24 de agosto de 2014

O Dia em que Getúlio Matou Allende

O Dia em que Getúlio Matou Allende e outras novelas do Poder
Flávio Tavares. Rio de Janeiro. Record. 2004. 333 páginas.

Sinopse:
Um encontro casual do jovem estudante Flávio com Salvador Allende, na China em 1954, logo após o suicídio de Getúlio Vargas, é um dos casos de O dia em que Getúlio matou Allende . Nele, a História recente do poder é contada na sua realidade crua e irônica, na forma de novelas do dia-a-dia, sem a solene fantasia da política. A face oculta da vida pública aparece com suas intimidades, falcatruas, dramas ou alegrias e a relação homem-mulher (escondida pelos biombos do poder) surge como parte da política. Flávio Tavares conta as profundezas do que viveu, viu e ouviu como jornalista político, nos centros do poder, durante os anos 50 e 60, e os personagens surgem nus, com a alma e as entranhas à vista. As histórias íntimas de Getúlio marcam o itinerário do suicídio. 

Ponderação:
Quando a minissérie "Agosto" foi ar, baseado na obra homônima de Rubens Fonseca, assisti e li mais pelo mérito ficcional da obra, sem o aprofundamento histórico de fundo. O marcante é a cena do avião decolando rumo a São Borja, Rio Grande do Sul, levando o que restou do sonho, poder e esperança.
Pelos relatos ouvidos, pelos meus familiares, que tinham acesso ao rádio da época: - Lacerda foi o grande culpado. E de uma coisa tenho certeza, caso Getúlio agisse do contrário, talvez não estivesse, hoje, escrevendo essas linhas, porque naquele 24/08, papai, que estava servindo o Exército, se encontrava de prontidão, na Via Dutra, junto ao seu Regimento, para uma guerra, que felizmente não ocorreu. E papai tornou-se um herói anônimo.
Lendo O Dia em que Getúlio Matou Allende, precisamente o Capítulo II - Getúlio: Rio, Mar e Lama - percebe-se o jogo sujo de Lacerda e dos principais órgãos de Imprensa da época - (e, ainda há) - vale bem a máxima - "A culpa é da imprensa". Uma pergunta: Por quê Lacerda não entregou sua arma pessoal? Que verdade ele escondeu? 
Caso Getúlio, agosto de 1954 - Será que Lacerda viveu com a consciência em paz, após o ocorrido? Sete anos mais tarde, agora, em 1961, Lacerda, novamente, ataca. Com ou sem razão? Desta vez não houve sangue e uma carta.
Bem, dizer: a primeira parte é dedicada ao Getúlio e aos 3 Js e um L, seguindo o ensinamento político do primeiro. No Capítulo V - Jânio: O Crime da Mala - ri, pois o relato de Tavares trouxe-me a recordação de comentários e histórias deste político desde a vereança em São Paulo até a eleição pela segunda vez, como Prefeito de São Paulo. Do famoso sanduíche de mortadela, que ele carregava no bolso do casaco (segundo vovô, o bolso estava seboso), fazendo comício nas portas das fábricas. Ou dos comentários feito em aula pelo professor, Erasmo, assessor de Jânio, quando governador  de São Paulo, mencionando suas manias e confirmando sobre o fator laranja, para verificar a largura da boca calça. A polícia tinha ordem de rasgar a calça do momento que a fruta parasse. Agora, tudo é lenda, a maior parte dos que viveram aqueles anos 'vivamente', já estão lá com ele em outra morada.
A segunda parte é dedicada à America Latina, período em que o autor trabalhou como jornalista, mas na condição de exilado. Muito do relatado consiste em vivências ouvidas em forma de lenda.



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