperceptíveis na pressa do dia-a-dia. Voltam ao coração escondidas recordações. O reencontro, o homem-menino, a mulher-menina: - o ser humano-criança.

El Principito
Le Petit Prince. Antoine de Saint-Exupéry (1900-1944). Trad. Bonifacio del Carril. Emecé. 1985. 93 páginas.

Sinopse:
El Principito  un relato considerado como un libro infantil por la forma en la que está escrito pero en el que en realidad se tratan temas profundos como el sentido de la vida, la soledad, la amistad, el amor y la pérdida.

Ponderação:
Ganhei quando completei 15 anos. A cada leitura descubro algo novo. Já perdi a quantidade de vezes que o li. Quando cursava Letras: Espanhol-Português, foi dado como leitura obrigatória. Hoje, tento aventurar no idioma Inglês, quem sabe? E, pelo andar da carruagem, O Pequeno Príncipe segue a mesma temática na interpretação que ocorre com O Príncipe de Maquiavel, visto sua publicação ter sido durante o conflito da Segunda Guerra Mundial. Uma Obra Aberta, interpreta-se como bem quiser.



21 de fevereiro de 2014

Diários de um Magro

Diário de um Magro
Mário Prata. São Paulo. Globo. 2000. 159 páginas.

Diário de um Magro 2
Mário Prata. Objetiva. 2004. 152 páginas.

Sinopse:
Um livro divertido e sensível, que conta a experiência de um magro que cai de pára-quedas num reduto de gordos e saí de lá com diversos bons amigos. Um texto irônico, descontraído e muito bem-humorado.

Spa vicia. Quem vai, quer mais – como afirma Mario Prata, um magro de carteirinha. Em Diário de um Magro 2 ele volta ao batente da malhação para saber o que mudou e o que não mudou num spa. O resultado não poderia ser mais divertido. Com seu texto ágil e aguçado senso de humor, Mario Prata constrói um saboroso repertório para nossas pequenas privações e reúne uma seleção impagável de histórias sobre gordinhos e gordinhas, de todos os estilos e centimetragem, que cometem as maiores loucuras pelo simples prazer de comer.
No spa todo mundo é igual. Não importa se o sujeito é político, artista ou funcionário público. É uma democracia calórica. Neste pequeno paraíso, o que importa é perder peso e ganhar outros quilos – de bem estar, alegria, juventude. Um lugar onde todo mundo ri o tempo todo. Não se sabe ainda se é sintoma de crise de abstinência, ou se é a descoberta que viver é muito bom – ainda que a comida seja pouca.
Tem gente capaz de subornar alguém em troca de um pedaço de pizza. Outros comercializam fotos proibidas por uma folha de rúcula, há quem invente missa só para comer hóstia. Não há limite para o desejo. Vale tudo para conseguir algo diferente para comer – seja uma jabuticaba, um chiclete, ou um punhado de orégano.
Magro assumido, de prestígio alto e peso baixíssimo, Mario já contabiliza 49 idas ao spa. Basta o estresse bater, que sai em busca de purificação. Especialista no assunto, ele radiografa o mundo em que gordinhos e gordinhas se encontram – e com todos se solidariza em histórias ternas e engraçadas.

Ponderação:
Gosto de ler, também, dentro do ônibus. Em São Paulo é uma boa maneira de você não ficar com 'stress'. Só quem já passou três horas dentro de um coletivo com o trânsito travado, sabe o que é 'stress'. Mas quando se ler uma obra de Mário Prata em público, fica-se um tanto constrangido, porque é impossível soltar o riso como manda o figurino.



Os Velhos Marinheiros

Os Velhos Marinheiros
Jorge Amado (1912-2001). São Paulo. Martins. 1972. 295 páginas.

Sinopse:
Capitão de Longo Curso
A morte e a morte de Quincas Berro D'água
Num belo dia de 1929, chega à estação de trem de Periperi — um pacato vilarejo de veraneio na periferia de Salvador — um personagem singular, vestindo túnica de oficial da marinha mercante: comandante Vasco Moscoso de Aragão, capitão- -de-longo-curso. Aos sessenta anos, ele se declara cansado de navegar mundo afora e diz que veio para ficar. Logo se torna figura de destaque na comunidade local, composta quase exclusivamente de aposentados, encantando a todos com seus relatos de aventuras românticas e exóticas. Ou a quase todos. Um grupo de cidadãos enciumados com o prestígio do recém-chegado questiona a veracidade das histórias e até mesmo sua condição de comandante. O fiscal aposentado Chico Pacheco, líder dos questionadores, empreende uma investigação implacável em Salvador e volta com a bombástica notícia de que Aragão é uma fraude: não passa de um velho boêmio, que torrou nos bordéis e cabarés o patrimônio do avô português, comerciante de secos e molhados. Seu título de capitão-de-longo-curso fora obtido por meio de corrupção e malandragem. Quem estará com a razão? O comandante ou seus detratores? O tira-teima definitivo se apresenta na forma de uma última missão para a qual o comandante é convocado: levar ao porto de chegada um navio cujo capitão morrera em alto-mar. 

