30 de março de 2014

Eurico, o presbítero

Não lembro qual edição foi feita a leitura.
Mas era brochura de bolso.
Eurico, o presbítero
Alexandre Herculano (1810-1877). Ediouro. 202 páginas.

Sinopse / Ponderação:
Emocionante romance épico de cavalaria em que o personagem Eurico se vê forçado a escolher entre o amor a sua pátria e a fé em Deus. |...| Eurico, o Presbítero fala a respeito do fim do reino visigodo formado na região que atualmente compreende Espanha e Portugal, diante da conquista dos muçulmanos que -- partindo da África moura em 711 -- avançaram pela maior parte da Península Ibérica durante o século VIII. O enredo conta a história de amor entre Eurico e Hermengarda, separados pela guerra, costumes e distinções sociais e, mais tarde, pela fé e votos assumidos pelo herói: Eurico e seu amigo Teodomiro de Córduba lutam ao lado do rei da Espanha, Vitiza, contra os montanheses rebeldes e contra os francos, seus aliados. Depois de vencer o combate, Eurico vai viver em um vilarejo na área do ducado de Cantábria no qual encontra sua amada em uma igreja na missa e os dois tem um amor secreto, mas ele não sabe que ela era da realeza e inocentemente pede a Fávila, orgulhoso duque da Cantábria, a mão de sua filha, Hermengarda, porém este recusa o pedido ao saber que se trata de um homem de origens humildes. Eurico, então, se entrega à religiosidade, tornando-se o presbítero de Carteia, para se afastar das lembranças de Hermengarda, através das funções religiosas e da composição de poemas e hinos religiosos. No entanto, quando ele descobre que os árabes estão invadindo a Península Ibérica, liderados por Tárique e Abdulaziz, alerta seu amigo Teodomiro e se transforma no enigmático Cavaleiro Negro. De maneira heróica, Eurico, agora o Cavaleiro Negro, luta em defesa de sua terra e, devido a seu ímpeto, ganha a admiração dos visigodos e dos demais povos da península, agora seus aliados, e lhes dá forças para combater o invasor. Quando a vitória parece certa para os godos, Sisebuto e Ebas, filhos do imperador Vitiza, traem seu povo, a fim de ganhar o trono espanhol. Logo após, Roderico, rei dos visigodos, morre na Batalha de Guadalete e o povo passa a ser liderado por Teodomiro. Enquanto isso, os mouros invadem o Mosteiro da Virgem Dolorosa e raptam Hermengarda. O Cavaleiro Negro a salva quando o Amir, que desejava fazer de Hermengarda sua amante, estava prestes a profaná-la. Durante a fuga, Hermengarda é levada até as Astúrias, onde está seu irmão Pelágio, líder da resistência goda. Em segurança numa gruta de Covadonga, Hermengarda encontra Eurico e declara seu amor por ele. Contudo, Eurico não acredita que esse amor possa se concretizar (ordenado sacerdote, aceitara os votos da Igreja e o celibato), e revela a real identidade do Cavaleiro Negro. Ao saber disso, Hermengarda perde a razão e Eurico, ciente de suas obrigações, parte para um combate suicida contra os árabes e enfrenta os traidores bispo Opas de Híspalis e Juliano, conde de Ceuta (Septum). |...| Com a publicação de Eurico, o Presbítero, em 1844, Alexandre Herculano inaugura o romance histórico em Portugal. O desenho da personagem de Eurico obedece à personalidade austera, independente, solitária e profundamente religiosa de Alexandre Herculano, historiador e cidadão divorciado das intrigas políticas do constitucionalismo liberal. Eurico evidencia-se, assim, como o retrato ético e cívico do seu autor, batalhando individualmente pelo progresso da pátria, exilado como Eurico, íntegro como Eurico, generoso, oferecendo a vida no cerco liberal do Porto como Eurico, disfarçado de Cavaleiro Negro, a oferecia nas pelejas contra o invasor; devotado ao silêncio da decifração de documentos medievais, como Eurico na solidão dos claustros. Eurico combate pela liberdade de Espanha, sofrendo injustos desentendimentos com a família de Hermengarda; Alexandre Herculano luta pela liberdade de Portugal contra o absolutismo régio. Dificilmente se encontrará outro romance em Portugal onde a essência da vida do autor e a da vida da personagem principal, sendo diferentes e existindo em épocas históricas diferentes, se plasmem harmonicamente numa vigorosa unidade estética.
Sem maiores e mais comentários, leitura obrigatória. 



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