20 de fevereiro de 2014

Vidas Secas

Vidas Secas
Graciliano Ramos (1892-1953). Rio de Janeiro. Record. 156 páginas.

Sinopse:
O que impulsiona os personagens é a seca, áspera e cruel, e paradoxalmente a ligação telúrica, afetiva, que expõe naqueles seres em retirada, à procura de meios de sobrevivência e um futuro. Apesar desse sentimento de transbordante solidariedade e compaixão com que a narrativa acompanha a miúda saga do vaqueiro Fabiano e sua gente, o autor contou: "Procurei auscultar a alma do ser rude e quase primitivo que mora na zona mais recuada do sertão... os meus personagens são quase selvagens... pesquisa que os escritores regionalistas não fazem e nem mesmo podem fazer ...porque comumente não são familiares com o ambiente que descrevem...Fiz o livrinho sem paisagens, sem diálogos. E sem amor. A minha gente, quase muda, vive numa casa velha de fazenda. As pessoas adultas, preocupadas com o estômago, não tem tempo de abraçar-se. Até a cachorra [Baleia] é uma criatura decente, porque na vizinhança não existem galãs caninos". Vidas Secas é o livro em que Graciliano, visto como antipoético e anti-sonhador por excelência, consegue atingir, com o rigor do texto que tanto prezava, um estado maior de poesia.

Ponderação:
Como foi difícil ler. Leitura Obrigatória. Até hoje, odiei o capítulo referente a Baleia. Bem, anos mais tarde, na leitura de algumas análises literárias, encontrei algo interessante, que transcrevo: - O problema social tratado em Vidas Secas é extremamente brasileiro e de âmbito regional. A seca gera miséria e a miséria, a morte e a desolação. Neste sentido, é lícito pensar que não sobram alternativas para os retirantes a não ser as migrações contínuas de terra para terra, na mesma região, caracterizando a mudança; ou de região para região, transfigurando-se em fuga. Depois de ter lido essa análise, percebo que o romance foi uma denúncia da situação do \Nordeste, mas de 1938, quando foi publicado até esses dias de século XXI, nenhum político se atreveu a melhorar a vida daquela população. A seca no Nordeste continua e continuamos tendo os retirantes e muito mais.



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