Ponderação:
Não posso afirmar com a certeza de que estou certa na minha lembrança, mas tenho a nítida sensação de que eu o li para as aulas de Português-Leitura. Depois de O País do Carnaval, esse é um livro alegre do escritor baiano.




O Último Refúgio


O Último Refúgio
Twelve Across. Barbara Delinsky. Trad. Luís Fernando Martins Esteves. Best Seller. 1987. 224 páginas.

Sinopse:
Algumas vezes o amor nos encontra, mesmo nos mais remotos esconderijos. Garrick Rodenheiser teve de recomeçar sua vida do zero quando arruinou a carreira como ator de televisão. Após quatro anos de total reclusão em uma cabana, ele não conseguiu se livrar do passado, mas encontrou uma nova maneira de viver em paz. Até que em uma noite de muita chuva, os problemas voltam na forma de uma mulher ensopada da cabeça aos pés, ferida e necessitando de abrigo. Embora ela não fosse uma repórter, a palavra confiança não fazia parte do dicionário de Garrick. Leah Gates, uma criadora de palavras cruzadas, tem alguns vocábulos que definem seu relutante salvador: rabugento, teimoso...irresistível. Ela não sabe se foi a proximidade forçada entre os dois, as solidão ou apenas a mão do destino que os uniu de forma tão mágica. Leah sabe que se apaixonar é a parte fácil. Mas ter confiança é um desafio muito diferente.

Ponderação:
Na verdade, comprei esse livro pela capa. Ela nos da uma sensação de tranquilidade. O Fugir de tudo e de todos. O sossego. A amplitude máxima para recomeçar tudo. Do ponto zero. Quando queremos esquecer nossa infelicidade, nossa desastrosa vida profissional, sentimental, amorosa e tudo aquilo que contribuiu para aniquilar o nosso 'EU'. De repente e não mais que de repente, encontramos uma pedra humana rabugenta, teimosa e, talvez, irresistível que torna-se nossa tábua de salvação. Aí, vem a tal história! Como confiar? Mas, a razão vai dando espaço para a sensibilidade, desafiando e desafiando duas pessoas descrentes de tudo. A solidão para ambos foi, de certa forma, benéfica.



20 de fevereiro de 2014

São Bernardo

São Bernardo
Graciliano Ramos (1892-1953). Rio de Janeiro. Record. 197 páginas.

Sinopse:
As memórias de Paulo Honório, o seco e ambicioso dono da fazenda São Bernardo, são contadas sem rodeios ou floreios neste clássico de Graciliano Ramos.

Ponderação:
Mais um de leitura obrigatória. Ok! Não gostei. Naquela época, desconhecia o que era uma narrativa com teor psicológico. Houve uma adaptação ao cinema, também não gostei.



Vidas Secas

Vidas Secas
Graciliano Ramos (1892-1953). Rio de Janeiro. Record. 156 páginas.

Sinopse:
O que impulsiona os personagens é a seca, áspera e cruel, e paradoxalmente a ligação telúrica, afetiva, que expõe naqueles seres em retirada, à procura de meios de sobrevivência e um futuro. Apesar desse sentimento de transbordante solidariedade e compaixão com que a narrativa acompanha a miúda saga do vaqueiro Fabiano e sua gente, o autor contou: "Procurei auscultar a alma do ser rude e quase primitivo que mora na zona mais recuada do sertão... os meus personagens são quase selvagens... pesquisa que os escritores regionalistas não fazem e nem mesmo podem fazer ...porque comumente não são familiares com o ambiente que descrevem...Fiz o livrinho sem paisagens, sem diálogos. E sem amor. A minha gente, quase muda, vive numa casa velha de fazenda. As pessoas adultas, preocupadas com o estômago, não tem tempo de abraçar-se. Até a cachorra [Baleia] é uma criatura decente, porque na vizinhança não existem galãs caninos". Vidas Secas é o livro em que Graciliano, visto como antipoético e anti-sonhador por excelência, consegue atingir, com o rigor do texto que tanto prezava, um estado maior de poesia.

