Julia Dantas. São Paulo. Dba Editora. 2023. 263 páginas.
Sinopse:
Murilo acaba de se mudar para um apartamento no qual a antiga moradora, Francesca, deixou uma tartaruga. Seguindo ordens recebidas por e-mail, tenta entregar o animal por meia Porto Alegre. A peregrinação parece inocente, mas a escritora Julia Dantas sabe que não há nada mais radical e transformador do que o encontro entre pessoas, quando minimamente desarmadas.
Ponderação:
O bom do livro encontra-se na agilidade da leitura, onde o capítulo mais curto é um paragrafo e o mais longo não passa de cinco páginas. As peregrinações de Murilo poderiam ser evitadas, se ele ao encontrar a tartaruga de nome Rodolfo, a levasse ao Centro de Zoonose da cidade. Assim, Murilo, um ser conformista com a vida que leva, não ficaria tão incomodado com as atitudes alheias. Ao menos, ele aprendeu a não ir atrás de portas fechadas. Mesmo assim, a estória reflete o que somos através do afeto, traumas e nossa identidade.
Esse trecho/diálogo é um bonito significado sobre saudade. E o melhor no livro.
[...]
- A alegria, que cor tem?
Ela abre os olhos, acordada pela pergunta. Fica séria.
- Verde. A alegria é verde.
- E a felicidade?
- Azul.
- Tristeza?
- É branca.
- O medo?
- Um cinza sem fim.
- E a saudade?
Francesca sorri de novo.
- A saudade é quente. A saudade abraça, acarinha, sussurra, canta baixinho e nos coloca pra dormir.
- Como o amor?
- Saudade é um dos nomes do amor.
- Tu acha que o amor tem muitos nomes?
- Alguns. O meu preferido é atenção.
[...]