21 de setembro de 2016

Paddy Clarke



Paddy Clarke Ha Ha Ha

Paddy Clarke Ha Ha Ha. Roddy Doyle. Trad. Lídia Cavalcante-Butler. São Paulo. Estação Liberdade. 2016. 2ª ed. 2016. 288 páginas.

Sinopse:
Paddy Clarke Ha Ha Ha é uma memorável história de meninos. Uma viagem ao final da década de sessenta que deixará qualquer leitor nostálgico de uma época em que era possível (e necessário) para todo menino de 10 anos torcer por árabes ou israelenses, se perguntar por que os ianques implicavam tanto com os "gorilas" do Vietnã, num dos trechos mais hilários do livro, e obviamente tomar partido pelos "gorilas" contra os aviões e tanques, encenar jogos de guerra —às vezes levados a sério — ou de índios em quintais de escola ou em canteiros símbolos do crescimento urbano ladrão de campos de aventura, inventar Grande Prêmios através de jardins, garagens e cercas vivas, roubar revistas de futebol (alguns milhões de anos no purgatório) em lojinhas de velhas detestadas. Tudo isso e mais as rivalidades na escola e o professor sádico-paternalista, as leituras escondidas sob as cobertas, a febre pelo futebol e pelo ídolo George Best, o suplício do rato na privada da casa, as brincadeiras com o coitado do irmão que vivia engolindo sapos e lagartos - e até labaredas, enquanto as irmãzinhas eram tão inúteis que nem chamavam a atenção de nosso aprendiz de macho, que por outro lado se contorcia de medo, assim como toda a classe, em pânico coletivo na fila conduzindo à jovem enfermeira que os examinaria (passagem inesquecível).

Ponderação:
Paddy Clarke Ha Ha Ha é uma fábula urbana, infantil, visto com os olhos de menino. De qualquer recanto. Autor e personagem possuem a minha idade, isso me foi incrível. 1968 foi um ano emblemático, em todo o mundo, alguns lugares houve menos truculência que em outros. 1968 foi o ano do começo da perda da pureza, da inocência de crianças e adultos. Sim, há violência, mas é uma que se resolve através da conversa. Há uma certa inocência na violência, ela só vale no exato momento da ação, depois, esquece-se. A descoberta do mundo e o valor familiar em confronto.
"As vezes havia minhocas saindo dos nacos de terra e relva.", com essa frase, lembrei-me de que adorava pegar minhocas, quando meu avô ou meu pai mexiam na terra de nosso quintal. Eu adorava colocar na palma de minha mão e ir mostrar para minha avó, que tinha horror de minhoca. Paddy não existe mais, não há mais espaço para sermos crianças como antes.




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