24 de dezembro de 2013

O Cortiço

O Cortiço
Aluísio Azevedo (1857-1913). Rio de Janeiro. Edições de Ouro. 1972. 277 páginas. 

Sinopse / Ponderação:
Obra lida com obrigatoriedade de leitura nas aulas de português. Lembro-me de pequenos detalhes, em conversas, sobre como Pombinha se torna mocinha. Mas, olhando, hoje, parece-me que nos ensinávamos literatura de maneira contraditória aos parâmetros da história por si só. O romance mantém uma admirável objetividade, aquele ímpeto de vida em que vibra o cortiço, a crescer e a expandir-se, a arder em incêndio e a renascer multiplicado das cinzas, o drama da gente que o habita, de cujo coração recebe o hausto e através de cujos pulmões respiram e se anima, é o entrechoque de raças, é o atrito do meio, é o conflito de temperamentos, é o tumultuar do instinto que o sol dos trópicos abrasa, é a explosão de apetites incoercíveis em que o animal sobrepuja o humano e em que vivem como em clima próprio. A lei do mais forte. Rita Baiana, Firmo ou Porfiro, a que sucumbem Jerônimo e Piedade, cujo sonho europeu de ordem e disciplina se evapora ao contágio do solo americano (Rio de Janeiro – Brasil) e a que nem mesmo escapa Pombinha, o anjo tutelar daquele esterquilínio. João Romão, certo de sua vontade, o qual serve-se dos instintos mas não os serve; ou talvez seja o próprio instinto a realizar-se em si mesmo, destruindo o que se lhe anteponha, como Bertoleza, de que se utiliza e que atira fora, quando chega o momento clímax. Em verdade, O Cortiço nos apresenta uma coletividade como personagem central, isto é: a sociedade, enquanto quadro social, é o primeiro plano de um possível estudo histórico de como era a vida no final do século XIX.




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