27 de dezembro de 2013

Camélia Branca

A Camélia Branca – 1882
Nelson Câmara. São Paulo. Lettera. 2010. 428 páginas.

Sinopse / Ponderação:
Os nomes de muitas das ruas de São Paulo guardam histórias jamais lidas ou estudadas. Também, quizá, seria e teria de passar às 24 horas do dia ao trabalho meticuloso da pesquisa na busca da informação. É para isso que temos amigos, com gosto diferenciado na leitura e com profissões diferentes da nossa, para nos apresentar outros segmentos da vida oculta na literatura.

“Lampião de gás. Lampião de gás.
Quanta saudade você me traz...”

Essas palavras são da velha música, gravada e interpretada por Inezita Barroso, “Lampião de gás”. Sim, o texto, de Nelson Câmara, faz referência a ele, das sombras que guardavam segredo, vigilância, temor, terror e amor. A luta pela liberdade de nossos irmãos do cativeiro trazidos à força do continente africano.
Tendo como pano de fundo a história de amor entre Ana e Manelão, prometidos um ao outro, ainda crianças, na senzala da Fazenda Boa Esperança (contradição com os aspectos de cativeiro), em Campinas. Eles são separados por ação libertadora dos Caifaizes. Tiveram a oportunidade de aprenderem a ler e a escrever, graças aos seus protetores. Juntando-se a eles, Francisca e Theodoro; Eugenia e Tobias; Sarah e David.
Um ponto importante a considerar – o respeito e o não alimentar expectativas de um relacionamento entre Manelão e Jacinta; Ana e Theodoro. Respeito em não trai a confiança depositada no amor que ambos sentiam e que Jacinta e Theodoro entenderam plenamente, não impondo presença.
A Camélia Branca trata da questão da escravidão e sua abolição (campanha bem alicerçada). São Paulo, Santos e Rio de Janeiro constituem o palco das ações, trafegando por elas nomes ilustres, tais como: Rui Barbosa, Raul Pompéia, Bernardino de Campos, Benedito Calixto, Theodoro Sampaio, Antonio Bento de Souza e Castro - Personagem principal da luta e da presente narrativa. - A criação do Quilombo de Vila Isabel (atual bairro de Vila Isabel, Rio de Janeiro). O embrião da cidade de Cubatão.
O enterro de Luiz Gama mostra-nos a importância da luta ora legal seguida por Antonio Bento ora ilegal. Esquecemos a visão romântica da história oficial que estudamos nos cursos de primeiro e segundo grau. Esquecemos de “Sinhá Moça ou Escrava Isaura”. Câmara apresenta-nos o outro lado da luta; de certa forma a covardia de D. Pedro II sempre em viagem, quando era pressionado a tomar uma atitude em relação à escravidão através de políticos favoráveis a ela ou pela Imprensa. E a presença marcante dos alunos da Academia de Direito do Largo de São Francisco e da Maçonaria.
Será que a história fez justiça àqueles bravos lutadores pela liberdade de nossos irmãos afro e afro descendentes?



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