Ponderação:
Como foi difícil ler. Leitura Obrigatória. Até hoje, odiei o capítulo referente a Baleia. Bem, anos mais tarde, na leitura de algumas análises literárias, encontrei algo interessante, que transcrevo: - O problema social tratado em Vidas Secas é extremamente brasileiro e de âmbito regional. A seca gera miséria e a miséria, a morte e a desolação. Neste sentido, é lícito pensar que não sobram alternativas para os retirantes a não ser as migrações contínuas de terra para terra, na mesma região, caracterizando a mudança; ou de região para região, transfigurando-se em fuga. Depois de ter lido essa análise, percebo que o romance foi uma denúncia da situação do \Nordeste, mas de 1938, quando foi publicado até esses dias de século XXI, nenhum político se atreveu a melhorar a vida daquela população. A seca no Nordeste continua e continuamos tendo os retirantes e muito mais.



15 de fevereiro de 2014

Noite na Taverna

Essa imagem, busquei na internet, pois a edição
a qual tive o prazer de ler, ter se perdido no
tempo e espaço.
Noite na Taverna / Macário
Álvares de Azevedo (18831-1852). Editora Três. 1972.

Sinopse / Ponderação:
Proporciona ao leitor uma viagem ao mundo fantástico da melancolia e morbidez que caracterizam a época em que o autor viveu. Numa taverna, um grupo de conhecidos reúne-se para espantar o tédio com vinho nos lábios e contos macabros afluindo da mente.
Sem entender muito, porque a leitura foi obrigatória. Gostei do livro. Talvez tenha sido a ilusória possibilidade de estar na Rua da Glória e enxergar ao longe o Cemitério da Consolação. Na época em seu inicio (Hoje, totalmente, inviável). Uma São Paulo inteiramente diferente. Engraçado! Essa obra representa parte da geração conhecida do 'mal do século', a irreverência incontida, a tendência a divagações literário-filosóficas, a vivência sôfrega e, principalmente, a morbidez e a lascívia. Bem, como diria Álvares de Azevedo, vivendo, hoje, século XXI, na São Paulo de 2014, a sua Noite na Taverna? Ele escreveria o quê? Não seria regado a vinho a noitada? Talvez, fosse qualquer droga?



Obras Alencarinas

Obras Alencarinas:

Sinopse / Ponderação:
Não é nada fácil escrever a respeito de obras consagradas e de nacionalismo, fato que tornou-se utópico nesses dias de século XXI, onde não vemos mais as delícias de textos como o do autor de seleção de livros.

O Guarani: Obra-prima, com enredo empolgante e escrito num estilo leve e florido, onde suas imagens brotam numa espontaneidade enternecedora. Desenvolve-se durante o século XVI, às margens do Paquequer. Ceci, bela e atraente filha do capitão-mor Antônio de Mariz; o arrojado índio Peri e o aventureiro Loredano. Peri consagra á moça uma devoção extraordinária, protegendo-a  de todos os perigos. A história finaliza com a invasão dos Aimorés e com a fuga de Peri e Ceci. Há quem avalie o final desta obra como a primeira manifestação de censura em nossas artes literárias, pois Ceci e Peri na ideia inicial, terminam casando. Mas seria um tanto complicado o autor explicar tal fato. Então, ele optou pela águas subindo e a palmeira flutuando. Nos parâmetros atuais, pode-se dizer - final de obra aberta, o leitor interpreta.

Iracema / Ubirajara: Essas obras vão firmar o estilo brasileiro, mediante a improvisação dos modismos vocabulares e sintáticos da língua oral do povo. Ubirajara, versa sobre a vida dos aborígenes em seu meio natural, livres, longe do contato com a civilização. Iracema, a colonização do Estado do Ceará, com as primeiras relações dos silvícolas pelos portugueses. A Virgem de Lábios de Mel da nação Tabajara apaixonou-se por Martim, o português. Entre as guerras e os conflitos, ciúmes e disputa de poder, uma história de amor proibido, tendo como pano de fundo a cultura indígena, com seus deuses e mitos. Aqui, já entra em vigor a miscigenação - Iracema x Martin = Moacir < um novo país com terra fértil.


