29 de novembro de 2013

O Ateneu


O Ateneu
Raul Pompéia (1863-1895). Edições de Ouro. 217 páginas.

Sinopse / Ponderação:
Obra prima do autor, um misto de romance e memórias (o próprio Pompéia esteve em um internato), O Ateneu é, antes de mais nada, um retrato do drama da solidão. Poderíamos afirmar, que foi o primeiro romance de nossa literatura na abordagem de psicologia da adolescência, mas que não vem ao caso. Narrado na primeira pessoa, a história do estudante em choque com o mundo da escola, em que ingressa aos onze anos. Longe da família. O narrador diz que é uma crônica de saudades, mas no passado que evoca tão peculiarmente, misturando alegrias e tristezas, entusiasmo e decepções e, sobrenadando a todos os sucessos, há um resíduo incomportável de náusea, tédio e indignação. Sérgio é um revoltado e, em sua narrativa, o que predomina são os sentimentos de reação contra a rotina escolar (aprendizado para a vida futura, sem essa rotina jamais seremos disciplinados na nossa vida profissional.) e as convenções protocolares ou burocráticas (burrocráticas) que a revestem de um aparato refalsado. Mas não é só isso a vida dentro do internato, o contato diuturno com os colegas tão diferentes entre si, as discórdias e brigas em que se empenha, as cenas desrespeitosas ou brutais que presencia ou em que participa involuntariamente, tudo isso lhe revela aspectos subterrâneos e torpes da psicologia ou da conduta humana que o atordoam, espicaçando-lhe o ânimo na luta, até fazê-lo refugiar-se em si mesmo, irritadamente como uma pequena fera acuada por seus perseguidores. Dominam o romance, um efeito de rancor e sátira, dirigidos para quase todos os lados, principalmente contra o diretor do internato.




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