20 de junho de 2014

Bar Don Juan

Busquei a Imagem na Internet, realmente não
lembro-me da capa e da edição.
Bar Don Juan
Antônio Callado (1917-1997). Civilização Brasileira. 1974. 218 páginas.

Sinopse:
Marcado pela desilusão e pela amargura dos projetos de luta armada entre os setores da esquerda na classe média, o autor narra a vida de um grupo de amigos que se envolve no combate à ditadura em meio à discussões políticas na boemia carioca. Envolvidos na luta armada, mas nas relações amorosas, enredados em conflitos pessoais e políticos, os personagens são autênticos, revelando um quadro bastante rico sobre a resistência contra a ditadura militar brasileira. Com um sentido de crítica às experiências da luta armada, o livro se propõe a pensar quem eram, afinal, esses homens e mulheres que pegaram em armas para lutar pela democracia.

Ponderação:
O texto, a seguir, é o resultado de análise coletiva com mais ideias do mestre do que dos alunos. Naquele ano, de 1995, - Cursava o segundo ano de Letras-Espanhol/Português e não li a obra de Jorge Amado, citada abaixo e Quarup, - o que li foi muito a contra gosto, pois minha fase de aperfeiçoamento estava tumultuada por excessos de fora do mundo literário.

Bar Don Juan
Consiste em uma guerra de bar, isto é, o processo histórico fora interrompido... Havia a necessidade que se associava ao tédio, que era o de abrir um bar.
Entre o Leblon e as selvas da Bolívia, no romance de Callado, havia pelo menos uns dez botequins, um pequeno número de personagens desorientados, uma guerrilha de aparência sacrossanta e um problema sem solução: - o dia seguinte da esquerda festiva. Houve anos mais tarde esse dia. A clandestinidade da esquerda durante o /Estado Novo fez com que um de seus militantes, Jorge Amado, escrevesse o conto roto, porém serem pretensões épicas, em "Subterrâneos da Liberdade", os projetos esquerdistas da década de 1960 levaram "o doce radical" à essa história. O comunista de Jorge  Amado, escupido no granito do stalinismo, é um herói grego de caráter e coragem. Os guerrilheiros de Callado, desenhados pelo traço leve e irônico do seu próprio liberalismo político, são uma espécie de exército de Brancaleone alimentado pelos conflitos "nouvelle vague" do cinema.
Nesse "Bar Don Juan" há um clima permanente insanidade. As personagens se movem de uma forma tão desordenada que as situações vão parecendo normais, até que estão embrenhados na selva boliviana a um passo da morte, como se estivessem em Ipanema, porém.
Todos esperavam a revolução que um Messias haveria de impulsionar e todos acreditam que, se 'o comandante' Che Guevara resolveu fazer guerrilha na Bolívia, o sinal dos céus demonstra que a libertação do mundo haveria de ter começado, no século XX, na Bolívia.
A história, porém, acaba como fora noticiada nos jornais: o comandante, com as mãos decepadas, foi depositado sobre dois tanques de lavar roupas dentro de uma escola da cidadezinha de Higueras.
No "Bar Don Juan" sente-se falta de uma personagem como o padre Nando, de "Quarup", romance anterior e bem sucedido. As longas discussões intelectuais para guerrilheiros e exageradamente primárias para intelectuais. Como todas as discussões da esquerda festiva que Callado, impassível, nunca cortejou.
Contudo, o livro perdeu a oportunidade de ter servido como uma crônica dos usos e costumes dos revolucionários de beira de praia, pois as personagens de Callado conhecem demais as boas marcas de uísque para poderem se permitir combates fora dos bares que frequentam, lotam e lotaram na vida real.
Do ponto de vista literário, o "Bar Don Juan" está além das outras obras do autor, mas como uma tentativa de narração do caos da festa esquerdista, se não for um romance louvável, é e fora pelos menos, apenas uma boa advertência.




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