A Viuvinha / Lucíola: Amores proibidos. Temática Urbana. - Lucíola, Polêmico! Paulo, um jovem de família tradicional narra em primeira pessoa seu romance com Lúcia (Lucíola) e o desenrolar. Ilustrando o cenário da época com todos os seus costumes e regras sociais. Aos poucos, melhor conhecendo Lúcia, percebe-se que é impossível deixar de lado a sua segurança e dignidade exibida sempre quando ela sente-se humilhada. A Viuvinha, Jorge herda uma grande fortuna, mas a desperdiça. Conhece Carolina e apaixona-se. No dia do casamento simula um suicídio. Carolina perde sua capacidade de amar e vestida de negro ganha o apelido que empresta ao título do romance. Passados alguns anos Jorge volta, mas como Carlos, aproxima-se de Carolina. O resto é de fácil dedução.

O Tronco de ipê: A cada ano, quando da florada dos Ipês, sempre recordo-me da história, lida a quatro mãos e quatro olhos. Numa narrativa sutil. A Fazenda Nossa Senhora do Boqueirão, zona da mata fluminense. Um velho tronco de ipê, outrora frondoso, representa a decadência. Próximo, mora Benedito, espécie de feiticeiro, que guarda o segredo da família. Mário e Alice sempre viverão na fazenda. Mas, um dia, ele descobre que o pai da moça assassinou seu pai. Desesperado, Mário tenta suicídio, pois não pode se casar com a filha de um assassino. Entra em cena Benedito, que o impede, contando-lhe o segredo: Joaquim não matou o pai de Mário. Ele foi tragado pelas águas do Boqueirão e está enterrado junto ao tronco do ipê. Mário reconcilia-se com a vida e casa com Alice.

Mãe: Ah! na época foi uma odisseia conseguir esse livro. Por fim, uma ex-professora tinha o livro, emprestou, mas com prazo recorde para ser devolvido. Hoje, ainda, tenho a cópia feita, correndo, eu datilografando à tarde e mamãe na manhã seguinte para a devolução dentro do prazo estipulado. Bom, já na época de José de Alencar, fazia-se homenagem às mães.



14 de fevereiro de 2014

Croma

Croma, caminho de vida
Regis Castro. Raboni Editora. 188 páginas.

Sinopse / Ponderação:
Croma é um navio de turismo. Nele se encontraram: Álvaro Ruiz, psiquiatra; Fernando Torres, seminarista, em vias de fazer os votos; Maria e Odete Ramos Penteado, mãe e filha; Rosely Gonçalves de Almeida, futilidade na sua totalidade humana. 
Muito a contra gosto Torres aceita a ‘prova’ (brincadeira) de Ruiz, em colocar em xeque a escolha real do seminarista. Este conta ao psicanalista toda a sua vida de sua escolha vocacional. Vestido de maneira civil – comum. Encontra Rosely e Odete. Sente-se atraído por ela, deixando-se confuso. 
Odete é bonita e inteligente, quase faz com que Torres desista da vida sacerdotal. Ele próprio duvida da veracidade de sua vocação, tal é o confronto com a vida não religiosa. 
Porque a sociedade não aceita a vocação religiosa ‘católica’? Porque ninguém contradiz a vocação de um ‘luterano’, ‘calvinista’, ‘batista’ ou ‘budista’? Ou todas essas que há uma em cada esquina para melhor servir igual a uma mercadoria qualquer? Qual diferença há entre um religioso e um médico ou advogado? Entre uma religiosa e uma prostituta ou professora? Se ambas posições vocacionais ‘profissionais’ estão a serviço de Deus. Qual a capacidade de cada um na distribuição do amor a que Deus nos deu? E a que ele, Deus, quer que distribuímos. 
Há inúmeras maneiras de servir a Deus e é isso que Torres mostra-nos no decorrer da sua viagem no Croma. Até Dr. Ruiz reformula sua teoria de ateísmo cientifico. O engrandecimento do espírito através da fé. O valor da renuncia ao mundo mundano, valor esse em alguns casos, leva-nos a realização pessoal e profissional.



11 de fevereiro de 2014

Philomena

Philomena: Uma mãe, seu filho e uma busca que durou cinquenta anos
The Lost Child of Philomena Lee. Martin Sixsmith. Trad. Cláudia Mello Belhassof. Campinas. Verus. 2013. 475 páginas.

