13 de abril de 2014

As Sandálias do Pescador

As Sandálias do Pescador
The Shoes of the Fisherman. Morris West (1916-1999). Trad. Fernando de Castro Ferro. São Paulo. Abril Cultural. 1975. 395 páginas. <Coleção Clássicos Modernos, vol. 27.>

Sinopse:
As sandálias do pescador foi escrito no limiar dos anos 60, no auge da Guerra Fria entre Estados Unidos e União Soviética. Considerado "profético" por alguns, pois sua trama antecipa em cerca de 20 anos (1963) a eleição de um Papa vindo de um país comunista do leste europeu, que assume o Vaticano praticamente no mesmo ano que seu torturador chega ao poder na URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviética). Entre ambos se estabelece um diálogo de grande transcendência sobre a convivência pacífica dos povos. Os perigos de um conflito atômico, o debate entre ciência e religião, amor e pecado são temas que se entrelaçam neste livro. É como se West, ao escrever As sandálias do pescador, idealizasse uma possibilidade de paz num momento politicamente tão difícil.

Ponderação:
Aí está! Colocar-me na ocasião do lançamento do livro - Não deu certo! Buscar referências com o ocorrido em 1978 e 2005. - Não deu certo! Ouvi, quando adolescente, comentários sobre um filme com o título do livro, sem associações com o texto de West. Hoje, vejo alguma ligação.
Verdade seja dita, o livro fora escrito em uma época, quando só haviam três poderes ideológicos práticos: O Capitalismo (Democracia); Comunismo (Socialismo/regime super fechado) e Vaticano. O último mantém seu poder, não oficial, constante, baseado na fé e na crença de Deus. A sua administração perdeu-se no caminho, pela inércia, mas mantêm-se em Pé.
O Comunismo caiu! Cuba, China e Coréia resistem. O materialismo e a promessa de fartura foi-se para o ralo, porque alguns se achavam no direito de só mandar e serem obedecidos sem reservas por todos. O Capitalismo venceu, embora seja, ainda, injusto, mas trouxe progresso.
Dai sobressai o poder - um paradoxo - com sistemas impostos e incontestáveis ao pensamento e o agir do homem.
O Papa Kiril, George Faber e Corrado Calitri são exemplos simples e complexos do paradoxo do poder que cada um possui ou pensa exercer. Bem exemplificado nas palavras de Kiril à Calitri: - "De uma ou outra forma, todos nós temos de nos adaptar a nós mesmos e ao mundo, tal como é. Eu nunca acreditei porém, que para o fazer tenhamos de destruir a nós próprios... ou, o que é mais importante, de destruir aos outros."
Retirando a interpretação política do texto, há a questão da unidade da crença única da Fé e do relacionamento dos crentes com a identificação com Deus. Duelo fascinante é o discurso de Jean Télemond, invocando os primeiros capítulos de Gênese versus a Teoria de Darwin e a constante mutação da consciência e da fé. Somos, real, insignificantes ao menor grão de areia.
Esse texto deveria ser leitura obrigatória aos postulantes à vida religiosa (carreira religiosa), para o conhecimento do que significa render-se a comunhão da alma e fé no tratamento do rebanho de Deus. Quando o autor diz Igreja, não está só referindo a Igreja Católica, mas a todas as Igrejas. Sim, o homem tornou-se uma matéria diabólica e corrupta, e carne igualmente diabólica e corrupta, porque se considera mais e melhor que Deus. 



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