25 de janeiro de 2018

Limonov

Limonov
Limonov. Emmanuel Carrère. Trad. André Telles. Rio de Janeiro. Alfaguara/Tag. 2017. 380 páginas.

Sinopse:
Fenômeno de vendas na França e vencedor de prêmios importantes, Limonov, conta na forma de um romance eletrizante, uma história real: a vida de uma figura polêmica cuja trajetória - de poeta russo a revolucionário, de celebridade a presidiário - acompanha a própria história da Europa no século XX. De forma inovadora, Emmanuel Carrère parte de fatos reais - a vida de Eduard Limonov, delinquente, escritor, mendigo, mordomo, político radical russo - para construir uma história de não ficção com as bases clássicas do romance, em que acompanhamos a vida e as peripécias de um personagem marcante, passando por uma série de quedas e apogeus.
Para colher informações realistas sobre o personagem, o escritor teve encontros diários durante duas semanas com Limonov. “Limonov não é um personagem de ficção. Ele existe. Eu o conheço. Ele foi delinquente na Ucrânia, ídolo do underground soviético; mendigo, depois mordomo de um bilionário em Manhattan; escritor da moda em Paris; soldado perdido nas guerras dos Bálcãs; e agora, no imenso caos do pós-comunismo na Rússia, velho chefe carismático de um partido de jovens desesperados. Ele mesmo se vê como herói, podemos considerá-lo um tratante: suspendo neste ponto meu julgamento. É uma vida perigosa, ambígua: um verdadeiro romance de aventuras. É também, creio eu, uma vida que conta alguma coisa. Não apenas sobre ele, Limonov, não apenas sobre a Rússia, mas sobre a história de nós todos desde o fim da Segunda Guerra Mundial”, revela o autor.

Ponderação:
Quando o personagem provém do mundo real, neste caso, ele ainda vive sua vida de pequeno burguês. Pergunto-me, como 'Julien Sorel' de O Vermelho e o Negro de Stendhal pode ser tão indigno intimamente como é Limonov para aqueles que lhe ajudam?! Ou Limonov e Carrère se apoderaram da essência de Julien. 
Bom! Há livros que precisam ser lidos com calma. Esse é um! É difícil definir sua categoria literária. Digamos, assim: biográfico-histórico. Por contar a história quase simultânea do autor e personagem real, Limonov. Diria em termos jornalísticos de tratar-se de um perfil. Na verdade prefiro Julien a Limonov, quem não atraiu minha atenção.
Atentei para a narrativa do autor, jornalista, e seu 'espírito sutil' com referência aos fatos históricos que levaram à derrocada da URSS como o desmoronamento do comunismo/socialismo. Seus argumentos vão de encontro a diversas leituras críticas sobre o assunto. Li muito sobre isso na época dos fatos, hoje, históricos. A  economia de guerra, desdobramento dos poderes políticos e militares. O empobrecimento da população (que já vivia na pobreza). A ilusão na busca de um salvador. A Rússia atual.
Ao término, possamos perguntar em que valeu a vida desse insosso personagem. E mergulhar naquela observação dita pelo professor de História: "- Se, realmente, tivéssemos conhecimento da História, ela não se repetiria. Infelizmente, ela se repete, cada vez com maior amplitude." É para isso que há historiadores e jornalistas com espíritos sutis.





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