29 de julho de 2014

Brás, Bexiga e Barra Funda

Brás, Bexiga e Barra Funda
Antônio de Alcântara Machado (1901-1935). São Paulo. Klick Editora. 1999. 165 páginas.

Sinopse / Ponderação:
Os Três B, poderia ter sido o título desse romance, comentando os três bairros paulistanos famosos por sua tradição italiana. Atualmente, há pouquíssima lembrança visual do que fora no inicio do século XX, quando da vinda de legiões de imigrantes, aqui, os da Itália. Quando li, estava fazendo um trabalho referente a Barra Funda (post de 15/09/2013), Muito do que foi o começo da industrialização de São Paulo e do país, já não existia.
Mas, voltando a obra, o que nos interessa, menciona alguns estudiosos da literatura e tem a minha anuência, diz que com ela surgiu um novo personagem na nossa literatura naqueles anos turbulentos e já com temática modernista, o personagem urbano, o ítalo-brasileiro, não aquele da Avenida Paulista, mas descreve os pobres, nos bairros operários. O que interessa é a existência do filho do imigrante em toda a sua violenta integração social, sem nenhum polimento, muito menos estragado pelo dinheiro, o filho do carcamano no duro, o intalianinho, como saborosamente deturpado passou a ser designado pelo povo o novo mamaluco. Assim, os personagens são gente do proletariado e do pequeno comércio, podendo-se dizer, em resumo, a massa da torcida do Palestra Italia Futebol Clube, o Palmeiras de hoje. Gaetaninho é filho de operário, mora no Brás. Carmela, costureirinha. Nicolino Fior d'Amore, barbeiro. Rocco, jogador de futebol. Já Natale Pienotto, proprietário do Armazém Progresso de São Paulo, passou para a Barra Funda - começo da ascensão - e sonha com a Avenida Paulista - meta final, uma Paulista totalmente residencial e imaginável neste século XXI. Nos flagrantes que fixou da vida do operariado e da pequena burguesia paulistanos, o Autor tornar-se-ia o grande intérprete do fenômeno ítalo-brasileiro em São Paulo, embora não tenha sido o único interprete.



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