Sinopse / Ponderação:
Domingo, dia 26 de janeiro, estava eu sentada folheando o jornal dominical, simplesmente depara-me com a matéria da colega, Vivian Masutti, em “Leia com Prazer”, comentando mais um livro que virou filme, dizendo que filme nenhum substitui o prazer da leitura. Diante das minhas atividades, inclusive a preparação de textos para esse blog, levei dez dias para percorrer as 475 páginas do livro. O autor escreve bem, contando, mais ou menos, como montar e contar a história de alguém já falecido, no caso Anthony Lee/Michael Hess. Então, Philomena uma adolescente que vive na Irlanda e ficando grávida, em 1952. Ela é mandada para o convento, em Roscrea, para ficar sob os cuidados das freiras e “expiar” seus pecados – como ela poderia expiar seus pecados, se tudo aconteceu por ser totalmente inexperiente, com acontecia na época. Ela fica com seu filho até os três anos dele, quando a Igreja – com a desculpa de ajudar os pecadores – lhe toma o menino e o vende (prática comum naquela localidade – sendo que volta meia temos notícias ‘abafadas’ sobre o comércio de crianças) para um casal americano. 
Anthony Lee foi enviado para os EUA, porque o casal Doc e Marge Hess queriam uma menina, como Mary McDonald, mais nova que o menino (vendida). Os dois sempre sofreram com o sentimento de rejeição, Mary não foi tão aplicada e perfeita, mas Anthony/Mary, na América, Michael e Mary Hess. Michael tornou-se um exemplar filho adotivo, tanto que seus esforços resultaram positivos, sendo um advogado de sucesso em Washington e um dos nomes mais proeminentes dentro do Partido Republicano nas administrações Ronald Reagan e George Bush. Philomena Lee não imaginaria a sorte material de seu filho, mas enquanto ela buscava conhecer seu paradeiro, Ele também a procurava.
O autor poderia ter mencionado menos sobre o relacionamento homossexual de Michael, e dado maior ênfase, por exemplo, a esclarecer se Susan Kavanagh teria um elo de ligação com o casal Kavanagh do caso Jane Russell, atriz de Hollywood que fora a Irlanda ‘comprar’ uma criança. Não detalha muito e fica em suspenso a vivência, mesmo precária, com Doc,  Marge e os demais irmãos de 1977 a 1983. Com a própria Mary há um vácuo. Mas mostra-nos o mundo sem moral dos políticos e da política, quando se trata da Saúde Pública. A descrição da evolução da epidemia da Aids, nos anos 1980 e 1990, fez-me lembrar opiniões controvérsias e do outro lado da moeda; só mesmo, no momento, de uma resolução da ONU obrigando os países a tomarem diretrizes para o saneamento de qualquer epidemia é que poderemos comprovar, que haverá cura para qualquer enfermidade que assola a humanidade. Vale a leitura.



8 de fevereiro de 2014

Schifaizfavoire

Schifaizfavoire: Dicionário de português
Mário Prata. São Paulo. O Globo.

Sinopse:
Mário Prata morou durante dois anos em Portugal. Nesse período, pesquisou as mais engraçadas e interessantes diferenças entre o português de lá e o de cá, colocando neste livro o divertido estudo sobre elas.

Ponderação:
Sem comentários sérios, o autor é simples fora de série, quando se propõe a fazer humor. Mas a seriedade é sempre motivo de enriquecimento para o nosso saber.



Lazos Eternos

Lazos Eternos
Laços Eternos. Zibia Gasparetto. Trad. E. Herman Rodrigo Torres.  São Paulo. Espacio Vida e Consciência. 1996. 296 páginas.

Sinopse:
El amor une.
El odio también.
Ralaciones de odio son pasajeras.
Las de amor, eternas.
La vida usa la reencarnación.
Aproxima a las personas.
Nos abre la comprensión para otros fragmentos de la verdad.
Desrrolla nuestros sentimientos.
Ilumina nuestra inteligencia.
Nos facilita la conquista de la paz.
Las almas maduran, consiguen percibir que existe solo amor.
Fuerza motriz de la vida fluyendo de todo.
En lazos indestructibles por la eternidad.

Ponderação:
Li essa tradução, em uma época, ainda tinha pouca fluídez no idioma espanhol, que na teoria é versão, porque se trata de obra originalmente escrita em português, o correto seria dizer: Li a versão feita ao espanhol. Percebi algumas falhas. A narrativa deu-me vontade de rir, ou melhor, dei risada da imaginação de Zíbia e foi espetacular - onde - alguém que morre - vai ao céu e passa a vida lá, sentada vendo filmes... 



Anos Rebeldes

Anos Rebeldes
Gilberto Braga. Adaptação: Flávio de Campos. São Paulo. Globo. 1992. 206 páginas.

