28 de julho de 2015

Sertão do Boi Santo


Sertão do Boi Santo
Paulo Dantas (1922-2007). São Paulo. Clube do Livro. 1968. 143 páginas.

Sinopse/ Ponderação:
Em verdade, são duas histórias e, de certa forma, a reinvenção do folclore nordestino. O chamado beato Zebedeu seria o antecessor dos chamados 'profetas mediáticos' do final do século XX e início do XXI? Possui a mesmíssima fala de enrolação dos pobres ignorantes em busca de solução  para os seus próprios males. Mas Paulo Dantas nos mostra  uma literatura, de quadros humanos, onde a amargura se  entrelaça com o riso, o antigo com o moderno, o particular com o nacional, a inocência com a malícia,  o vernáculo com o regionalista, e acima de tudo, onde o colorido do chão se confunde, às vezes, com o cintilar do firmamento, nos planos celestes do sertão sofrido e milagroso. Esse mesmo sertão que continua sofrido e não tão milagroso, pois os milagres só ocorrem, quando há rios de dinheiro e não de água e vontade do trabalho.
" - Eu vi a sua face e os seus cascos sujos de sangue e eu não posso ver sangue, por isso que chorei - disse-me o homem pardo do sertão, conhecido como o vaqueiro Piauí, todo esmolambado e coberto de flores e amuletos, todo cheio de gestos e espantos, falando sempre como um grande culpado, porque o sertão também tem os seus grandes culpados:
 - O boi se conhece pelo chifre e todo homem tem direito de adorar um boi, tornando-o santo.
Mas seria um enredo, necessário adaptá-lo para roteiro cinematográfico ou novela de televisão, as cenas são bem descritas. 
A segunda parte apresenta a visão não oficial do que foi a Guerra de Canudos, com a menção ao escritor e jornalista, Euclides da Cunha. Uma certeza, eu tive, se tivesse lido esse volume antes de 1995, com mero merecimento, teria conseguido ler "A Guerra do Fim do Mundo" de Vargas Llosa, narrando a saga de Antonio Conselheiro. Onde nenhum lado saiu vencedor.




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