28 de agosto de 2014

A Menina que Roubava Livros

A Menina que Roubava Livros
The Book Thief. Markus Zusak. Trad. Vera Ribeiro. Rio de Janeiro. Intrínseca. 2010. 480 páginas. Com ilustrações de Trudy White.

Sinopse:
A trajetória de Liesel Meminger é contada por uma narradora mórbida, surpreendentemente simpática. Ao perceber que a pequena ladra de livros lhe escapa, a Morte afeiçoa-se à menina e rastreia suas pegadas de 1939 a 1943. Traços de uma sobrevivente: a mãe comunista, perseguida pelo nazismo, envia Liesel e o irmão para o subúrbio pobre de uma cidade alemã, onde um casal se dispõe a adotá-los por dinheiro. O garoto morre no trajeto e é enterrado por um coveiro que deixa cair um livro na neve. É o primeiro de uma série que a menina vai surrupiar ao longo dos anos. O único vínculo com a família é esta obra, que ela ainda não sabe ler.
Assombrada por pesadelos, ela compensa o medo e a solidão das noites com a conivência do pai adotivo, um pintor de parede bonachão que lhe dá lições de leitura. Alfabetizada sob vistas grossas da madrasta, Liesel canaliza urgências para a literatura. Em tempos de livros incendiados, ela os furta, ou os lê na biblioteca do prefeito da cidade.
A vida ao redor é a pseudo-realidade criada em torno do culto a Hitler na Segunda Guerra. Ela assiste à eufórica celebração do aniversário do Führer pela vizinhança. Teme a dona da loja da esquina, colaboradora do Terceiro Reich. Faz amizade com um garoto obrigado a integrar a Juventude Hitlerista. E ajuda o pai a esconder no porão um judeu que escreve livros artesanais para contar a sua parte naquela História. A Morte, perplexa diante da violência humana, dá um tom leve e divertido à narrativa deste duro confronto entre a infância perdida e a crueldade do mundo adulto.

Ponderação:
Minha idade permite alguma lembrança das histórias e o medo da eclosão de uma guerra. Somente quem viveu dentro de uma sabe o que realmente significa. Enquanto lia A Menina que Roubava Livros pude visualizar os horrores relatados, pessoalmente, por pessoas conhecidas ou através dos artigos, livros de colegas jornalistas e de historiadores. No Brasil, no período do governo de Getúlio Vargas, quem era ariano, tinha pavor da possibilidade de deportação. Envolvida na história de Liesel Meminger e Hans Hubermann, foi-me possível perceber que a população mais humilde e até, alguns oficiais, não era tão a favor do Hitler, que soube manipular muito bem as palavras e despejar seu ódio (pessoal) contra a humanidade. Mas, foram essas mesmas palavras, na boca de Hans, Rosa, Ruby, Ilsa, semearam esperança e fé a Liesel. O autor foi bem feliz, relatando o lado simples e humano, amoroso no meio da destruição total de um país. E haja palavras para mais histórias semelhantes a essa.

Curiosidade:
"Na Island Books, a Srª Cumberbatch, de 82 anos, deseja a devolução da quantia paga por A Menina que Roubava livros. Ela não gostou da história, por ser narrada pela Morte". [página 39-40 - in "A vida do Livreiro A.J. Fikry, The storied lif of A.J. Fikry. - de Gabrielle Zevin]



Nenhum comentário:

Postar um comentário