Sinopse:
O passado recente dos primeiros anos da ‘ditadura militar’ no Brasil, tendo como personagens centrais jovens estudantes cariocas que enfrentam os dilemas impostos pela situação gerada pelo regime..

Ponderação
A trama central gira em torno do triângulo amoroso formado por Edgar Paranhos Ribeiro, Maria Lúcia Siqueira Damasceno e João Alfredo Galvão, sendo compartilhada com a família e amigos, aliada à situação em que se encontrava o país na época do que ficou conhecida como Ditadura Militar. Havia várias na América do Sul. O livro é diferente da minissérie e mais consistente. A história é contada através do diário de Maria Lúcia e cartas trocadas entre os personagens e narrada pelo Edgar. 
Desde que a minissérie saiu em DVd, criei o hábito de rever aquelas cenas, a cada quatro anos, em ano eleitoral geral, que, também, estão no livro, a carga emocional é maior e há uma espécie de dúvida! Em contrapartida criada pela chamada “Esquerda Festiva” narrada em prosa em verso fez o quê? Vivi, também, aqueles anos, sob uma ótica diferente, mas era mais agradável o ambiente. Quizá, tínhamos mais tranquilidade. Maria Lúcia amou João com todas as suas forças. Tentou seguir seus passos, afinal de contas, quando amamos, tentamos nos acomodar no que o outro faz. Maria Lúcia era chamada de alienada. Ora! Era uma alienada com os pés no chão, ela sabia exatamente que não servia para nada toda aquela história de militância de esquerda. Ela conhecia o outro lado da moeda. Maria Lúcia construiu aos trancos e aos barrancos uma vida sossegada com objetivos futuros a serem realizados.
A “Esquerda Festiva” daqueles anos fez um João Alfredo Galvão patético, igualmente a tantos outros pelo Brasil afora. Ele foi incapaz de perceber a necessidade de ser ‘presente’ para as pessoas que o amavam. Sim, João não construiu nada para ser lembrado. Sua preocupação era em exigir mais isso para os fulanos não sabia das contas, que não tinham nada a ver com a realidade dele e de seus amigos. Só sabia ser presente para não sabia das contas de quem quer que fosse. No momento, em que poderia ser feliz e construir uma vida e raiz, ele vai atrás não sei de que sabia das contas. Possivelmente, se houvesse continuidade, seria algum político, discursando pelo direito não saber das contas. João não aprendeu que não se pode acabar com os ricos na ânsia de melhorar os pobres, tirando dos ricos para dar aos pobres. Temos é que ensinar ricos e pobres na mesma proporção para terem condições de sobrevivência em igualdade.
Assim, como João e tantos outros pelo país afora, ditaram e gritaram tanto por direito disso, direito daquilo e, esqueceram-se do que há de mais importante em qualquer sociedade civilizada: Dever. Sim! Para uma sociedade equilibrada, para cada Direito há sempre um Dever e para cada Dever há sempre um Direito.
De tudo, a Esquerda Festiva tomou o poder e daí?



1 de fevereiro de 2014

A Ópera Flutuante

A Ópera Flutuante
The Floating Opera. John Barth. Trad. José Romero Antonialli. São Paulo. Editora Brasiliense. 1987. 271 páginas.

Sinopse / Ponderação
A história do dia em que Todd Andrews, um cara que se acha herói e está como narrador (amigo), impenitente solteirão. Advogado, libertino, santo, irritavelmente cínico e suicida ‘tonto’ em potencial, decide não se matar. A Ópera Flutuante conta, em flashes backs, no decurso de um só dia, toda a sua vida: a perda da virgindade ou ingenuidade, uma experiência macabra na 1ª Guerra Mundial (1914-1918), a morte do pai e um longo caso sentimental com a mulher do seu melhor amigo. Neste romance há referência a questões históricas e suas ramificantes manifestações e conseqüências. Caso Sacco-Vanzetti <=dois imigrantes italianos, EUA, julgados, condenados e executados, por roubo ou foram vítimas de preconceito racial ou da histeria anticomunismo=>. Queda da Bolsa de 1929 e Revolução Espanhol e Russa.
Usando o humor e uma dose de aventura, o autor analisa os assuntos sérios e consegue ser extremamente divertido e inteligente. Bem! Afinal, Todd Andrews teria conversado com Bentinho e sua Capitu? Ou com Vadinho, Teodoro Madureira ou Florípedes Guimarães, a dona Flor?