9 de março de 2014

História da Leitura

História da Leitura: do papiro ao papel digital
Marco Antonio Simões. São Paulo. Editora Terceira Margem. 2008. 208 páginas.

Sinopse / Ponderação:
Historicamente, a leitura esta intrinsecamente ligada ao homem e sua evolução. A escrita. A voz da civilização, do inicio até os dias atuais. 
A leitura de um texto simples, em suportes diferenciados, mesmo que seja fragmentada, terá experiências sentidas em forma diferenciadas. 
Paredes das cavernas; pedras e madeiras, os primeiros suportes. Mas como o papiro têm-se a primeira vantagem, o fator de manejo e transporte (portátil). Relata com pequenos detalhes o aparecimento dos suportes da escrita e leitura. Surgem os pergaminhos e as bibliotecas de Pergamo e Alexandria. E o papel, na China, por volta de 105 d.C. 
Ironicamente, a leitura desempenhou um papel importantíssimo no crescimento e evolução do cristianismo. E, nos da, através dos textos bíblicos a história do mundo através do Antigo e Novo Testamento. A Bíblia apresenta-nos a evolução simultânea da alfabetização, escrita e leitura, mesmo aos poucos que podiam fazer uso da educação formal de então. Na busca de ensinamentos deixados por Deus e Cristo, esquecemos do legado deixado nos relatos lido, por nós, na Bíblia, 
Os gregos valorizavam mais a fala oral do que a escrita. Isto é, a leitura silenciosa era feita por poucos, os que são instrumentos de verbalização dos símbolos para serem lido em voz alta para os leitores ouvintes. Com toda essa explicação, lembrança das aulas de História e Alexandre, o Grande. A formação da Biblioteca de Alexandria e conseqüente declínio do Império Grego, dando passagem ao Império Romano. 
O povo etrusco vencido por Roma, com a solidificação do latim como idioma oficial, a construção de estradas, o que permitiu o desenvolvimento do Império. Foi agregando a cultura grega para a realidade da nova organização governamental. A leitura passa de ser oral ao âmbito doméstico, em reunião e celebração, havia uma pessoa lendo ao individual, leitura silenciosa. A formação de bibliotecas particulares. E a leitura atinge o público feminino. Diversificando o público leitor. 
Uma citação de Poirier[1], que é bem atual e aplica-se aos amantes da leitura – “O livro penetra na vida de cada um, mesmo que não saiba ler, em vez de ser uma coisa misteriosa, e havia em Atenas livros à venda e lugares determinados para vendê-los.” 
Na Idade Média, a leitura deixa de ser oral e pública e torna-se silenciosa e individual – embora alguns filmes mostrem o contrário. O livro não circula, fica recluso aos mosteiros e aos religiosos. Há de certa forma, uma censura, pois esses mesmos religiosos decidiam o que, aos poucos alunos, deveriam ler. A sabedoria dos livros era guardada a sete chaves! Mas o Papa Gregório, o Grande diz: - “quem quer que olhe para esse texto sem entendimento do espírito do discurso sagrado, tanto não instruirá a si mesmo com sabedoria, como se confundirá com ambigüidade, porque algumas vezes as palavras do texto literal contradizem-se. Para buscar a compreensão da verdade, precisamos humildade de coração; para encontrá-la, leitura diligente.” [Bíblia in Mor alia de Joe – p. 71]. Curiosa citação, levando em consideração a população mundial daquela época, somente 20% tinha acesso a leitura, uma estimativa pouco otimista. 
Surge a figura do bibliotecário. Já, na segunda metade da Idade Média, com as Cruzadas e o desenvolvimento do papel trazido do Oriente para o Ocidente, o nascimento das Universidades, o lento desenvolvimento da burguesia. O livro e a leitura saem da vida reclusa dos mosteiros para as iniciantes cidades, criando o “profissional do livro” [O que seria o editor de hoje]. Portanto, a leitura ganha novos adeptos. 
Aspecto interessante, a narrativa de como Gutemberg chegou ao seu maior invento – a imprensa de tipos móveis e a Bíblia – transformando a leitura, livros, jornalismo numa preservação de idéias, difundindo informações. Vale lembrar que antes dos tipos móveis, os livros eram copiados por escribas, tornando cada exemplar em um ‘único’. Analisa a produção de livros como fator de economia e desenvolvimento no caminho da nova sociedade nascente: a classe média. 
Gutemberg e sua invenção contribuíram muito com a impressão da Bíblia, da vulgata latina (Latim) para o vernáculo (idioma local), auxiliou a Reforma e Contra-Reforma do Cristianismo/Protestantismo e dos movimentos para a liberação da leitura e sua interpretação (individual/pessoal » laica). 
Deixando a leitura religiosa de lado, Dom Quixote de Cervantes, constitui uma alegoria ao ato de ler e o desenvolvimento do capitalismo (editar um livro). A Encyclopédia (francesa e inglesa) desempenhou papel importante em toda a panorâmica da Revolução Francesa e Industrial. Temos, aqui, a leitura útil[2] e o desenvolvimento dos métodos de alfabetização[3]. Nascimento da literatura romântica. Os jornais contribuíram muito e muito, publicando em capítulos (ao igual que nossas telenovelas). 
Computador, hipertexto[4], texto eletrônico; uma revolução no suporte do texto. Combinando tecnologias, além do texto escrito vem agregado o som, imagem, informações numa convergência quase absoluta de todas as formas de comunicação. Agora, momentâneo e efêmero. Um oceano de informações. 
Embora, muitas profecias a respeito do fim do livro impresso, como já profetizaram o fim do jornal, do rádio, do cinema e eles sobreviveram e sobrevivem cada um com sua linguagem. O livro??? 
Mas, onde ficará o prazer do manuseio das páginas de um livro, quando estiver lendo, sentado embaixo de uma árvore ou deitado em sua cama, antes de adormecer? Já o livro digital precisará de energia ... e se ela faltar??? Ele poderá apresenta-lhe o mesmo prazer e conforto? 
A cena final de Fahrenheit 451? 


[1] Página 58 do presente livro {POIRIER, Jean. História dos Costumes. Vol. 1, o reino humano, cap. III, o Homem e o Livro, p. 177} 
[2] Já abordado nos textos: Leer Mejor (de 01/07/2012) e Ler Melhor I e II (05 e 12 de agosto de 2012) 
[3] Idem acima. 
[4] História da leitura: do papiro ao papel digital. Marcos Antonio Simões. São Paulo, Terceira Margem, 2008.




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