As dez mil portas
The ten thousand doors of January. Alix E. Harrow. Trad. Jacqueline Valpassos. São Paulo. Universo de Livros. 2020. 384 páginas.
Sinopse:
Hipnotizante e comovente, As dez mil portas acompanha a busca de uma jovem por seu pai desaparecido, seu lugar no mundo e o mistério por trás de uma porta inesperada.
Existem verdades sobre o mundo que nunca devem ser reveladas. No verão de 1901, January Scaller, de sete anos, encontrou uma Porta – o tipo de porta que leva ao Mundo das Fadas, ao Valhalla, à Atlântida, a todos os lugares nunca encontrados em um mapa.
Anos depois desse acontecimento, January leva uma vida tranquila e solitária, até que, certo dia, se depara com um estranho livro, que traz o perfume de outros mundos em suas páginas e conta uma história de portas secretas, amor, aventura e perigo. Um livro que poderia levá-la de volta à porta meio esquecida de sua infância. Mas, à medida que January obtém respostas para perguntas que nunca tinha imaginado, as sombras se aproximam.
Ponderação:
Portas e Fechaduras são símbolos da liberdade e de confinamento. Estamos passando por um período crítico de Portas e Fechaduras fechadas. Mas o que há por trás de cada Porta com sua Fechadura fechada?
- Há inúmeras vidas com mundos diferentes e seres apáticos, loucos, normais, organizados, desorganizados, apaixonados, desapaixonados, amantes, amados, desamados! No mais infinito dos adjetivos pelos quais poder-se-a definir o ser humano.
Porém, há uma Porta e sua Fechadura, sendo única a produzir a Liberdade da Liberdade! A que conduz a estrada do conhecimento; da imaginação; da descoberta. Essa Porta é denominada História transformada em Livro, que produz o produto Leitura, nos levando ao céu e ao inferno em questão de segundos.
O presente livro tem uma capa linda, fundo negro com uma fechadura com relevo dourado e um tom amarelo-alaranjado (do buraco) e flores nas diversas cores. Ela chamou a atenção de mamãe, ela disse: - "Já imaginou um tecido estampado com essas flores?" Observando melhor, no meio das flores há pequenas chaves.
Porta! Fechadura! Chave! Um mundo a ser desvendado! Esse livro, que estou folheando, não será doado. Já no decorrer da leitura, a certeza de que não será doado mesmo.
A estrutura narrativa se assemelha aos quatros volumes da saga de "Cemitério dos Livros Esquecidos" de Carlos Ruiz Zafón, com um teor um pouco mais filosófico. Uma história dentro da outra. A mística do lendário Mississipi, permite-nos alçar voos através das ondas invisíveis da mente humana. Ultrapassar portas.
January, Adelaíde e Jane possuem muita semelhança, enfrentam a rígidez de seu tempo, preconceito por serem órfãs, anseiam pela liberdade. Apesar do alto nível de preconceito traduzido nas atitudes violentas de várias personagens; devemos considerar no espaço temporal, atitudes aceitáveis ao nível social rico, onde quem mais possui é o detentor do poder..
Porta fechada produz medo e isso não é bom. Porta aberta leva-nos ao encontro da liberdade. Ela nos conduz ao êxtase do amor, provoca mudanças profundas no nosso universo e no universo em geral. O capítulo doze é o clímax e sua narrativa lembra "Como parar o Tempo" de Matt Haig.