20 de abril de 2014

Nota Falsa

Nota Falsa.
Leon Tolstoy (1828-1910). Trad. Tatyana Zabanova. Curitiba. Arte e Letra. 2010. 128 páginas.

Sinopse / Ponderação:
Não sou fã da literatura russa, além do mais, o pouco que já li e/ou do que assisti em termo de adaptações a respeito da Rússia (URSS[1]) deixou-me, tremendamente, antagonizada com seus princípios e crenças. Daquele país, só a música de Tchaikovsky me agrada. Há uns trinta anos, mais ou menos, li Crime e Castigo de Dostoiévski, uma edição de bolso, versão adaptada ao português pela Ediouro.
Mas, Nota Falsa de Tolstoy chamou meu senso de curiosidade primitiva a sua leitura após o comentário de Nina Sankovith[2] e da fala da personagem, do livro, Maria Semiónavna ao seu assassino – ”Grande pecado. Como pode. Tenha dó de você mesmo. Arruinar as almas dos outros, e mais ainda arruinar a sua... Oh!”
Maria; Afímia; Alfaiate Coxo; Mitia; Isidor; Filip; Fiodor; Ivan; Guerassim; Mikháilovitch; María Vassilievna; Tchúiev; Kátia; Krasnopúzov; Livientsov; Liza; Czar e sua mãe; Makhin; Matriona e seu marido; Makhorkin; Malânia; Missal; Natália; Pchka; Piótr; Piotr[3]; Prochka; Sofia; Stepan; Tiúrin e Vassili estão ligados entre si, direta ou indiretamente, através de uma pequena atitude desesperadora e impensada, motivada pela ganância de ser algo sem ter condições de ser.
Ao falsificar uma nota, Mitia não previu o encadeamento de situações desastrosas futuras a partir de sua ação. O comerciante, quem primeiro recebeu, passa adiante com objetivo de livrar-se do prejuízo e, o segundo, passa adiante. A partir deste ponto, uma a uma as conseqüências da fraude/falsificação e da injustiça se prolongam conectando vidas sem ligação alguma numa sucessão de ambição, traição, desilusão, ódio, chegando ao assassinato.
Através da leitura do Evangelho e da frase da última vítima, Stepan reconheceu seus atos errôneos e vai espalhando a rendição e bondade a sua volta. Encontra Mitia, esse por sua vez, ao ouvir a história de vida de Stepan, repensa sua vida e resolve viver de maneira simples.
A fala de Maria Semiónavna poder-se-a interpretar: - “Destrói a todos e tudo. Sugando a alma de todos e destruindo a si próprio” – Destrói o amor e a confiança. E há pessoas que estão neste parâmetro e quanto mais o tempo passa, cada vez mais vai destruindo e destruindo, sugando e destruindo sem preocupar-se. Destrói até a possibilidade de render a si próprio na reparação dos seus próprio erros.


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[1] URSS – União das Repúblicas Socialista Soviética. 
[2] Nina Sankovith.‘O ano da leitura mágica!’ (Tolstoy and the purple chair. My year of magical reading) 
[3] Piótr e Piotr são dois personagens, o que muda e a grafia parcial do nome.



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