23 de junho de 2019

Deserto

Deserto
Luis S. Krausz. São Paulo. Benvirá. 2013. Formato digital.

Sinopse:
Na década de 1970, um grupo de adolescentes brasileiros vai a Israel para ajudar na colheita de frutas cítricas e aprender a história do país. Eles dispõem de alguns dias de folga, mas estão proibidos de viajar à Europa, onde um judeu ingênuo poderia ceder às tentações burguesas e se desviar do caminho do sionismo. Um deles transgride a interdição e viaja a Londres. Com esse enredo Luis Krausz tece a fascinante história de famílias de judeus russos e do Império Austro-Húngaro, dispersas após a Primeira Guerra e início do nazismo. Nas suas andanças, o jovem parece reatar os laços entre parentes de Israel, Inglaterra e Brasil. Mas ele sabe que o tempo, a distância e o esquecimento desfizeram esses laços para sempre. O fascínio do narrador pela cultura austríaco-alemã não o impede de referir o Holocausto, num contraponto sombrio às suas exaltações da Europa Central. Não é possível esquecer que os homens dessa Europa admirável, que produziram a filosofia e a arte mais sublime também enlouqueceram e retornaram à barbárie, levando o mundo à destruição e ao horror. Lemos Deserto desejando que o livro não termine.

Ponderação:
A memória coletiva acaba fornecendo elementos sólidos para a identidade de um cidadão e, até, um povo. No caso, a comunidade judaica conhece e pratica a lembrança do passado por maneira oral e, muitas das vezes, a literária, permitindo um elo de fidelidade cultural. Infelizmente, a partir de uma segunda geração, daqueles que foram desposados do caminho com os acontecimentos pós as duas Grandes Guerras e as Revoluções Ideológicas ocorridas na primeira metade do século XX, estão perdendo suas raízes. Essa segunda geração e as posteriores foram obrigadas a esconder suas origens, consequentemente, quando tiveram oportunidades de aprender algo sobre os antepassados, já era e é tarde. Por motivos alheios foi impedido o conceito gradual de tradição cultural de cada família dentro de comunidade ao longo do tempo. Não é só a judaica que sofre as consequências, mas outras etnias, também, sofrem...



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