5 de novembro de 2013

O Clube do Filme

O Clube do filme
David Gilmour. Trad. Luciano Trigo. Rio de Janeiro. Intrínseca. 2007. 240 páginas.

Sinopse:
Eram tempos difíceis para David Gilmour: sem trabalho fixo, com o dinheiro curto e o filho de 15 anos colecionando reprovações em todas as matérias do ensino médio. Diante da desorientação e da infelicidade desse filho-problema, o pai faz uma oferta fora dos padrões: o garoto poderia sair da escola - e ficar sem trabalhar e sem pagar aluguel - desde que assistisse semanalmente a três filmes escolhidos pelo pai. Com essa aposta diferente na recuperação e na formação de um rapaz que está "perdido", formaram o clube do filme. Semana a semana, lado a lado, pai e filho viam e discutiam o melhor (e, ocasionalmente, o pior) do cinema: de A Doce Vida (o clássico de Federico Fellini) a Instinto Selvagem (o thriller sensual estrelado por Sharon Stone); de Os Reis do Iê, Iê, Iê (hit cinematográfico da Beatlemania) a O Iluminado (interpretação primorosa de Jack Nicholson, dirigido por Stanley Kubrick); de O Poderoso Chefão (um dos integrantes das listas de "melhores filmes de todos os tempos") a Amores Expressos (cult romântico e contemporâneo do chinês Wong Kar-Way).
Essas sessões os mantinham em constante diálogo - sobre mulheres, música, dor de cotovelo, trabalho, drogas, amor, amizade -, e abriam as portas para o universo interior do adolescente, num momento em que os pais geralmente as encontram fechadas. 
David Gilmour, crítico de cinema e escritor premiado, oferece uma percepção singular sobre filmes, roteiros, diretores e atores inesquecíveis ao relatar essa vivência com olho clínico e muita sinceridade. O autor emociona ao colocar os leitores diante da descoberta da vida adulta pelos olhos de um jovem e dos dilemas da adolescência administrados por um pai muito presente. Nas palavras de Gilmour: "É um exemplo do que o cinema é capaz, de como os filmes podem vencer suas defesas e realmente atingir seu coração."

Ponderação
Esperava mais a respeito dos filmes, porém deixei meus apontamentos, lá em 22 de abril de 2012 - Clube do Filme , neste é só para livros...

Ponderação II: em 25/09/2020
A ponderação, acima, de certa maneira está equivocada. Transcrevo o texto original publicado no dia 22 de abril de 2012, no  allagumauskas.blog.uol.com.br, desativado em 2018.

