10 de dezembro de 2013

Floradas na Serra

Floradas na Serra
Dinah Silveira de Queiroz (1910-1982). São Paulo. Círculo do Livro. 170 páginas. Literatura Brasileira Contemporânea, vol. 17.

Sinopse / Ponderação:
Floradas na Serra, lançado em 1939, tem como pano de fundo a tuberculose e seu tratamento, numa época em que a doença ameaçava a saúde pública e mobilizava a sociedade brasileira em função dos altos índices de mortalidade igual ao câncer, atualmente. E originou versões para o cinema e para a televisão.
A narrativa conta como a estadia de Elza, uma jovem, em idade de casar-se, que escondida de seu noivo e com apoio de sua família, viaja e permanece durante longa temporada em Campos do Jordão com o objetivo de tratar sua doença, de nome nunca pronunciado.
O livro explora a relação de Elza com as pessoas com que conviveu, principalmente, Lucília, que podemos considerar como segunda personagem principal. Com Letícia e Belinha, Dr. Celso, Turquinha, Flávio e o misterioso Bruno. Essas relações são coloridas de acordo com o estado de sua saúde, mostrando desde a solidão e despeito que sentiu quando chegou em Campos e se deparou com doentes em muito melhor estado do que ela, bem como o que sentiu quando provocou esses mesmos sentimentos em outras pessoas.
Narrativa preciosa quando descreve os vários destinos daqueles milhares de pessoas que corriam para aquela região na busca de salvarem suas vidas. Aqueles que possuíam recursos ficavam em pousadas exclusivas para o tratamento, com todo o conforto, outros tinham que ficar nos sanatórios, dividindo enfermarias e outros, ainda, que só podiam dispor da solidariedade, dividiam a condição de miséria dos nativos mais pobres, que em troca de qualquer contribuição financeira expunham a saúde de toda a família ao receber tais hospedes. Todos buscavam salvar a própria vida.
É interessante notar a contraposição que a autora faz entre o deslumbre da paisagem natural e a condição de miséria, solidão e desespero que tais personagens chegavam.
Vale notar, a figura de Dr. Celso, dedicado médico e o livro deveria ser instituído como leitura obrigatória no primeiro ano de Medicina de todas as Universidades e Faculdades para que o futuro profissional da área tenha conhecimento de problemas de saúde pública não se restringe somente nas grandes cidades e há necessidade de abrir mão da tecnologia e conforto para o bom exercício profissional da medicina. 

Todos os acontecimentos da nossa vida se produzem sob o império de uma absoluta necessidade. O que tiver de acontecer, acontecerá, inelutavelmente.” página 79



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