Clube do filme
Tenho duas paixões: livros e filmes! Livros levam-me à música e a filme. Filmes, algumas vezes, levam-me ao livro e a música fica martelando no meu cérebro. Nada melhor que um sábado chuvoso e frio em pleno verão para ler de cabo a rabo um livro. E, para completar, com um pouco de febre e gripe.
Verdade seja dita, uma raridade, eu conseguir ler um livro, único, de um fôlego só, porque leio de três a cinco simultaneamente. Passando pelo corredor dos livros no supermercado, deparei com “O Clube do Filme”, comprei dois e um dei de presente a uma amiga, também leitora e amante de filmes.
Bem, David Gilmour, canadense, crítico de cinema (equivalente ao nosso Luciano Ramos e Rubens Edwald Filho) faz uma viagem no tempo e conta-nos a respeito de seu relacionamento com seu filho, Jesse, adolescente com problemas de aprendizado escolar. Ele faz uma proposta ao filho, arriscada e sem futuro.
O garoto aceita e os dois, pai e filho, embarcam numa viagem excitante, sem regras e horários. Só, somente, assistir filmes. Nesta fascinante viagem, David e Jesse, aprendem como solucionar e viver problemas e crise na e da vida através dos filmes. E, nós, leitores, saímos ganhando com informações sobre filmes, seus diretores e atores.
A visão de David sobre os filmes assemelhar-se ao que “os livros são enriquecedores e essenciais, onde a literatura pode ajudar-nos a dar sentido ao cotidiano, pode permitir o encontro de nosso lugar no mundo, (arriscaria, entretanto, afirmar que pode ajudar-nos a encontrar nossa alma) e poderá nos capacitar a visualizar com maior profundidade a estrutura de nossos sentimentos e percepções ao reconhecer as experiências das personagens do romance, tal identificação ajuda a conhecermos a nós mesmos.” [i]
Não entrarei no mérito da convivência de pai, filho e o mundo. E, sim, na memória viva dos filmes que assisti, não no cinema pois a idade não permitia, mas na televisão (meus pais sempre foram democráticos e liberais) e, hoje, em DVd e dos que assisti no cinema, não citado por David Gilmour.
A filmografia apresentada, no final do livro, soma quatro páginas. Citarei aqueles os quais assisti com as minhas visões ‘comparativas’ não necessariamente iguais.
Assim Caminha a Humanidade” – filme longo demais e um tanto chato. David focou James Dean. Eu, a interpretação de Elizabeth Taylor e Rock Hudson; quando há a cena do casamento da personagem da irmã de Liz Taylor, ela e Rock estavam tão concentrados, pois naquele exato momento, ambos estavam na maior ressaca, da bebedeira da noite anterior. (informação contida na autobiografia de Rock Hudson, pouco antes de sua morte, em 1985). A cena saiu perfeita.
Bebe de Rosemary” – Simplesmente não entendi até hoje, o tal enredo.
Bonequinha de Luxo” – Vale pela música de Henry Mancini, ‘Moon River’ e dos atores Audrey Hepburn e George Peppard. A interpretação da música tema por Audrey, sentada à janela que da para a escada de incêndio, é pura emoção. Recentemente, li o seguinte: “A cena em que jogo o gato na rua, debaixo da chuva “foi a que não gostei de ter feito”, segundo mencionou Audrey ao seu filho. Realmente, a cena é chocante.
Butch Cassidy” – A música empurrou o filmou, além das interpretações de Paul Newman e Robert Redford. Ainda, hoje, quando ouvimos os primeiros acordes da música, já sabemos a qual filme pertence, mesmo para quem não viveu a época do lançamento.
Cantando na Chuva” – Ah! Mesmo sem uma história convincente, o filme é muito gostoso de assistir. Deixa-nos leve ao término e realmente, saímos dançando na chuva.
Casablanca” – Filme chato. Vale pelas interpretações de Humphrey Bogart e Ingrid Bergman, o eterno triangulo amoroso em jogo permanente entre o amor e a virtude e a mal fadada 2ª Guerra Mundial, a resistência francesa frente aos nazistas.
Cidadão Kane” – Todo e qualquer manual de interpretação e direção, oficina de roteiro, lá vão falando do tal filme. Sei mais do que tivesse assistido.
O Exorcista” – No lançamento do filme, ainda não tinha idade para entrar no cinema, mas o meu tio mais velho assistiu. Comentário dele: “eu dei risada em quase todas as cenas”. Quando, cursava o meu primeiro ano do segundo grau, uma colega conseguiu burlar os lanteninhas do cinema e assistir o filme. Ela disse: “precisei ir dormir no quarto de meus pais, de tão apavorada que fiquei”. Bom, não assisti ao filme, em nenhum momento, mas tive o prazer de ler o livro. Considerei sem graça, dispensável.
A Felicidade não se compra” – A interpretação de James Stewart vale por toda a comédia. Mesmo realizado em 1946, continua atual, porque os puros de coração e alma, sempre serão recompensados apesar do mal que tentam fazer contra eles.
O Grande Gatsby” – Baseado no romance homônimo de F. Scott Fitzgerald, conta a história de Gatsby durante o verão de 1922. A vida despreocupada de uma sociedade ociosa entre as duas guerras mundiais. Vale pela presença de Robert Redford.
Interlúdio” – Clássico do cinema de suspense com direção de Alfred Hitchcock, com o galã de então, Cary Grant.
Os Pássaros” – Com direção de Hitchcock, depois de várias vezes, tê-lo assistido, ainda, continuo sem entender esse filme. Quando foi ao ar pela televisão, aqui, no Brasil, havia censura federal. Ok! Mas, mesmo depois nos anos 80 e 90, o filme continua incompreensível. Escrevendo, agora, minha memória está indo a um pequeno artigo que eu lera, quando o cinema completou 100 anos, de que “Os Pássaros” teria sofrido corte da censura de Hollywood. Bem, tá legal! Sofre um corte lá e outro aqui, não dá como entender mesmo.
A Princesa e o Plebeu” – Meus pais falaram tanto deste filme, eles assistiram no cinema, enquanto ainda eram namorados, que imaginei todo um conto de fada. Sim! É um conto de fada, mas diferente, em uma Roma diferente de hoje. Audrey Hepburn é a Princesa Ann, totalmente entediada pelo rígido protocolo, resolve se divertir anonimamente em Roma. Ah! Sim, lá 1953, uma princesa podia ficar anônima, o mundo não era globalizado. Gregory Peck é Joe Bradley, repórter em busca do ‘furo’ de reportagem que o deixaria rico. O destino os une. Apaixonam-se. Mas, ela precisa retornar aos afazeres diplomáticos e protocolares. Ele desiste do ‘furo’. Assistindo-o, lá no final, quando Joe Bradley perde a possibilidade de ficar milionário, dando uma senhora e sábia aula de jornalismo, fico me perguntando se meus pais já estariam visualizando o futuro, “sendo pais de uma jornalista”.
Psicose” – Oh Oh Oh... Filme de Hitchcock, uma vez só e olhe lá. Não é a toa que Janet Lee ficou bastante tempo com medo de tomar banho de chuveiro.
Quanto mais quente melhor” – Tony Curtis e Jack Lemmon possuem credenciais para animar qualquer parada em meio a uma banda só de garotas. O resto é o resto, nem Marilyn Monroe consegue segurar o elenco.
Quem tem medo de Vírgina Woof?” – Richard Burton, Elizabeth Taylor são mestres na interpretação, mas para um filme onde é retratada uma noite entre ‘mestres e intelectuais deixa muito a desejar.
Os Reis do Iê, Iê, Iê” – Visão musicada da fama e seus complementos: cobiça alheia em todos os sentidos.
Tootsie” – Dustin Hoffman está magnífico neste filme, ele deve ter se inspirado em Tony Curtis ou em Jack Lemmon, o desespero de Michael Dorsey/Dorothy Michaels perto de Julie. Depois deste, só “Vitor ou Vitória” e “Uma Babá quase Perfeita”. Esses filmes mostram-nos que somos capazes de autocontrole, quando precisamos do salário estomago.
A Volta ao mundo em 80 dias” – Baseado na obra homônima de Júlio Verme, o filme contou com elenco famoso da época. David Niven astro principal, só alguns para ficar na curiosidade: Shirley MacLaine, Peter Lorre, Marlene Dietrich, Charles Boyer, John Carradine, Frank Sinatra, e o mexicano Cantinflas, é dele que guardo as melhores cenas do filme.
007 Contra o Satânico dr. No” – Filme que lança Sean Connery ao estrelado, mas concentra toda a espionagem, envolvendo a cena mundial da época, a não tão ou mais famosa “guerra fria”.
Espero, que eu tenha deixado pelo menos um Curioso.

Hasta pronto...



[i] HITCHINGS, Henry. Saber de Libros sin leer, página 14, Planeta. Barcelona, España.


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